quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Redoma narcísica: egípcia ou não!



Há anos observo um fenômeno peculiar em muitos que possuem algum tipo de poder: a redoma narcísica. O narcisismo é peculiar ao ser humano, infimamente, o que acaba se transformando num bem, pois fortalece a auto-estima de cada um.

Gostar de si é necessário!
Entretanto, quanto maior o exercício do poder, maior a tendência a um gostar de si exacerbado, muito longe do mínimo necessário para o bem viver. A metáfora da redoma lembra um espaço circular, como uma pequena gaiola, onde o narcisista se situa no seu meio. A questão é que este interior é feito de espelhos, permitindo que somente a sua imagem se reflita, o que aumenta cada vez mais o amor por si (é meio parecido com o mito de Narciso mesmo). A redoma também simboliza uma ruptura com o ambiente externo, não permitindo conexões e impedindo o recebimento e a aceitação de quaisquer críticas.


Este tipo de narcisista de acha o tal. Necessita de elogios, verdadeiros ou não. O importante é ser elogiado. Por isso prefere os puxa-sacos e bajuladores, cujo séquito o persegue durante toda a sua vida, servindo de pára-choque contra as inconvenientes e inaceitáveis apreciações negativas da sua pessoa ou de suas atitudes. Nessas situações se acha incompreendido e injustiçado, pois a beleza do seu pensamento e das suas atitudes nem sempre são compreendidos pela patuléia (todos os outros). Tais criaturas são potencialmente perigosas, pois ignoram os demais no seu culto solipsista. Fingem, manipulam e mentem com freqüência.


A crise egípcia remete a esta redoma, cujo narcisista mor é Mubarak. É presidente há mais de 30 anos e, não obstante algumas concessões, não aceita as objeções ao seu governo. Se acha o cara. Em situações extremas como esta, ou o povo balança as ruas, ou a redoma jamais se partirá. A questão é que os espelhos também quebram e cortam “pra caramba”...
A questão é o poder, até mesmo porque poucas coisas (talvez nada) fascinam o ser humano como o seu exercício. Não é a toa que Nietzsche afirma que a essência da natureza humana é a busca de poder. E é por isso que se faz tanto para possuí-lo e exercê-lo.
Felizmente, este novo mundo impulsionado pelas comunicações globais em tempo real forja uma nova cidadania que possibilita mobilizações e ações não possíveis há poucas décadas atrás. Cai o ditador tunisiano (outro provável narcisista, como todo ditador) e o Egito entra em ebulição, com fortes repercussões em regimes opressores árabes da Argélia, Jordânia e Iemen.


Parece o fim dos ditadores (não o fim dos narcisistas da tal redoma, pois estes nunca acabam). Espera-se que seja. Fidel e Raul Castro ainda não se ligaram. Hugo Chavez menos ainda (diz se preparar para mais uma fraude, digo, mais uma eleição para acrescer mais 6 anos aos 12 de governo).


Enquanto isso, na terrae brasilis, a mídia brasileira evidencia Ashton Kutcher (cuja única coisa boa é a Demi Moore), um imbecile narcisista que ao chegar disse estar preparado para o Brasil, mas não saber se o Brasil está preparado para ele (não aprendeu que se não sabe o que falar deve calar a boca para não falar asneira)! No campo da política a grande novidade é a eleição do narcisista Sarney como Presidente do Senado! Dai-nos paciência para suportar tais conchavos espúrios!
Pois é. A tal redoma narcísica não existe somente no além-mar. Existe no continente latino-americano e no Brasil. Também se encontra em nosso quintal!


Por Giovani Corralo.

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Um comentário:

  1. Belissima critica politica, o povo cada vez mais tem mostrado que não suportará mais estas situações descabidas como as vivenciadas por estes povos que finalmente estão se mobilizando para acabar com tais regimes, e como você disse não é apenas na esfera politica que a redoma atua, este sentimento se da em quase todo aquele que exerce poder, ou alcança alguma fama.

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