Será bom viver no
mundo “faz de conta”? Sabemos que existe uma realidade, mas fazemos de conta
que não é com a gente, nos refugiamos no nosso mundo “faz de conta” e tudo bem.
Durante minhas férias não deixei de ler o jornal, é um vício que não consigo evitar.
Apesar dos jornais também terem seu próprio mundo “faz de conta”, pelo menos há
notícias que devem publicar.
Quando leio que os
médicos plantonistas faltam, pergunto-me: Qual é a novidade? Desde sempre isso
acontece e está acontecendo neste momento. Vivemos no mundo do faz de conta que
temos um sistema de saúde. Ao ver uma manchete (uma de tantas) sobre
assassinato e as declarações dos secretários de segurança que os assassinos
serão capturados e punidos percebo nosso mundo “faz de conta”. Quando o secretário
de segurança não consegue mais manter essa estória da segurança “faz de conta”,
a solução é rápida, troca-se o secretário de segurança. Desta forma o que é
importante se mantém. O mundo “faz de conta” continua.
Também li que alguns
dos condenados pelo mensalão afirmam sua inocência e continuam ocupando e
assumindo cargos no mundo “faz de conta”. E o que é mais incrível são os
jantares de coleta de dinheiro para que os condenados possam pagar as multas
que a justiça lhes impôs.
Os prefeitos e vereadores
eleitos aumentam seus salários nas prefeituras “faz de conta” que há dinheiro,
mas os habitantes ficam sem educação, sem saúde, sem esgoto, sem coleta de
lixo, sem transportes decentes e/ou proteção de encostas ou pontes que foram
destruídos.
No mundo de “faz de
conta” o governo federal manda dinheiro todos os anos para resolver os
problemas causados pelas inundações e enxurradas no Rio de Janeiro. No mundo
real nada muda porque se resolvemos esses problemas em 2014 não teremos a ajuda
de Brasília. No mundo real algumas pessoas morrem, casas são destruídas,
milhares ficam desabrigados. No mundo “faz de conta” mais trabalho para as
empreiteiras, mais minutos na televisão mostrando a preocupação dos políticos
em resolver os problemas.
Entendo a necessidade
do “faz de conta”, porque imaginem o que aconteceria se resolvêssemos os
problemas de uma vez, que seria das pessoas que se preocupam com nosso
bem-estar, nossa educação, nossa saúde. Quem tomaria conta de nós no mundo
real? Nós mesmos. É o que a gente faz todos os dias. A menos, lógico, que
também vivamos no mundo do “faz de conta”, nesse caso necessitaremos sempre de
alguém que tome conta de nós.
E você meu amigo
leitor vive no mundo real ou no “faz de conta”?
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Gostei muito do texto. Realmente parece que existe a necessidade desse "faz de conta" permanecer. Talvez se um dia conseguíssemos resolver todos esses problemas o que seria de nós!!!
ResponderExcluirA sociedade parece que desde a infância do ser humano procura formar um indivíduo sem autonomia, sendo protegido por pais, professores Estado, Deus, enfim não existe a autonomia do indíviduo em resolver suas questões.. Seria isso um dos motivos do faz de conta ter tantos adeptos???