Uma moradora de Missianópolis, distrito de Moiporá, na região oeste do
Estado, há 176 km de Goiânia, que não quis se identificar, registrou uma
plantação de amendoim em uma área de aproximadamente 400m² dentro do cemitério
municipal. Segundo ela, a plantação tem cerca de 40 dias e foi autorizada pelo
coveiro responsável pelo local.
Ela afirmou que o coveiro decidiu arrecadar uma renda extra e permitiu
que morador pudesse plantar, colher e vender. Ainda de acordo com a moradora, a
plantação passa de lado e até em cima dos túmulos, "acho que é um
desrespeito com os mortos da cidade".
Contudo, o secretário de Administração de Moiporá, Sebastião da Costa
Ferreira, informou que a prefeitura foi até o local e a plantação retirada do
cemitério. "A gente foi lá e falei que ele tinha duas horas para limpar
aquilo. Voltamos depois e verificamos que tudo já foi retirado", relatou.
O Diário da Manhã tentou, até o fechamento desta edição, entrar em contato com
a Prefeitura de Moiporá para confirmar se já havia acontecido mesmo a limpeza
do local, mas ninguém atendeu. O coveiro recebeu uma advertência na ficha
funcional e será encaminhado para a Assessoria Jurídica.
O engenheiro-agrônomo Abid Francisco Pereira, explica que amendoim é uma
raiz e corre grandes riscos da plantação ter sido contaminada. "A
probabilidade de contaminação é grande. É claro que só se pode ter certeza após
um exame de laboratório mais específico que analise os resíduos tóxicos do
alimento, mas não é indicado de forma alguma que as pessoas comem alimentos
plantados no cemitério", alerta.
O necrochorume é o principal responsável pela poluição ambiental causada
pelos cemitérios. É um líquido viscoso, de cor castanho-acinzentada, com 60% de
água, 30% de sais minerais e 10% de substâncias orgânicas degradáveis.
Apresenta variado grau de patogenicidade, por causa da presença de vírus,
bactérias e outros agentes causadores de doenças. Cada quilo de massa corpórea
do cadáver gera 0,6 litro de necrochorume.
OUTROS CASOS
Moiporá não é o único palco de plantações em cemitério, o zelador do
Cemitério Municipal de Monte Aprazível (SP), Antônio Pinheiro Ribeiro, 63, já
plantou, em algumas vezes, arroz. Antônio afirma que já plantou vários tipos de
frutas, além de flores, no cemitério. Ele diz que pretende plantar mais vezes,
já que os frequentadores do local gostaram da ideia, ao contrário do caso em
Goiás. Porém todas as plantações em Monte Aprazível foram feitas em locais onde
não há ninguém enterrado.
Em Todmorden, uma pequena cidade da Inglaterra, seus 17 mil habitantes
podem se alimentar de graça. O projeto The Incredible Edible Todmorden (A
incrivelmente comestível Todmorden), consiste no cultivo de hortas coletivas em
espaços públicos da cidade, inclusive no cemitério local.
O professor e engenheiro- agrônomo Ronaldo Posella Záccaro defende a
ideia de comer frutas produzidos no local. Para ele não é correto afirmar que
as plantas sejam contaminadas só por estarem no cemitério. "Seria mais
preocupante a contaminação provocada por um aterro sanitário do que alimento
germinado numa necrópole", exemplificou o especialista. Ele acrescenta:
"Pode haver casos de contaminação nos vegetais dependendo da causa da
morte, como por exemplo, a radiação. Mas, nestes casos, o corpo é sepultado em
urnas metálicas."
Comente este artigo
Coisa horrosa!! eu conhecí uma moça que, ficou muito doente pq sempre comprava frutas,antes de chegar ao trabalho de um mesmo vendedor no centro da Cidade aqui no RJ. Depois de muito pesquisar, descobriu-se que,as frutas deliciosas e suculentas vinham de uma plantação em um cemitério da baixada. Coisa de maluco. rsrs
ResponderExcluirBjs
É verdade, pena que a gente compra e consome sem saber a origem.
ResponderExcluirbjs