É difícil
de entender como tantos democratas brasileiros e latino-americanos – a
totalidade de esquerda, parte se reconhece como intelectual – quase vão ao orgasmo
ao falar de Cuba, a bela fazendola de Fidel Castro.
Ninguém, entre os ferrenhos
defensores desse regime foge para a ditadura da ilha, nem sonha em morar lá,
mas defende o que acontece no país sem se dar conta da esquizofrenia embutida
em tal postura.
Aliás, a
questão do êxodo é ponto crucial: desde janeiro de 1959, data em que os Castros
se adonaram do território e começaram os fuzilamentos e prisões em massa sem
qualquer julgamento civilizado centenas de milhares fugiram DA ilha e quantos
fugiram PARA a ilha? Mas que diabo de paraíso é esse que ninguém deseja
habitar?
Aos 16/17
anos, estágio em que a ignorância crê que sabemos tudo, é comum achar que
ditadura é opção contra as mazelas que afrontam. Nesse estágio de vida só o
insensível deixa de apoiar a utopia da felicidade. Mas, já adulto, após os
fatos provarem que a utopia só produz mortes, tortura, prisões, carnificina é
insensatez fechar olhos, ouvidos e bocas para a tragédia – daí perguntar se
Freud tem resposta.
Carl Jung não responde porque trata do sonho, não do
pesadelo. Nesse sentido, do México para baixo, só a ditadura Argentina, com 33
mil mortos, foi mais carniceira do que a ditadura de Fidel/Raul com seus mais
de 20 mil mortos, a maioria por fuzilamento sumário.
Aos 16/17
anos o mundo é terrível (para Fidel jovem insatisfeito é frescura burguesa, lá
ele iria para campo de trabalho forçado), quem terá coragem de consertar?
Assim, munidos da ultrassabedoria que Deus só dá aos adolescentes, vamos à
luta. Ao parar, tossimos a poeira ao constatar que integramos boiada enquanto
Fidel curte delicias de nababo em Cayo Piedra tomando leite de vacas importadas
e uísque escocês. (enquanto Fidel vive como burguês o turismo sexual se expande
e as adolescentes se prostituem em busca do dólar que pode reduzir a penúria do
cotidiano).
Cuba é
simples de entender quando a gente cresce: lá só há o Partido Comunista
mandando com mão de ferro na economia, ensino, imprensa, Judiciário,
sindicatos, associações e mente das pessoas. Fidel é exímio condutor de boiadas,
daí porque nossos democratas baixam a cabeça e o seguem cegamente? Repito o
espanto: por que tantos democratas apoiam a ditadura cubana? Não pode ser
apenas complexo de boiada!
O
fantástico é que se surge uma dúvida na vida do cubano (é raro, dúvida é coisa
de burguês decadente) o Departamento de Orientação Revolucionária (DOR) diz, em
nome de Fidel, como o camarada deve agir; estabelecendo, assim, o domínio de
corpo e mente como descreve Czeslaw Milosz, polonês Nobel de Literatura que
sentiu na carne o tacão dessas tiranias.
Que o cubano seja criança grande sem
alcançar a emancipação típica que faz cidadãos íntegros, não surpreende, é
assim nas tiranias. O que também nos leva apelar para Sigmund Freud é o cidadão
fora de Cuba se comportar como adolescente imberbe diante do que ocorre na
Ilha. Mais: como o jovem travesso contestador daqui apoia quem esmaga o jovem
travesso e contestador de Cuba?
A tirania
impede a emancipação do ser humano, tornando-o robô, dotando-o de nano
cidadania, mas no Brasil, o que gera a cegueira? O que produz a esquizofrenia
de condenarmos, em dado momento, as ditaduras e, no momento seguinte
defendermos a tirania cubana como faz parte da chamada esquerda brasileira e
significativo numero dessa categoria que denominamos de intelectual? Cartas
para a redação!
PS.: Com o
fim do embargo, burrice da diplomacia Big Stick dos EE.UU (só quem ganhou foi
Fidel), teremos em Cuba, assim como na Argentina e Brasil, uma Comissão da
Verdade que revele as atrocidades cometidas por uma das ultimas excrescências
do socialismo real (ao lado de Coréia do Norte) ainda existente no Planeta?
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