quinta-feira, 8 de abril de 2010

Globalizar a solidariedade na era do conhecimento



Em meio a tantas possibilidades tecnológicas dos dias atuais, tempo de exuberância do conhecimento e da informação, faz-se necessário otimizar todo este potencial, em todos os aspectos, daí o imperativo de estudar e trabalhar, para o melhor aproveitamento das múltiplas oportunidades existentes. Isso desde cedo, por isso os pais devem estimular seus filhos ao estudo, à leitura, ao gosto pelo saber, para que as inteligências sejam desenvolvidas e aprimoradas, cada vez mais, gerando assim o acúmulo de conhecimento que precisamos para dar conta dos tantos desafios a nossa volta. Se a globalização é a era do conhecimento, temos que saber lidar com tantas informações, pois a informação por si só tem pouca validade, se não soubermos fazer as devidas associações e conexões, se não soubermos discernir entre muito material à disposição. Daí a inteligência e a criatividade, para não se deixar perder por tanta informação, e dar sentido a elas, não apenas para encontrar soluções práticas de dificuldades cotidianas, para como também e muito especialmente um sentido humano de vida.


Aí está o desafio: como globalizar valores humanos na sociedade pós-industrial e tecnológica? Não é um desafio fácil, porque há muitos questionamentos e a vigência de uma cultura permissiva e relativista, que dificulta a que sejamos capazes de nos ater ao essencial, porque tudo pode parecer tão interessante, acabando por nos iludir, sem que saibamos separar o essencial do supérfluo. Ainda mais na lógica da sociedade de consumo, imbuída por um hedonismo e por um individualismo difíceis de serem renunciados por valores altruístas. Por isso a solidariedade tem sido cada vez menos vivenciada, e cada um fica reduzido às suas necessidades imediatistas, no salve-se quem puder do mundo globalizado. Mas o conhecimento e as informações nos levam a refletir sobre tudo isso, e nos provocam a questionar este modelo egocêntrico de cultura, desafiando-nos constantemente a dar sentido ao nosso ser e fazer, na dimensão de que só há realização da pessoa humana, na relação com o outro, não fazendo ao próximo o que não queremos que façam conosco, reatualizando a máxima moral de ouro de todos os tempos, de que o nosso bem depende da nossa relação com o próximo, na medida em que garantimos também o bem de quem está próximo de nós.

Nesse sentido, queremos globalizar a solidariedade, no mundo do conhecimento, para que tantas possibilidades estejam realmente em proveito para o bem de todos.


Valmor Bolan é doutor em Sociologia.

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