segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

CAPACIDADE DE ESTAR SÓ




Vivemos um período, não tão distante, em que estar só era vergonhoso e sinônimo de incapacidade de conseguir alguém para estar ao seu lado. A famosa dupla Roberto e Erasmo e as nossas avós nos ensinaram que devíamos preferir ficar "antes mal acompanhado do que só". Para algumas pessoas esta regra não caducou.

Apesar do sonho de muitos em juntar as escovas, hoje há uma variação sobre o mesmo tema que faz uma diferença que vai muito além do que a simples troca de palavras. O dito "antes só do que mal acompanhado" é uma versão moderninha, que tem virado realidade. Apesar de que, na ora do pegapracapá, nem sempre se sustenta pois, grande parte das pessoas não exercita a capacidade de estar só sobrecarregando as relações que estabelece.
É muito comum as pessoas se queixarem de solidão nos dias atuais. Talvez isto explique a opção de alguns preferirem manter uma relação a qualquer preço. Entretanto, para "fugir da fera da solidão" ou para elas:"ter um homem pra chamar de seu", como diz a música, nem sempre é necessário estar em um relacionamento que não seja satisfatório na maior parte do seu tempo. Muito pelo contrário.
É possível alguém estar sozinho e não se sentir só. Assim como é mais frequente do que gostaríamos as pessoas se sentirem solitárias mesmo na companhia de outros.
Estar só, na verdade, é uma capacidade. É algo que se constroi no decorrer da vida através de diversas experiências. Em tudo que fazemos podemos criar uma autonomia necessária para uma independência emocional que vai gerar relacionamentos mais sadios. Hoje, por exemplo, estão todos autorizados a não ter o casamento como a única porta de saída casa dos pais. Já temos claro que morar sozinho ou compartilhar o início da vida adulta com amigos pode ser um caminho bem mais interessante do que apressar um relacionamento com o objetivo de escapar da solidão.

No entanto, saber ficar só é um aprendizado que exige maturidade, autoconhecimento e condições de saúde mental para que não represente isolamento ou timidez exagerada diante da vida. As pessoas, as atividades que realizamos, os hobbies, os livros, os filmes, a culinária, o cuidado com o espaço que habitamos, com a gente e com nossa saúde são companhias das mais importantes. Não se sentir solitário quando se estiver sozinho ou mesmo com alguém é ter a capacidade de estar só. O que não é para qualquer um.

Por Patrícia Spindler.

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