sábado, 8 de dezembro de 2012

Quem não foi índio levante a mão?

O maior sempre engole o menor! Quem não ouviu a trágica verdade? Quando abandonamos, em levas e aos poucos, o Leste da África para conquistar o mundo nós, os humanos, fomos criando aglomerações diversificadas que passamos a definir no decorrer do tempo como povos com usos e costumes peculiares.
 
Usos e costumes que foram sofrendo (e sofrem) mudanças constantes, modificações diuturnas imperceptíveis, pois a vida é movimento e nela nada permanece imutável. A intensidade do frio e do calor, o ambiente, o alimento (principalmente a proteína animal), o solo, a flora, a fauna, a percepção de novas realidades, o surgimento da fala, as descobertas (fogo), o avanço cientifico (roda, agulha, vidro), a invenção escrita foram, entre milhares de outros elementos, nos afetando num processo de moto contínuo que nos modifica a todo instante.
 
Espalhados pelos cinco continentes os descendentes do homo sapiens criaram incontáveis civilizações que, em contato umas com as outras, passaram a influenciar e ser influenciadas – com o mais forte impondo seu jeito de ser quando os choques, tidos como inevitáveis pelo nível cultural de diferentes épocas, ocorriam. Assim, civilizações nascem e civilizações morrem.
 
 É a dialética da natureza, perversa eu e todos sabemos, mas incontrolável: não há como segurar a história menos ainda voltar para ao passado. Nesse contexto é que se deve analisar a questão indígena entre nós.
 
O assunto foi mal encaminhado desde que os choques inevitáveis da intensificação da globalização e a chegada do português e do espanhol (que também foram índios) produziram. Com a predominância da civilização europeia que chegou (também com seu Deus, seus vícios e doenças), optamos, após anos de ações truculentas, pela reserva indígena. Espécie de confinamento perpétuo para impedir a emancipação desses povos como se fosse possível parar a roda da história e evitar que eles – protegendo seus usos e costumes na esfera do possível ditado pela dialética de que nada é estático – evoluíssem como os demais do planeta (portugueses e espanhóis, por exemplo) em idênticas circunstâncias.
 
Hoje, pasmos, nos damos conta que nada é mais anacrônico do que as reservas: 63% dos índios brasileiros possuem televisão, 51% contam com geladeiras, 36% tem telefone celular e cresce o numero dos que têm automóveis e internet. E a maioria só sobrevive com ajuda do Bolsa Família! Quando estão vivos graças à medicina do SUS?
 
Com tudo isso dentro de uma aldeia/reserva será possível falar em manter o modo de vida que tinham quando da chegada do homem branco? E o que produzem suas terras? Tenham a santa paciência, vamos parar de ser cínicos e de impor sofrimento a esses povos. Vamos respeitar o que sinalizam as principais lideranças deles e criar rumos para que possam efetivamente aproveitar as facilidades que a vida moderna oferece.
 
Claro, a sociedade e o Estado (e nossa consciência) não podem virar as costas para os problemas que afetam as populações indígenas (mesmo por que como cidadãos têm direitos constitucionais), mas crer que tudo se resume em dar terras é só prolongar o sofrimento delas.
 
Por ironia do destino, a disputa entre aceitar ou refutar a nova vida trazida pelo europeu já foi decidida lá traz com a posição do cacique Neenguiru, que se aliou ao colonizador e a morte do cacique Nheçu, que perdeu a batalha pelo status quo.
 
De mais a mais, como garantir o mesmo tipo de vida se o essencial deles – o deus Tupã, foi eliminado e em seu lugar colocado outro deus?
 
 
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