Problemas comuns do cotidiano como
questões financeiras, discussões com o cônjuge, traição, preocupações com os
filhos e até morte na família e violência doméstica, levam a emoções negativas
como angustia, tristeza, ansiedade e, mais que isso, podem levar mulheres
a aumentarem significativamente a ingestão de alimentos energéticos. Esse
é o principal resultado de uma pesquisa do Departamento de Clínica Médica da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. Nessas situações, os
pesquisadores verificaram que as pessoas não escolhem alimentos doces
saudáveis, como frutas, por exemplo, mas preferem os não saudáveis, que na
pesquisa foram representados pelo brigadeiro.
Para as pesquisadoras,
as nutricionistas Ana Carolina de Aguiar Moreira e sua orientadora
Rosa Wanda Diez Garcia, esse dado serve como um alerta para a população em
geral. “Como sempre temos algo para comer ao nosso alcance, quando sofremos
algum tipo de pressão, estresse, preocupação ou sentimentos que nos desagradam,
é fácil recorrer ao consumo de alguma coisa, principalmente doces para nos
aliviar. Isso é preocupante porque como estamos expostos a muitas tensões,
passamos a incorporar essa prática de nos aliviar com guloseimas o que pode
levar ao excesso de peso e, com este, pode vir associado uma série de
enfermidades crônicas, como diabetes e hipertensão.”
O objetivo do estudo foi verificar a
influência das emoções negativas, geradas por tensões do cotidiano, no consumo
energético e de doces considerados saudáveis e não saudáveis por mulheres com
sobrepeso e com peso normal, chamadas eutróficas.
Emoções e reações
Para chegar a esse resultado, 43 voluntárias, 20 com sobrepeso e 23 com peso normal, passaram por duas intervenções, com sessões de vídeos, em dias diferentes, com intervalo de no mínimo dois e no máximo de sete dias. Cada mulher assistiu a dois vídeos em pequenos grupos. O video que buscava gerar emoções negativas foi montado com trechos de histórias que abordavam problemas como: discussão entre cônjuges, problemas no trânsito, dificuldades financeiras, falta de reconhecimento no trabalho, acidente no trabalho, assédio sexual, precariedade no sistema público de saúde, traição, toxicodependência (álcool e drogas), morte na família e violência doméstica. O outro video que tinha o objetivo de não gerar emoção, abordava situações corriqueiras como: acordar, escovar os dentes, caminhar, conversar com colegas, arrumar a casa, dormir, entre outras.
Para chegar a esse resultado, 43 voluntárias, 20 com sobrepeso e 23 com peso normal, passaram por duas intervenções, com sessões de vídeos, em dias diferentes, com intervalo de no mínimo dois e no máximo de sete dias. Cada mulher assistiu a dois vídeos em pequenos grupos. O video que buscava gerar emoções negativas foi montado com trechos de histórias que abordavam problemas como: discussão entre cônjuges, problemas no trânsito, dificuldades financeiras, falta de reconhecimento no trabalho, acidente no trabalho, assédio sexual, precariedade no sistema público de saúde, traição, toxicodependência (álcool e drogas), morte na família e violência doméstica. O outro video que tinha o objetivo de não gerar emoção, abordava situações corriqueiras como: acordar, escovar os dentes, caminhar, conversar com colegas, arrumar a casa, dormir, entre outras.
Após as sessões, foram oferecidos
lanches às voluntárias. Elas puderam consumir à vontade. O lanche era composto
por salgados, pão de queijo e bolinha frita de queijo, e bebidas, suco de
laranja sem açúcar e refrigerante e, entre estes alimentos, haviam os alimentos
doces: uvas representando o doce saudável, e o brigadeiro, considerado não saudável.
Ao ser comparado o consumo energético
quando elas foram expostas ao vídeo com cenas como acordar e dormir, que visava
não gerar emoção, o consumo energético das mulheres com sobrepeso foi 39% maior
em relação àquelas com peso normal, mostrando que este grupo come mais que o
grupo de mulheres com peso normal.
Quando as mulheres de ambos os grupos
foram expostas às emoções geradas por problemas como questões financeiras e
violência doméstica, entre outros, os dois grupos aumentaram
significativamente o consumo energético, principalmente comendo doces não
saudáveis. “Curiosamente, as mulheres com peso normal apresentaram aumento
significativamente maior do que as participantes com sobrepeso, em relação ao
vídeo que visava não gerar emoção. Tanto o consumo energético foi maior, como o
de doce não saudável. Elas aumentaram em 82% a ingestão de doce não saudável e
51%, o consumo energético, enquanto o grupo com sobrepeso aumentou 48% e 39%,
respectivamente.”
Para as pesquisadoras, uma possível
explicação para esse resultado é que as pessoas com excesso de peso são mais
vigilantes e podem estar mais alertas para situações em que podem se
exceder. O grande diferencial desse estudo, segundo Ana Carolina, foi ter
avaliado a influência de emoções provocadas por problemas comuns do cotidiano.
“Geralmente, os estudos experimentais
abordam emoções muito especificas que não ocorrem com tanta frequência no dia a
dia e que, portanto, não simulam condições de vida mais realistas.”
A pesquisa de mestrado Influência
das emoções geradas por eventos de vida no consumo alimentar em mulheres
foi defendida em 2014, junto ao programa de pós-graduação em Clínica
Médica - Investigações Biomédica, na FMRP.
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