O mundo cresceu. O mundo se
conectou. O mundo se encheu de pessoas. Agora, somos milhares e milhares que
conseguem se comunicar em tempo instantâneo. As notícias se espalham em
segundos, os fatos alcançam um monte de gente, é tudo muito rápido e volumoso. Nem
dá tempo de digerir tudo isso direito, porque tempo é o que menos temos nessa
vida.
A tecnologia aumenta as
possibilidades de conforto, mas continuamos desconfortáveis. As formas de nos
comunicarmos uns com os outros são inúmeras, mas continuamos desconectados
afetivamente. Existem variados eletrodomésticos, que nos poupam serviços, mas
continuamos cansados. As informações estão cada vez mais acessíveis a todos,
mas continuamos desinformados. É tanta coisa nova, que não conseguimos dar
conta do mínimo.
O mundo está violento,
perigoso, e a maldade toma conta dos noticiários. A competitividade permeia
todos os setores da vida, desde o mercado de trabalho, até os relacionamentos
cotidianos. As obrigações se avolumam e vamos, feito robôs, levando os dias adiante.
Robotizamos nossas atividades, robotizamos nossas obrigações e o cumprimento
das tarefas. Robotizam-se ações, pensamentos e sentimentos. A dureza lá de fora
então se instala aqui dentro de nós.
E a gente adoece. A gente
adoece por fora, por dentro, adoece os outros, adoecem os ambientes, os
pensamentos, os sentimentos, os relacionamentos. Não conseguimos suportar tanta
pressão, tanta notícia ruim, tanta falta de contato humano, de olhos nos olhos.
Sentimos falta de ócio. A gente se prende às ostentações virtuais, almejando
consumir e comprar e obter conquistas materiais. E a gente se esquece de
consumir amor e de conquistar pessoas. Erro fatal.
Não podemos nos esquecer de
que serão os sentimentos e os afetos verdadeiros que nos confortarão quando a
vida der errado, quando a noite se prolongar e a dor chegar. O que nos salva é
o que temos dentro de nós, todo o amor que juntamos e espalhamos por aí, junto
a quem nos ama com verdade. É assim que mantemos nossa saúde mental, nosso
equilíbrio, nossa lucidez, nesse mundo doido que nos rodeia. Isso, sim, é
ostentação que se preze.
* O título deste artigo
baseia-se em citação de “soucaos”
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