segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Nossos pais e os valores eternos



Lê-se no livro Êxodo (20:12): “ Honra pai e mãe a fim de viverdes longo tempo na terra que o Senhor vos dará.”
A ordem é clara. O que é nebulosa é a disposição em acatá-la.
Por que é tão difícil honrar – que é mais do que amar – aqueles a quem se deve a oportunidade de retornar ao planeta? Desde tenra idade, filhos só recebem benesses. Com raras exceções, se não fossem os pais, não teriam sobrevivido. Tal a dureza do teste de resistência às agruras impostas pela manutenção da vida.
Quando crescidos, muitos continuam a querer tudo de mãos beijadas. Acham que os pais têm obrigação de servi-los per omnia secula seculorum.
Alguns costumam relegar os pais a segundo plano. Exigem que seus interesses sejam atendidos em primeiro lugar. Exploram os pais, usando sua já enfraquecida força de trabalho. Empurram para os seus braços, os próprios rebentos, como batatas quentes. Diz antigo ditado: “Avô é burro bravo que o filho amansa para o neto montar.”
O zelo dos filhos com os pais figura como pequenos juros que lhes são devidos. Paga infinitesimal pela oportunidade da vida que lhes foi dada. Mais reconhecimento, também, merecem aquelas pessoas que não sendo os pais biológicos, cuidaram dos pequenos, permitindo-lhes ser hoje quem são.
Se o ambiente doméstico se apresenta como um palco de experiências amargas, nos compete tentar pacificar os ânimos. Isto ocorre porque – justiça divina sendo feita – os que ali habitam muito odiaram ou foram odiados. A misericórdia do Pai dá sempre chance de ressarcir o erro de outrora.
As pessoas difíceis, que hoje não nos aceitam ou que nos matariam sorrindo, estão apenas mostrando como nós as deixamos, um dia, no passado. Quase sempre estão apenas devolvendo o que receberam. Na dureza do coração, ressentem do estrago em seus caminhos. O agora é o momento de endireitá-los.
No lar ocorrem também abençoados encontros de almas afins. Há famílias que se unem por recíproca simpatia e afinidade. Uniões de verdadeira comunhão de ideias. Simpatia e facilidade de interação regem estes núcleos. Se já eram afins, mais firmes se tornarão os laços.
Valores morais são pertences eternos. Nos acompanham no embarque e no desembarque das vidas sucessivas. São conquistas que tendem a aumentar.
Defeitos, como frutos do egoísmo e do orgulho temporários, também nos acompanham, de uma vida para outra. Serão eliminados só quando decidirmos extingui-los com persistência. Corrigenda e empenho disciplinar têm poder transformador... a duras penas.
Haja determinação! Desejos de vingança seguem-nos os passos. A morte não nos torna nem melhores nem piores do que fomos.
Ódio e vingança são excesso de peso. Bagagem descartável. Por eles pagamos alto preço enquanto teimamos em conservá-los.
Ainda bem que, um dia, cai a ficha: “A vida continua... a morte não muda ninguém. Cada qual continua como está.”
Bate o cansaço.
Cansados de sofrer, imploramos outra chance. Chance de servir àqueles que prejudicamos um dia. Será a única forma de aliviar os desvarios.
Muitas vezes a chegada de um filho, significa armistício nos céus. Bandeira da paz hasteada através da consanguinidade.
O corpo é novo. O espírito, que “sopra onde quer” vem das oficinas de Deus. Pelo processo de educação/reeducação é possível implantar novas tendências. Burilar a essência milenar.
Aos pais serão pedidas contas da sua administração. Aos filhos o cumprimento dos deveres filiais.
Conduzir aperfeiçoando para a redenção é meta de dignidade. Tarefa que poderá ser desempenhada tanto pelo ignorante como pelo sábio. Vontade férrea, suor consciente no Bem são requisitos que não podem faltar no encaminhamento da alma para os valores eternos.

Elzi Nascimento e Elzita Melo Quinta.

São diretoras do Iopta, clínica de psicologia e terapias corporais.

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