Pare para pensar
quanto tempo da sua vida você passou na escola. Quantas manhãs geladas
precisaram ser encaradas sentado na classe; as tardes de sol deixadas de lado a
fim de compreender algoritmos matemáticos e disputas históricas. Daquilo tudo
que você estudou, o quanto ainda permanece vivo, aproveitável? No meu caso, não
muito. Lembro-me de poucas fórmulas de Física e menos ainda de Química
Orgânica.
Com o tempo esses conhecimentos específicos
foram esquecidos, pois se mostraram pouco relevantes na minha profissão; para
não dizer inúteis.
Não sou contra o ensino de conteúdos desta
natureza nas escolas, esses conhecimentos específicos são a base para muitas
profissões importantes; entretanto, acredito que a escola deveria extrapolar,
ir além quando se trata de formar pessoas.
A educação brasileira,
e refiro-me estreitamente a fundamental e média, tornou-se refém dos processos
seletivos ao nível superior. São anos em frente ao quadro-negro com um único
objetivo: vestibular. Sim, existem outros caminhos para ascender ao reino
acadêmico, mas o mais comum é por meio da prova.
Essa maneira pragmática de educar afasta as
instituições de ensino de princípios humanos, filosóficos e até morais; criando
gerações resistentes a questões sociais e políticas.
Há alguns anos, conta
meu pai, havia no Ensino Fundamental as disciplinas de Educação Moral e Cívica
e Estudos de Problemas Brasileiros. Como frequentou a escola na década de 1960,
em plena ditadura militar, essas matérias eram usadas pelo governo numa
tentativa de catequizar os jovens a aceitar o regime totalitário.
No entanto, se cumprirem o que prometem seus
títulos, desvinculadas dos interesses do Estado, ambas são boas opções às
escolas contemporâneas, que insistem em criar tecnocratas.
Cogitar a
implementação de “novas” disciplinas na estrutura curricular da educação
pública nacional parece estar na contramão da realidade do ensino brasileiro.
Onerar um sistema afligido por diversas dificuldades que vão desde as péssimas
condições de infraestrutura das instituições, passando por baixos salários dos
professores e também métodos ultrapassados de ensino, pode parecer supérfluo e
até utópico. Porém, não é suficiente aumentar os investimentos na educação -
como os 75% dos royalties do pré-sal que serão destinados à área -, se
continuaremos formando jovens preocupados com o próprio umbigo.
Quero dizer, não basta melhorar as escolas e
capacitar professores, é preciso mudar a ideologia por trás das instituições de
ensino.
Por outro lado, o
mercado faz exigências às instituições de educação, clama por profissionais com
uma nova dinâmica de trabalho, capacitados para atender às necessidades atuais.
Obrigação que recai principalmente sobre os ombros do Ensino Superior,
tornando, mais uma vez, a educação escrava de um sistema capitalista, pouco
atenta aos anseios humanos.
A educação segue
cristalizada, mas o mundo mudou.
È sério meus amigos, mas ele tem razão. Comente.
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