Que rufem os tambores!
Vai começar mais um período de eleições para parlamentares estaduais, federais
e governantes de iguais esferas. Recolham as crianças das salas de TVs. Agora
será assunto só para adultos, ou maiores de dezesseis anos, os absolutamente
capazes como rege a constituição federal. Nesse confronto eleitoral, nossos
valores sociais deverão ser esquecidos. Não haverá pudor, remorso, respeito e
tampouco dignidade. As eleições são o reflexo do inconsciente, que mostra a
mais verdadeira e transparente forma decadente do ser humano.
Nesse cenário
apocalíptico pode de tudo, alguns se beneficiarão das mais diversas e
repugnantes manobras da oratória e outros, com certeza farão o emprego bem
aproveitado da retórica de Aristóteles, claro! Esses últimos serão candidatos
mais ilustres. Mas, uma coisa é certa, serão postas em prática, nesses poucos
minutos de espaço publicitário, toda a forma de convencimento possível.
O uso de tais
estratégias de argumentações vai depender do tempo que cada candidato
usufruirá. Veremos cenas que nem mesmo o pior filme trash se arriscaria em
filmar. Mas, política é política e, sob este prisma, os candidatos serão bem
criativos.
E para ilustrar ainda
mais esses programas eleitorais, os pretensos representantes do povo vão se
fazer valer das declarações desencontradas sobre a crise da Petrobras, daqueles
políticos governistas espevitados. Ou, dos programas sociais que não deram
resultados, das corrupções em empresas públicas, do mensalão, da compra de
refinarias e por aí vai.
Haverá quem se arrisque
a apresentar soluções para recuperar o País em 30 segundos. Este será o espaço
do protagonismo na propaganda eleitoral para muitos candidatos. Lembram do
Enéas Carneiro, do Prona? Tudo bem! Alguém vai me censurar e dizer que o cara
era brilhante, sei disso! Era um gênio. Tinha a altura de Einstein e não menos
digno. Porém, seu horário no programa eleitoral era de 30 segundos,
proporcional ao tamanho do partido e só dava para falar rápido e não se
entendia nada. Só o refrão; “meu nome é Enéas”.
Ele nunca teve tempo
para se apresentar. Era médico, mestre em cardiologia e o melhor e mais
conceituado em sua área, em especial em eletrocardiograma, o qual escreveu uma
obra que foi ícone, tratada com a bíblia de Enéas e em várias outras áreas teve
o mesmo valor. Tanto nas ciências humanas, quanto nas exatas.
Mas ninguém o conheceu o
suficiente na imensidão do Brasil. Não chegou a presidência do Brasil por falta
de espaço na mídia. Então quem vota no Brasil? Somos nós, o povo? Ou, nos
entregam na bandeja quem eles, os poderosos, querem que seja o nosso líder?
Este ano vai haver
coligações entre vários partidos, então haverá vários candidatos e aí novamente
os partidos menores terão um tempo bem reduzido. E em pouco tempo não há o que
falar. Suponho que será mais fácil e oportuno, para um político, falar qualquer
assunto menos a proposta de seu suposto mandato.
Com tantos candidatos e
tantos palanques montados duvido que após uma Copa do Mundo, no Brasil, onde o
tumulto será generalizado, haverá alguma viva alma que voltará a sair às ruas
para mais algum evento arriscando a própria vida. Sim! Fazem dos discursos de
campanha um evento para os militantes. Contudo, tamanha será a baderna que não
atrairá simpatizantes para ouvir as mesmas balelas e falar das mesmas
picuinhas.
Enfim, nós cansamos de
ouvir os políticos. Entra e sai o período de eleições e os discursos de
campanha são idênticos. Mudam-se somente as criaturas. E com tanta tecnologia,
suponho que os eleitores não ficaram diante as televisões ouvindo aqueles
velhos discursos empoeirados, que foram retirados da história e não de sinceros
pensamentos de idealistas.
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