terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Servir ou servir-se do povo?



Não há dúvida de que a política é necessária na organização da sociedade democrática, o exercício do poder para e pelo povo. Por princípio, o poder emana do povo e deve ser exercido em seu nome. Acabamos de ter as eleições para presidente da República, governadores, senadores e deputados federais e estaduais. Tivemos uma campanha, como de costume, de muitas promessas, para conquistar os votos do eleitor.
Pois mal termina a eleição, no final do ano, o Congresso Nacional, aprova, de forma muito rápida, um aumento de 61% de seus próprios salários. Por extensão, aumenta também, de forma exorbitante, o salário do presidente (+ de 149%) e ministros, governadores, secretários, deputados estaduais e vereadores. Um verdadeiro trem da alegria, que beneficia praticamente todos os agentes políticos.
Então, começamos a entender por que se gasta tanto numa campanha eleitoral. Como se viu, mais uma vez, nessa semana, trata-se de um bom negócio. A política deixa de ser um exercício do bem comum, para tornar-se uma atividade profissional. Um exercício, como se viu com esse aumento exagerado, sem ética. Onde ficou o povo no exercício do poder, pois deveria haver uma discussão pública do aumento de seus salários. Advogaram em causa própria.
Os altos salários também beneficiaram os partidos políticos. Sim, porque há um desconto para o fundo do partido. Quanto maior o salário dos agentes políticos, mais dinheiro entra nos cofres dos partidos. Por isso, não se viu dirigente partidário criticando a decisão do Congresso Nacional. Pelo contrário, a gastança durante a campanha eleitoral, agora poderá ser paga.
Entretanto, toda essa conta será paga pelo contribuinte. Quem teve aumentos de 61% em sua atividade empresarial ou nos salários?
Esse fato já é suficiente para demonstrar o verdadeiro assalto aos cofres públicos que representa esse aumento num país onde o gasto público na administração, portanto nos meios, é uma das mais altas do mundo. Para pagar esses altos salários, somadas aos exagerados auxílios parlamentares, deixarão de ser executados serviços públicos. Os tão prometidos serviços públicos de melhoria da educação, saúde, segurança, infraestrutura, etc. Bem, mas se faltar dinheiro, são os congressistas que têm o poder constitucional de aumentar a carga tributária. A receita dessa “ditadura civil” é que não tem limites para aprovar gastos pessoais e depois envia-se a conta ao cidadão.
Onde ficou o poder do povo? Apenas na retórica de um discurso lindo e convincente de campanha.
E, o salário mínimo como ficará? Terá também um aumento de 61%?
Impossível. Não há condições de dar um aumento com esse índice na sustentabilidade de empresas privadas e públicas, bem como nas contas da previdência. Se o aumento não pode ser para todos, então também não deve ser para alguns.
Pois de forma demagógica há poucos anos o Congresso Nacional aprovou um dispositivo de que “de hora em diante, o índice de aumento do salário dos congressista seria igual ao aumento do salário mínimo”(!?). A decisão foi muito saudada pelos grandes meios de comunicação. Na verdade, uma forma de enganar um povo sem visão crítica.
Um aumento de 10% para Congressistas e do salário mínimo não é a mesma coisa. Imaginem o trabalhador e o seu deputado chegarem ao supermercado para gastar um aumento “igualitário” de 10% de cada um. O trabalhador terá disponível um valor 10% sobre um salário de R$510,00. Portanto, gastará R$51,00 a mais. Já o seu deputado federal, poderá gastar os mesmos 10% sobre seu salário de R$26.000,00, ou seja, R$2.600,00. Somente, quando o deputado e seu eleitor chagam com seu carrinho no caixa do supermercado, vemos que 10% é diferente de 10%.
Até quando?


por Elmar Luiz Floss. (elmar@grupofloss.com)

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2 comentários:

  1. Exelente post.amigo William, já ganhavam muito e com esse aumento não há quem possa mais acreditar em fazer politicas por ideal, por amor, mudanças sociais,acho que politicos eleitos não devem concorrer novamente deveria dar uma folga de quatro anos,isso desanima,só o povo pode mudar.
    Abraço.

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  2. Foram abertos, na web, vários abaixo-assinados para conter este abuso, já que o presidente não pode vetá-lo.
    Como está muito disperso não sei em qual site deixar a minha assinatura. Alguma sugestão?

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