Há uma crise no ar. A miséria e os sofrimentos atuais devem-se
ao afastamento da Luz e a humanidade não mais está recebendo essa força, pois
deixou de procurá-la, e com isso tudo tende ao limite crítico. É o
individualismo. Não está ocorrendo mais o acolhimento espontâneo, uma
característica bem brasileira, pois prevalecem os interesses pessoais. Os seres
humanos foram dotados da faculdade de
raciocinar para acompanhar os acontecimentos ligando-os com lógica, e estão
deixando de fazer isso por preguiça. Não compreendem o significado da vida e se
tornam escravos. A vida é uma peregrinação na busca da Luz da Verdade.
Nesta fase de turbulências, muitos seres humanos, dominados pelo
raciocínio, se acham confusos, desconfiados, irritadiços. Perderam a
consideração pelo próximo. Não querem ouvir o que o outro tem a dizer.
Tornam-se agressivos e mal humorados. Não se relacionam uns com os outros com o
coração. Em sua vaidade, não promovem a harmonização.
Jogam com os fatos
consumados, sem promover oportunidades para a conciliação dos conflitos,
permitindo o fortalecimento dos antagonismos. Deixaram-se escravizar pela ânsia
para sobressair e dominar, e se preciso for, se tornam tirânicos, prevalecendo
o sentimento de castas sobrepostas, gerando insatisfação. Falta a humildade
espiritual para reconhecer e observar as leis da Criação.
Na complicada forma dos relacionamentos humanos são notórias as
atitudes pueris em que prevalece um ranço de egocentrismo. O lamentável nisso
tudo é que deixa de haver uma visão compartilhada na busca do que é o certo.
Cada qual acha que já tem a verdade consigo, e tudo que o outro está falando é
supérfluo, e que ouvi-lo atentamente seria perda de tempo, ou
até mesmo um risco.
A vida está apresentando muita tristeza e sofrimentos porque as
pessoas criaram ilusões e fantasias, se afastando do verdadeiro amor, deixando
a raiva e o ódio crescerem. Elas não se comovem mais com o sofrimento dos
outros, pois se fecharam para a misericórdia. Em oposição ao amor auxiliador,
surgiram o medo e seu descendente, o ódio. O medo tem sido fortalecido por
diversas maneiras, sendo a ignorância a sua causa principal.
Os homens temem a possibilidade de receber represálias, de serem
ridicularizados e feridos em seu orgulho e vaidade. Deixam que o ódio cresça
para agir pelo mundo como resposta do raciocínio sem coração.
Segundo uma lenda, no coração dos seres
humanos vivem dois lobos: o lobo do amor e o lobo do ódio.
Ultimamente o lobo do ódio tem sido mais alimentado e, com a sua
agressividade, está se sobrepondo ao lobo do amor. Temos de fortalecer a boa
convivência e a cooperação, para que o lobo do ódio não predomine, pois este não
tem consideração, não quer doar nem fazer permuta de valores; com seu egoísmo,
só quer receber, produzindo a mais fria aspereza que se espalha pelo mundo.
Para fortalecer o acolhimento espontâneo as pessoas deveriam
conservar limpo o foco dos pensamentos para desenvolver a empatia, a
consideração, a generosidade, reprimindo a hostilidade, a arrogância e a
agressividade, pois somos todos peregrinos em busca da infindável evolução
espiritual.
Um melhor futuro é possível, mas é necessário o querer com seriedade,
que vem do coração, do eu interior com força total. Se os líderes e a população
mobilizarem todo o seu potencial, buscando valores que contribuam para melhorar
as condições que favoreçam o progresso real, para construir beneficamente ao
amparo das leis naturais da Criação, com certeza um futuro melhor será
alcançado. Depende apenas do nosso querer.
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