Mudamos sim, evoluimos.

" NÃO NASCEMOS SENDO: SOMOS O QUE NOS TORNAMOS, E, SALVO EXCEÇÃO, NOS TORNAMOS O QUE A CULTURA PERMITE QUE
VENHAMOS A NOS TORNAR. "


A partir desta brilhante reflexão, estou selecionando alguns achados, pérolas raras, do pensamento do psicanalista Jurandir Freire Costa, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro,e, autor de diversos livros, cujos mais recentes são: " Sem Fraude nem Favor " e "Razões Publicas ", pela Editora Rocco. Encontro estas raridades no prefácio ao livro organizado pela também psicanalista Maria Rita Kehl, ela , estrondoso sucesso na última edição do Fronteiras do Pensamento, da Brasken, em 26 de outubro passado, em Porto Alegre. Seu trabalho: " Função Fraterna ", da Relume-Dumara Editora, nos fala da construção do ser humano, que não nasce pronto. Os sujeitos são o que são e não aquilo que nossas fantasias fabricam.



"Com ou sem ideologias consumistas ou cientificistas,ou sujeitos elaboram imagens de si,dos outros,do desejo,do prazer,do sofrimento ou da alegria com base em uma economia inconsciente que; até segunda ordem; tem que se apoiar no material cultural disponível para se exprimir fenomenologicamente"



Daí que em imaginar que no fundo da alma somos todos neuróticos, perversos ou psicóticos, faz tanto sentindo quando imaginar que temos um 'núcleo' estóico, budistas, cristão, judeu, vândalo, seja lá o que for, que permanece idêntico a si mesmo, não obstante a volubilidade dos ideais da subjetivação.
Ou seja, não mudaríamos, pois nasceríamos prontos, defeitos ou falhas de projeto, impedimentos ou entraves para acompanhar as evoluções, transformações do dia-a-dia,da modernidade, ou tal de "Pau que nasce
torto,morre torto",sem conserto.



“Por que pensar que a plasticidade do psiquismo humano, ou, o que dá no mesmo, a experiência evolucionária dos animais de fala emperrou ou alcançou a perfeição? Ou estamos retrocedendo?”
A decadência está instalada? A família afinada? O pai em lugar incerto e não sabido? É desconhecido?


Não creio. Continuamos a nos sentir responsáveis pelos males que nos afligem e a procurar resolver aquilo que está ao nosso alcance. Não estamos nos melhor dos mundos, mas não capitulamos diante do que ele tem de pior.



O mundo não se tornou o reino dos sociopatas; não enlouquecemos todos; não estamos “sem família” ou quaisquer outro fantoches que nos foram anunciados. Estamos bem vivos, lúcidos e buscando o bem estar possível.

Por Carlos Hecktheuer – psiquiatra.

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