terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O Valor da Solidariedade



A solidariedade humana tem muito a ver com uma atitude caritativa para com os mais necessitados, principalmente com aqueles que estão mais próximos de nós.

Há quem defende a ideia de que numa sociedade ideal a caridade não faz sentido, pois a pessoa que recebe o benefício, pode até se sentir ofendida em ser objeto dessa caridade. Mas neste mundo real, especialmente na África e na América Latina, a perversidade do modelo sócio-econômico que se estabeleceu ao longo dos séculos e que ainda vigora, faz com que o sofrimento de muitas pessoas lhes destitua de qualquer orgulho. A solidariedade e a compaixão não são fraquezas do cristianismo, como pretende o filósofo Nietzsche. São características humanas, encontradas em todas as culturas e, inclusive, entre os pseudo-ateus. Mas o ato caritativo de ajudar o outro em dificuldade, para ser eticamente aceitável, tem que ter duas características: discrição e comprometimento. Isto é, não ser alardeado e nem se ater a um mero descarte do supérfluo. Essa prática tem tudo a ver com tudo aquilo de que se toma conhecimento. É gratificante quando podemos nos envolver com responsabilidade dos atos solidários, para que com a nossa ação a verdadeira solidariedade aconteça para melhorar as condições de vida de quem realmente esteja configurado como menos favorecido pela sorte. A solidariedade nunca deveria ser feita através da comiseração ou auto-compaixão. A solidariedade consciente é o melhor caminho, para que as pessoas não se sintam diminuídas ao ser abordadas por nós. Para exercer a caridade ou compaixão pelos necessitados, é preciso que tenhamos sensibilidade, avaliando a condição de quem esteja recebendo a dádiva. Sem jamais esperar recompensa, procuremos fazer o bem às pessoas realmente necessitadas, mas antes é necessário que se faça uma triagem, para se evitar o ridículo. Antes de oferecer algo a uma pessoa ou família carente, seria bom saber se aquilo que oferecemos é realmente útil para ela. Assim, não correremos o risco de estarmos humilhando quem quer que seja, e nos expondo ao ridículo. Alguma coisa que para nós não serve mais, pode ser de utilidade para alguém. Mas não é de bom alvitre oferecermos ao nosso próximo um bem que para nada serve, a não ser para ficarmos livres dele. Até para se praticar a caridade, é preciso ter cuidado, para não humilhar as pessoas. Faça-o porque é a coisa certa a ser feita, O bem é um valor imenso, independente da recompensa. Se todos fizerem o bem, certamente o mundo será um lugar melhor para se viver.

Por Jairo Alves.

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2 comentários:

  1. Concordo, o homem têm esta capacidade de ajudar o próximo, aliás este é um dos motivos de não podermos viver sozinhos no mundo.
    O problema é que só nos preocupamos com isso, quando acontece uma tragédia ou no Natal. Há tanta gente neste mundo precisando de uma ajuda, seja ela material ou espiritual! Ainda estamos fazendo muito pouco, nos mobilizamos pelo próximo, quando ele já não suporta mais. Sei que nós é que fazemos a solidariedade, nãos os políticos, então, precisamos mudar isso em nós.

    Abraços!

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  2. Olá, Gostaria de falar somente sobre uma passagem em quem você fala do Nietzsche. É exatamente pela impossibilidade de um ato de verdadeira compaixão, num sentido próximo ao estabelecido pelo Kundera na insustentável leveza, ou seja, de sentir a dor do outro propriamente, como se fosse sua que todo ato caritativo é um ato de autocomiseração. Isto não os faz mais ou menos supérfluos mas só, assim como a pobreza, fruto da indigencia espiritual, num sentido não religioso, do homem.
    A chave do problema então, num entender existencialista nietzschiano, está na transvaloração dos valores, ou seja, na sua superação por meio da sua compreensão. Neste sentido cumpre lembrar o nascimento da tragédia e a ode que nietzsche faz ao dionisíaco, à catarse, ao sintoma da reunião da descarga dos sentimentos do homem que o faz renascer, renegando a sabedoria do sileno, companheiro apolíneo, ou seja, onírico de dionísio em sua morte e que afirma que o melhor é morrer. Quero dizer, dionisio renascido diz: o melhor é viver para se reunir com o coração do mundo e com isto das pessoas tb. É a fé, suprema para ele, de que haverá o dia em que seremos livres e não haverá necessidade de ser solidário simplesmente por que eu sinto em minha carne a dor do outro.

    Bom, claro que isto é só uma leitura. Desculpe pelo longo comentário mas é que eu me empolgo.

    Mt bom o blog.

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