Que fantástico seria conservar sempre
a serenidade? Tenho inveja das pessoas que sempre conservam a serenidade, seja
qual seja a situação que enfrentam.
Serenidade é muito mais do que
domínio próprio. A gente consegue dominar-se, mas por dentro somos um vulcão em
erupção. A pessoa serena se domina e continua calma por dentro. Deve ser a paz
dos justos.
Então, serenidade tem que ver com
justiça? E o que é justiça? Aqui podemos começar a divagar e confundir. Está
sendo justo o juiz que interpreta a lei? Tratar a todos igual é ser justo? Quem
rouba um pão é igual a quem rouba R$ 1.000.000,00? Para alguns sim, para outros
não. Aqui entram os valores individuais e culturais e principalmente a
consciência de cada um.
Caso tomemos a justiça como parâmetro da
serenidade um juiz pode serenamente condenar a um homem a cinco anos de cadeia
por roubar um pão, e libertar outro que desfalcou R$ 1.000.000,00 porque o
advogado demonstrou que este último na realidade era um cleptomaníaco. O primeiro
não tinha dinheiro para pagar um advogado o segundo tinha uma alta soma de
dinheiro. Foi feita justiça? O juiz agiu dentro da lei, mas pode conservar a
serenidade?
Tentemos buscar outro caminho, a
serenidade vem da paz de espírito. Vem da certeza que temos agido de acordo a
nossos valores internos, aqueles que estão no âmago de nosso ser. Muitos
assassinos em série contam com a maior serenidade os crimes que cometeram, sem
alterar-se no mais mínimo. Outras pessoas, com a maior surpresa no olhar nos
dizem: O fiz porque acredito que o merecia!
Então a serenidade é uma virtude ou
na realidade é uma forma de iludir-nos? Será que a serenidade na realidade é
uma forma de enganar-nos? Já ouvi muitas pessoas dizerem: Fiz o melhor que
pude. E ficam serenas, tranquilas, em paz com elas mesmas.
O dicionário nos dá como sinônimos de
sereno: calmo, manso, suave, tranquilo, plácido; imperturbável, equilibrado,
inabalável. Já tentou ser sereno numa discussão? Eu já. Fiquei com fama de
indiferente e que não me envolvia emocionalmente com o problema. Quando pedimos
a uma pessoa que aja com serenidade, estamos pedindo que seja manso, tranquilo,
equilibrado. Quando um político pede ao povo que se mantenha sereno, está
pedindo calma, tranquilidade e equilíbrio. Tem uma frase da Bíblia que sempre
lembro: Cuidado com a ira dos mansos!
Não devemos abusar da serenidade que
as pessoas possam demonstrar. Sei por experiência própria que a serenidade é um
exercício que requer muito esforço de vontade e autocontrole. Um povo com
educação terá mais chances de manter a serenidade, sem educação pode ser mais
fácil de manipular por um tempo, mas chegará o dia que deixará de ser manso e
não haverá limites para sua revolta.
Não devemos esquecer a melhor
barreira para a destruição e a melhor ponte para o diálogo, sempre foi e sempre
será a educação e o respeito. Sem eles nenhum relacionamento sobrevive, nem um
casal, nem uma nação.
Boa reflexão.
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