A tese é de uma amiga, e me pareceu bastante curiosa: o homem ideal para se ter como amante é aquele de porte pequeno – baixo e, necessariamente, magro. A maior estranheza nasce da inversão plena do senso comum, no qual o Ricardão dos sonhos é grande (e aí está o superlativo para nos auxiliar), musculoso e bem dotado. Isso tudo passaria a ser uma polêmica vazia caso ela não fosse capaz de sustentar a sua teoria. O problema é que ela trouxe para a conversa uma série de argumentos, e eles foram por demais eloquentes.
Primeiro, minha amiga se deteve em aspectos logísticos: nos apartamentos de hoje, como esconder um amante de tamanho GG para escapar de um flagra? Segundo ela, é muito difícil. Só um magrinho é capaz de enfiar-se debaixo de uma cama Box ou encontrar um canto em armários cada vez mais lotados. Em outras épocas, as camas eram altas e os amantes do tipo armário cabiam com folga dentro dos robustos guarda-roupas. Isso sem falar nas manobras de desespero: quem aguenta mais tempo pendurado do lado de fora de uma janela, o levezinho ou o pesadão? Acima do segundo andar isso faz muito sentido.
Porém, prosseguiu ela, partindo do pressuposto de que o amante, de qualquer porte, conseguisse esconder-se ainda nu para escapar do flagrante: como explicar as roupas? Para minha amiga, o vestuário está cada vez mais assexuado. Logo, um par de tênis assim pequenos, um jeans de corte clássico ou uma básica Hering não denunciaria, necessariamente, homem algum. Lamento confessar que ela me descrevia... Então, lógico, única preocupação passaria a ser a cueca – que poderia voar pela janela ou ser colocada no lixo do banheiro. A danada parecia ter pensado em tudo!
A seguir foi categórica: amante gordo, jamais. De pesados, bastam os maridos! Os homens miúdos, opinião dela, tendiam a ser mais criativos, ágeis e dotados de bom fôlego. Também mais dóceis para o caso das propostas eróticas que incluem dominação, pois jamais seduziram mulheres na base da imposição física. Outra vantagem dos amantes pequenos seria a necessidade de eles, desde jovens, serem atenciosos e bons de papo. Enquanto os sarados eram assediados por todas as meninas, os miudinhos aprendiam a compreendê-las, valorizá-las, encantá-las, tornando-se uma melhor companhia. E eu nunca havia pensado nisso...
Foi quando eu tentei derrubar sua tese: e aquela específica questão anatômica, como ficaria? Afinal, na média, o corpo humano segue uma certa dose de proporcionalidade. Péssima idéia, pois escutei o que nenhum homem gosta de ouvir: se as mulheres levassem em conta o tamanho daquilo tanto quanto nós pensamos que elas levam, poucos maridos passariam no controle de qualidade. Casado que sou, me senti parte do grupo dos iludidos. Pior, sem saber se deveria me ofender ou me consolar.
Espera um minuto: pensando bem, qual teria sido a razão de ela entrar nesse tema, e com tal riqueza de detalhes, justamente comigo? Será que é por causa do meu manequim 38 e meu pé 37? Ou mesmo por causa do trabalhão que tive na adolescência para arrumar namoradas, enquanto os fortões tinham até duas por vez? Estaria ela tentando me dar algum recado indireto? Não, não, não pode ser. Prefiro acreditar na mera coincidência e ficar imaginando que tem outro magricela por aí, este sim, pegando todas!
Rubem Penz.
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