O trânsito nas grandes metrópoles tem ficado cada
vez mais insuportável. Coisas absurdas acontecem, mas principalmente falta de
paciência, desespero, desrespeito e insanidade, que trazem atitudes violentas e
cruéis, modificando o quadro de cidadania da população.
Se reportarmos à época das cavernas, vamos
verificar todos esses itens, mas com uma diferença, hoje nos consideramos
“civilizados”. Será? Basta uma fechada ou alguém nos xingar e aí aparece quem?
– O homem das cavernas interior – só nos falta o tacape.
Quem nunca ouviu uma história de alguém que
foi alvo da ira de outro motorista por causa de uma simples buzina.
Xingamentos, gestos obscenos, perseguições, fechadas... provocando pânico.
Hoje, basta alguém dizer um impropério que leva “chumbo”. Sem contar que podem
arrancar o seu braço, jogá-lo no rio e ficar por isso mesmo. Também se sabe que
é proibido ingerir bebidas alcoólicas e dirigir, porém quantos respeitam isso?
Há uma história bem interessante da Disney,
um episódio do Pateta, que é um ser pacato, respeitável, bom cidadão, enquanto
pedestre; no entanto, ao entrar em seu carro
e colocar suas mãos sobre o volante, transforma-se num “monstrengo”, - um
verdadeiro homem das cavernas -, não respeita os pedestres, nem sinal, buzina o
tempo todo... Em suma, parece ter sido tomado por uma possessão. As autoescolas
têm mostrado no primeiro dia de aula, àqueles que querem ser motoristas, esse
episódio, o que para muitos é engraçado, contudo serve de reflexão.
Ultimamente, vemos esse tipo de coisa
acontecendo. Na verdade, há sim uma transformação no ser humano, diria na
maioria. Não obstante, verifica-se a mudança de personalidade de pessoas
tranquilas, pacíficas, que ao entrarem em seus carros se descontrolam,
decorrência a grande sensação de “poder”. A ideia de controle e de controlar é
fascinante, muitos só têm essa sensação em seus automóveis. A pergunta é: há
uma mudança de personalidade ou a demonstração da “real” personalidade de cada
um?
Brigar no trânsito é coisa do homem das
cavernas porque é um comportamento típico do troglodita, irracional e
inconsequente, que na rua expressa toda a sua agressividade e revela sua
alienação pessoal. Gritam e esbravejam como se fossem os donos da rua, passam a
toda velocidade com seus carros milionários e denunciam a pobreza de seus
condutores. O homem da caverna faz estardalhaço quando descobre o fogo, para
que sua utilização leve à evolução, mas consegue distorcer as grandes
descobertas em armas, aparelhos de destruição em massa. O carro que foi uma
invenção com as melhores das intenções, para facilitar o dia a dia das pessoas,
é renegado a um instrumento de status, genocídio e de insanidade. Insano mesmo
são as mentes vazias, ou se preferirem, doentias, de indivíduos que têm verdadeiros
comportamentos criminosos no trânsito e que assassinam muitas pessoas por ano
nas ruas e estradas deste país.
O trânsito não é o responsável por esse
tormento todo, e, sim, a falta de princípios básicos como gentileza,
educação e altruísmo. Sem os quais a barbárie vem à tona.
Se queremos um trânsito pacífico temos, à
princípio, de nos pacificarmos enquanto cidadãos e pedestres.
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