O projeto de lei sobre a destinação dos royalties do petróleo
para a educação aprovado pelo Senado na noite de terça-feira (2), derrubou pela
metade o montante que havia sido votado pelos deputados. Com isso, o repasse
cai 53,43% - de R$ 209,31 bilhões para R$ 97,48 bilhões. O cálculo é da
Consultoria Legislativa de Recursos Minerais, Hídricos e Energéticos da Câmara,
com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
É um retrocesso ao clamor popular, avaliam especialistas ouvidos
pela reportagem. O projeto da Câmara, votado na semana passada em meio ao furor
das manifestações que pediam 10% do PIB brasileiro para a educação, não chegava
a alcançar esse porcentual, mas previa um acréscimo de 1,1% do PIB para o setor
até 2022, alcançando 7% - hoje são 5,8%.
“A redução feita pelo Senado derrubou o porcentual de 1,1% para
apenas 0,4% do PIB. Foi o anticlímax. Existia um ganho que não era o ideal, mas
melhorava bem. Agora voltamos quase ao zero”, diz o professor Luiz Araújo,
especialista em financiamento e políticas públicas. O relator do projeto é o
líder do governo na Casa, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), e as alterações,
segundo os bastidores no Congresso, são resultado de um acordo entre governo e
líderes partidários.
Alterações
Entre as mudanças propostas pelo Senado, duas delas explicam bem a redução do investimento. A primeira é em relação aos contratos já assinados. Assim como a Câmara, o texto aprovado pelo Senado mantém que royalties obtidos com a produção atual de petróleo, em contratos assinados desde 3 de dezembro de 2012, já sejam destinados ao setor. A diferença é que, pelo substitutivo, a regra valerá somente para os royalties que cabem à União: Estados e municípios ficam isentos da obrigatoriedade.
Entre as mudanças propostas pelo Senado, duas delas explicam bem a redução do investimento. A primeira é em relação aos contratos já assinados. Assim como a Câmara, o texto aprovado pelo Senado mantém que royalties obtidos com a produção atual de petróleo, em contratos assinados desde 3 de dezembro de 2012, já sejam destinados ao setor. A diferença é que, pelo substitutivo, a regra valerá somente para os royalties que cabem à União: Estados e municípios ficam isentos da obrigatoriedade.
A outra alteração que interfere no montante de verbas é a
questão do Fundo Social. O projeto do Senado destina 50% dos rendimentos dos
recursos recebidos pelo Fundo Social, em vez do total. Isso significa que o
excedente em óleo referente aos contratos de partilha de produção não será
destinado às áreas de educação e saúde, a não ser pelos rendimentos.
“A nossa luta não é
para gerar pressão sobre a base econômica brasileira. O que pedimos para a
educação não vai quebrar o País. Mudar tudo isso é chamar o povo de idiota. O
País não pode abrir mão dessa conquista”, afirma o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à
Educação, Daniel Cara.
Um estudo do professor Nelson Cardoso Amaral, especialista em
financiamento da Universidade Federal de Goiás (UFG), mostra que para chegar ao
valor que os Estados Unidos investem por ano em cada estudante, o Brasil teria
de empenhar 10% do PIB de hoje até 2040.
Um documento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
apresenta outras possibilidades para atender à necessidade de aumentar os
recursos, como a ampliação de impostos e a vinculação de parte das
contribuições para o setor até ações consideradas chave, como melhorar a gestão
e o controle social dos gastos públicos.
Empenho
Em nota, a assessoria do senador Eduardo Braga (PMDB-AM), relator do projeto, disse que o valor estimado com base no projeto aprovado na Câmara era equivocado por basear-se em premissas não fundamentadas e que as alterações introduzidas no Senado buscaram aprimorar o texto, “minimizando o risco de judicialização e evitando o uso indevido do Fundo Social”.
Em nota, a assessoria do senador Eduardo Braga (PMDB-AM), relator do projeto, disse que o valor estimado com base no projeto aprovado na Câmara era equivocado por basear-se em premissas não fundamentadas e que as alterações introduzidas no Senado buscaram aprimorar o texto, “minimizando o risco de judicialização e evitando o uso indevido do Fundo Social”.
De acordo com a nota, “utilizar no País as receitas do Fundo
Social contraria todos os princípios para os quais ele foi criado,
especialmente a estabilidade econômica e a capacidade de competição”. Ao fim, o
texto divulgado salienta que a iniciativa de vincular os 100% dos royalties do
petróleo para a educação foi uma iniciativa do governo. “Portanto, o governo e
o Parlamento brasileiro têm o maior interesse em aumentar as verbas, mas de
maneira responsável e segura juridicamente”.
Por conta das alterações realizadas, a matéria volta a ser
discutida na Câmara. A Casa deve votar, na próxima semana, se aceita as
modificações no texto ou se mantém o que havia sido aprovado anteriormente.
Após essa decisão, o projeto segue para a presidente, que decidirá pelo sanção
ou veto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Agência Estado
Comente este artigo
Nenhum comentário:
Postar um comentário