sábado, 22 de janeiro de 2011

Do que as mulheres gostam?



Pesquisas sugerem que gosto feminino por feições masculinas específicas pode estar relacionado a fatores inconscientes, mas previsíveis


Quando se trata de encontrar um parceiro, os homens acham o gosto das mulheres imprevisível e incompreensível. Mas a culpa pode não ser totalmente delas. Uma vertente crescente de pesquisas sugere que a preferência das mulheres por certos tipos de fisionomias masculinas pode ser alterada por fatores além de seu controle consciente – como as taxas de doenças ou criminalidade – e de modo previsível.
Aspectos da fisionomia masculina – como um maxilar marcante ou uma sobrancelha proeminente, por exemplo – tendem a refletir traços físicos e comportamentais, como força e agressividade. Eles também estão intimamente ligados a aspectos fisiológicos, como virilidade e um sistema imunológico resistente.
Os efeitos colaterais dessas características desejáveis são menos atraentes. Agressividade é ótima quando direcionada a ameaçadas externas, mas nem tanto quando é direcionada ao lar. Aptidão sexual assegura a procriação, mas não raro vem associada a promiscuidade e uma tendência a se esquivar de deveres parentais ou a abandonar a mãe de seus filhos.
Então, sempre que uma mulher tem que selecionar um parceiro, ela precisa escolher entre o código genético promissor do garanhão e o amor e o carinho de um “fracote”. Lisa deBruine, da Universidade de Aberdeen, acredita que a mulher atual ainda enfrenta este dilema, e que suas escolhas são afetadas por fatores inconscientes.
Em um estudo publicado no início deste ano, DeBruine descobriu que mulheres que vivem em países com índices de saúde ruins dão mais preferência a homens com feições viris do que aquelas que vivem em países mais saudáveis. Onde a doença é comum, aparentemente, ter filhos saudáveis acaba sendo mais importante do que ter um homem que fique por perto para ajudar a criá-los. Em locais mais salubres, os “fracotes” têm mais chances.
Atualmente, contudo, pesquisadores liderados por Robert Brooks, da Universidade de New South Wales, chegaram a uma conclusão diferente em relação aos dados de DeBruine. Em um estudo publicado no “Proceedings of the Royal Society”, Brooks sugere que não são fatores relacionados à saúde, e sim a competição e a violência entre homens que explicam melhor a busca feminina pela virilidade. Quanto mais brutal for o ambiente, explica o pesquisador, mais a mulher irá preferir homens viris, pois eles são mais aptos a prover para as famílias do que os tipos mais sensíveis.
Um relacionamento doentio
Considerando-se que a competição violenta por recursos é mais pronunciada em sociedades desiguais, Brooks antecipou que as mulheres valorizariam mais a virilidade em países com elevado coeficiente Gini – uma medida de desigualdade de renda. E, de fato, ele descobriu que este aspecto era mais eficiente que índices de saúde para prever o poder de atração de rostos viris em determinados países.
O problema é que países desiguais também tendem a ser menos saudáveis. Então, com o intuito de dissociar causa de efeito, Brooks comparou o índice de saúde de DeBruine com uma medida de violência em um país: sua taxa de homicídios. Novamente, ele descobriu que este indicador é mais eficiente do que os índices de saúde para antever a preferência por virilidade facial (embora ainda menos eficiente que o coeficiente de Gini).
Contudo, e uma resposta publicada na mesma edição da Proceedings, DeBruine e seus colegas indicaram uma falha na análise de Brooks: seu fracasso em levar em consideração a riqueza geral de uma sociedade. Quando ela conduziu os testes estatísticos novamente, desta vez observando o PIB dos lugares, ela descobriu que o poder de previsão das taxas de homicídio desaparece, enquanto os indicares de saúde permanecem. Em outras palavras, a incidência de crimes violentos parece prever preferências de acasalamento apenas na medida em que reflete a pobreza relativa do país.
O duelo estatístico demonstra a dificuldade de estabelecer conclusões firmes exclusivamente a partir de correlações. Ambos DeBruine e Brooks admitem isto, e concordam que a disputa não será resolvida até que os fatores que determinam as preferências de relacionamento sejam testados diretamente.
Outro estudo recente conduzido por DeBruine tentou fazer justamente isso. Seus resultados dão ainda mais credibilidade à tese da saúde. Desta vez, os pesquisadores pediram a 124 mulheres e 117 homens que classificassem 15 pares de faces masculinas e 15 pares de faces femininas de acordo com a feminilidade e virilidade. Cada par de imagens retratava a mesma gama de feições, ajustadas para parecerem mais ou menos viris que as outras (em caso de rostos masculinos), ou mais e menos femininas (no caso das faces de mulheres). Algumas também foram feitas imperceptivelmente tortas. A simetria também indica a qualidade de um parceiro, pois, em ambientes hostis, genes robustos são necessários para assegurar até mesmo o desenvolvimento corporal.
Em seguida, os participantes receberam um novo grupo de imagens, retratando objetos que incitam níveis variados de repulsa – como, por exemplo, um pedaço de tecido branco manchado ou com algo similar a um fluído corporal, ou com uma tinta azul menos desagradável. O nojo é amplamente visto como uma forma de adaptação que alerta os humanos a ficarem longe de lugares onde germes e outros organismos patogênicos podem estar. Então, de acordo com a hipótese de DeBruine, as pessoas que receberam as figuras mais repulsivas deveriam responder com uma preferência maior por homens viris e mulheres delicadas, assim como por feições mais simétricas.
Isso foi exatamente o que aconteceu quando elas foram requisitadas a classificar o mesmo grupo de rostos mais uma vez. Mas só funcionou com o sexo oposto; as imagens repulsivas falharam em alterar o que homens e mulheres achavam atraente a respeito do próprio sexo. Isso significa que a seleção sexual, bem como outros mecanismos evolutivos, provavelmente ainda está em funcionamento.
Serão necessárias mais pesquisas para confirmar estas observações e para constatar se outros fatores, como testemunhar a violência, refletem-se nas preferências por fisionomias específicas humanas. Por enquanto, contudo, os homens que não se parecem com Brad Pitt podem ao menos se confortar com o fato de que isso é menos importante se o ambiente que os cerca continuar impecável.


Fontes: The Economist - "Hunkier Than Thou" .

Tá conformado? Não? Comente, participle!!!

2 comentários:

  1. Oie...acredito que isso tudo é muito relativo...não escolhemos de quem gostar mais temos nosso bio tipo físico igual os homens, altos, baixos, musculosos, magros, gordinhos, brancos...e blábláblá...rsrs...mais...nós somos imprevisíveis mesmo...rsrs....cherim.

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  2. pena que essa pesquisa nao foi totalmente concluida né!?

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