Ao que parece, o Brasil precisa mesmo é oferecer
mais chance aos estudantes que têm capacidade de avançar no ensino e sempre
precisaram superar barreiras extras
Os primeiros números do uso da Lei de
Cotas no Sistema de Seleção Unificada (SiSU) mostraram que 864.830 inscritos
optaram por disputar as vagas através do percentual racial e socioeconômico. A
estreia da legislação federal sancionada ano passado representou 44% do total
das inscrições, que somaram 1.949.958 em todo o país.
O ministro da Educação, Aloizio
Mercadante, considerou a novidade como “um salto extraordinário” para facilitar
o acesso ao ensino técnico e superior de uma fatia da sociedade que, até então,
precisava disputar seu espaço com quem, teoricamente, sempre esteve mais bem
preparado. O resultado era - e ainda é - a exclusão desse público das
universidades e a elitização da educação profissionalizante.
E mesmo assim, com as dificuldades
conhecidas da rede pública de educação, o resultado chegou a ser uma surpresa.
O desempenho dos cotistas no processo seletivo foi semelhante ao dos alunos
inscritos na ampla concorrência. Segundo o MEC, a nota de corte dos candidatos
cotistas em Medicina, por exemplo, ficou em 761,67 pontos, enquanto a nota de
corte da ampla concorrência foi 787,56 pontos. No curso de Pedagogia a nota de
corte dos cotistas ficou em 591,58 e a da ampla concorrência em 598,08 pontos.
Ao que parece, o Brasil precisa mesmo
é oferecer mais chance aos estudantes que têm capacidade de avançar no ensino e
sempre precisaram superar barreiras extras. O governo da presidente Dilma
Rousseff acerta, portanto, ao investir na educação. Vem desse setor as mudanças
para uma vida melhor em várias esferas da sociedade, não só a pessoal, de quem
é beneficiado. Muitos países fizeram suas “revoluções” através dos livros. Para
a presidente, o Sistema de Seleção Unificada (SiSU) tem sido fundamental para
ampliar e democratizar o acesso de jovens à educação superior. “Sabemos que a
educação é o principal instrumento para reduzir as desigualdades e construir um
país mais justo e mais desenvolvido”, declarou Dilma, ao analisar a estreia da
Lei de Cotas.
Os primeiros anos da nova maneira de
enxergar e “fazer” a educação universitária serão de testes e, certamente,
ajustes. Os estudantes que ingressarem agora através do novo modelo são os
pioneiros de uma política que, no futuro, poderá ser apontada como o mecanismo
responsável por lançar o país em outro nível educacional. Daqui a quatro, cinco
ou seis anos, nas solenidades de formatura, serão estes os alunos a erguerem
seus diplomas no ar, pela primeira vez, e a dizerem em seus discursos “eu sou
cotista”. Ingressarão no mercado de trabalho ou, quem sabe, se tornarão
professores universitários de novos jovens beneficiados pela lei social.
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