O primeiro-ministro do país, Amama
Mbabazi, se opôs à votação na qual a lei foi aprovada, alegando que não havia
quórum suficiente. Ainda não se sabe se o presidente Yoweri Museveni vai
sancionar a lei.
O projeto - que fez Uganda ser
qualificada como um dos piores países para homossexuais - foi duramente
criticado ainda em 2009, quando começou a ser debatido. Na época o presidente
americano, Barack Obama, afirmou que o projeto era "ofensivo".
Catherine Byaruhanga,
correspondente da BBC na capital, Campala, afirmou que o governo de Uganda sabe
que haverá condenação internacional e que alguns países poderão suspender a
ajuda que enviam ao país africano.
O projeto de lei original era
ainda mais radical, propondo pena de morte para alguns casos - por exemplo, se
um menor de 18 anos estivesse envolvido em atos homossexuais ou se o praticante
fosse portador do vírus HIV -, mas a pena foi limitada à prisão perpétua.
"Estou satisfeito pelo fato
de o Parlamento ter votado contra o mal", disse à agência France Presse o
parlamentar autor da lei, David Bahati. "Por semos uma nação temente a
Deus, valorizamos a vida de uma forma holística. Por causa desses valores que
membros do Parlamento aprovaram esta lei, sem se importar com que o resto do
mundo pensa."
A lei também proíbe o que
considera a "promoção" da homossexualidade e se estende a turistas e
visitantes no país.
Proibição da minissaia
Defensores de direitos humanos
alegam que a lei evidencia o preconceito enfrentado pela comunidade gay em
Uganda.
Enquando os parlamentarem votavam
a lei, um grupo de ativistas gays estava reunido em um bairro da capital para
elaborar um plano de reação. Eles afirmam que suas vidas são constantemente
ameaçadas devido à intolerância já existente no país.
Um ativista homossexual foi morto
em 2011, apesar de a polícia ter negado que o caso tenha relação com
discriminação sexual.
"Eu sou oficialmente
ilegal", afirmou o ativista homossexual ugandense Frank Mugisha depois da
votação.
A aplicação da lei será complexa:
as autoridades precisam conseguir provas que mostrem que uma pessoa está
envolvida em atividades homossexuais.
Ante a complexidade, as leis
ugandenses já existentes contra os gays raramente foram aplicadas. Mas, com a
nova legislação, teme-se que a polícia haja com mais rigor contra "crimes
homossexuais". E isso pode causar mais prisões e exames médicos invasivos
dos suspeitos.
Por enquanto, existem punições
para alguns tipos de abuso. Um jornal local, por exemplo, foi condenado por ter
publicado nomes e endereços de pessoas que, segundo o jornal, eram gays.
Uganda é um país conservador e,
na quinta-feira, já havia aprovado uma lei contra a pornografia, proibindo o
uso de minissaias e de materiais que possam conter sugestões sexuais, como
alguns vídeos de músicas.
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