Diante do
entusiasmo de um país onde o consumismo é a referência de crescimento
econômico, deparamo-nos com as mais severas incongruências, entre elas, figura
o fato em termos hoje, crianças e adolescentes que colocam fim às suas vidas de
maneira trágica, deixando não apenas um rastro de dor, mas, principalmente, um
grande recado a todos, digo todos, sem culpar, ou mesmo, isentar a quem quer
que seja quanto a necessidade de políticas que visem avaliar com seriedade, sem
demagogias, a condição de saúde mental de nossas crianças e adolescentes.
Nossas
crianças e adolescentes estão morrendo por suas dores internas, suas angústias
não atendidas, suas depressões negligenciadas, e nós, o que temos feito?
Nada!
Não me
venham com esses discursos repletos de tolices para tentar encobertar a
tragicidade que se abate sobre o encerrar de vidas tão preciosas precocemente,
nem mesmo me venham falar em programas de enfrentamento a isso, ou aquilo.
Muitos dos senhores e senhoras verborrágicos (as), não passam de grandes malandros
oficiais, cuja irresponsabilidade com as vidas encerra-se diante dos interesses
de outros tantos malandros privados que os saciam de dinheiro com grandes
esquemas, nos quais, o ser humano, para eles, é apenas um caminho para que
possam se tornar muito mais ricos em uma sociedade cada dia mais adoecida,
empobrecida e com crescentes números de suicídio na infância e adolescência.
Estou, há
vários anos, alertando sobre a necessidade de programas preventivos e
resignificativos em saúde mental nas escolas, objetivando, não apenas, preparar
nossas crianças e adolescentes quanto ao conhecimento do mundo em que vivem,
mas, principalmente, em relação ao mundo que são. Assim, poderiam
repensar suas vidas, não encerrando-as precocemente.
Quantos
são os sonhos enterrados que poderiam mudar a historia de um povo, de uma
pátria, do mundo em que vivemos, ou mesmo, de suas próprias existências,
tornando-as um oásis que em pleno deserto de dores e angústias, construindo um
refrigério de fontes vivas que alegram e fazem florescer.
Entretanto,
quantas vezes fui a várias escolas e órgãos públicos , e pasmes os senhores e
senhoras , ouvi de proprietários e gestores que esse foco não era prioridade ,
ou então, para piorar, que “cabe a família tal responsabilidade”. Não,
cabe a todos, a cada um de nós, a responsabilidade em criar condições
favoráveis à perpetuação da vida, principalmente, em relação as nossas crianças
e adolescentes, cujo processo de desenvolvimento encontra-se em construção.
Tenho, a
partir do trabalho que desempenho, quase que solitariamente, por meio de meus
artigos publicados, semeado ideias quanto a necessidade da implantação de
programas preventivos e resignificativo em saúde mental no ensino fundamental,
fundamentados em técnicas que nos levem a conhecer os alunos em suas
complexidades, tanto pedagógicas, quanto psicológicas , trabalhando os
processos psicoafetivos de nossas crianças e adolescentes, para que assim
possamos assegurá-las uma existência com direito a uma existência plena,
conhecendo suas lágrimas, suas feridas, seus medos, o impacto de suas
perdas e também o regozijo de suas conquistas.
Assim,
vou semeando um pouco de esperança e amor nessa trajetória, até mesmo dos que
me tem por inimigo, afinal, até em seus jardins posso ver florescer o
investimento de minhas lutas.
Mas há
uma vasto caminho a ser percorrido , e cada manhã, em que meu D-US me permite
abrir os olhos e compreender que há muito a ser percorrido, afinal os relatos
são gravíssimos.
Na Bahia,
no mês de agosto, um jovem após discutir com sua namorada, durante uma festa em
um sítio, disse que atiraria o carro em uma carreta. Pronto, o fez, e ainda
causou a morte de mais 5 adolescentes que estavam de carona.
Em
setembro, um aluno morre ao cair do quinto andar de uma escola no Rio de
Janeiro
Em
Goiânia, uma adolescente , salta do décimo andar de um prédio de clínicas em
Goiânia.
No
Brasil, em 20 anos, o número de mortes por suicídio cresceu 1900% entre
adolescentes entre 15 a 24 anos.
Por ano,
temos mais de 1 milhão de suicídios, sendo que esse numero, segundo estimativas
da Organização Mundial de saúde, crescerá a ponto em 2020, daqui 8 anos, termos
1milhão e 500 mil suicídios. E aí, o que será feito para que possamos minimizar
tais expectativas? Quais são as escolas que adotam programas preventivos em
saúde mental no ensino fundamental?
O
suicídio não é uma atitude súbita, mas, sutilmente anunciada por diversas
mudanças de comportamentos, até mesmo, muitas vezes, verbalizada.
Portanto, aquele que anuncia que irá cometer tal ato poderá fazê-lo se
não houver intervenção dos pais, escolas, Governos e profissionais em saúde
mental.
No livro,
Que educação estamos construindo, que possibilidades estamos produzindo? , faço
uma crítica ao modelo educacional, mas , contudo, apresento um programa
constituído de três etapas, sendo elas, as avaliações de cada aluno da
instituição com devolutiva aos pais, orientando-os a lidar com seus
filhos , bem como, os cuidados necessários ; a orientação às escolas , visando
não apenas os processos de aprendizagem , mas , estabelecendo o respeito a cada
criança e adolescente quanto aos processos tanto cognitivos e, principalmente ,
o desenvolvimento psicoafetivo; implantação de oficinas de criatividade
onde serão trabalhadas, dentro das escolas, aspectos relacionados a percepção
social . famlia, adolescência, família,identidade, inteligências, vida afetiva,
sexualidade, identidade , violência e outros...
Portanto,
quanto ao que está acontecendo, deveríamos nos perguntar o que tem sido feito,
afinal, se não mudarmos nosso conceito sobre educação e nossa postura em
relação aos processos de desenvolvimento, seremos sim, cúmplices de cada dor
que ceifa precocemente as vidas de nossas crianças e adolescentes.
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