sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Fantasiando Freud



Pesquisadores da origem da psicanálise descobriram recentemente que Sigmund Freud inaugurou a ciência do inconsciente em causa própria. Isso porque na adolescência, Freud sofria um forte processo de rejeição da galera da escola. O recalque de Freud resumia-se ao fato de que em vez de Freud, preferiria que seu sobrenome fosse Freund, cuja tradução é amigo. Freud não era alemão, mas conforme alguns amigos meus, dependendo do sotaque, tudo é alemão. O pai da psicanálise avaliava, que todo o tormento que vivia em sua puberdade resultava daí, ser Freud ao invés de Freund, o que por si só, lhe blindaria contra antipatias gratuitas. Conhecia aquela canção do Roberto que dizia-eu quero ter um milhão de amigos. Mal sabia ele que a turma toda o invejava pela sua capacidade de introspecção e inteligência ímpares, o que lhe permitia durante as aulas, fazer sessões de auto-hipnotismo regressivas, oscilando um medalhão herdado da idish mãe, que o deixava literalmente em alfa, o que era interpretado pelos professores apenas como concentração nas aulas, invariavelmente expositivas.
O sobrenome era uma praga na vida dele. Anos depois quando estudou fora do país de origem, na França, encontrou um motorista de táxi português que se arriava fazendo um trocadilho infame com buffet-froid, fonética igual ao nome da família, o que o levava a surtos histéricos de curta duração, enquanto durasse a corrida. Freud era elegante, tinha sempre um pin com uma pérola espetado no nó da gravata e preferia ser servido à francesa. No entanto, seguindo sua tendência masoquista, Sigmund usava sempre o mesmo motorista de táxi. Tinha até o telefone dele. Acabou fazendo amizade com o português, porque apesar das gozações crueis e implacaveis Freud mantinha com ele uma relação de afeto. Sabia que os portugueses eram saco de pancadas dos brasileiros assim como os poloneses são dos americanos. E se compadecia. Como se compadecia de sua própria incapacidade em construir amizades sólidas. Foi seguindo assim que Freud resolveu experimentar suas teorias nos outros, no que foi muito bem sucedido, diga-se de passagem. Tanto que até hoje é muito comum se ouvir a expressão-nem Freud explica-pra se ter ideia da capacidade de relativizar e racionalizar, que o austríaco tinha em desvendar sonhos e os mistérios da psique.

Por Mauro Blankenheim.(blogdoblanke@sinos.net)

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