quinta-feira, 9 de junho de 2011
Seu filho também mente!!!
Todo mundo mente. Sim, às vezes nós tentamos nos convencer que habitamos um mundo idealizado onde a mentira não teria lugar, mas só de tentarmos dizer que não mentimos já de fato, contamos uma mentira. Talvez a maior delas.
A mentira, tanto eu quanto você, devemos admitir, é uma estrutura social e deve ser aceita em vez de tão maltratada. Ei, não estamos dizendo aqui que devemos começar a mentir desesperadamente. Até porque a maioria dos estudiosos do comportamento humano afirma que ninguém precisa de ajuda para mentir e que todo mundo, o dia todo, mente por variados motivos. Mentimos para não ter que alongar uma história desnecessária, mentimos para não ofender alguém (lembra da sua amiga gorda que pensa que emagreceu?), mentimos para nos sentirmos mais interessantes e, sim, mentimos para nos defender.
Claro que muitas vezes, mentimos sem ter a intenção de mentir. O que quero aqui é falar desse uso da mentira. Aliás, qualquer pessoa um pouco lúcida sabe que a mentira está impregnada nas relações sociais e que ela é um recurso do ser humano. Pensemos, em uma criança como exemplo de ser humano primário. A criança só entende rudimentos do comportamento social mas é capaz, quando quebra algo que desconfia ser importante, de inventar que não foi ela ou até mesmo dizer que foi outra pessoa. Não por maldade, é importante dizer, mas para defender-se de um possível castigo, que ainda que muito jovem, já considera provável. Logo, aqui, vemos a mentira usada como estratégia. Muitas vezes não mentimos por querer subjugar o mundo ou fazer com que todos se tornem menores que nós, estamos apenas tentando nos defender.
O problema, e é claro que existe um problema, reside na diferença, evidentemente sutil, que existe entre uma apologia da mentira pela mentira e a mentira como recurso de uma convivência social pacífica. Bem, essa crônica, amigos, não é uma apologia à mentira. Ela é, antes disso, uma apologia a olharmos a mentira sem mentira alguma. Ver a mentira como ela é, afinal, não dá para dizer a verdade o tempo todo. Acho que o leitor, inteligente, perspicaz, astuto, pode, com sua capacidade mental altamente sofisticada, me entender.
Mas, um momento, será que todo leitor é assim? Claro que não. Nem todos os leitores são pessoas dignas de apreço intelectual mas isso não faz com que todas as horas eu acuse as pessoas que não admiro com meu mau humor. E isso, digam o que quiserem, não se trata de mentir aos leitores mas sim, absolutamente, de querer conviver. Todo mundo sabe que gente que fala o que pensa o tempo todo, em ambiente de trabalho é excluído e na vida pessoal quase não tem amigos. Nem sempre as pessoas estão dispostas a ouvir a verdade. Podemos até, ocasionalmente dizê-la, mas devemos ter certeza de que o ouvinte está preparado. Eu, particularmente, hoje sou mais preparado para verdade do que já fui e foi bem duro perceber que durante muito tempo eu mentia para mim mesmo a meu respeito. Mas que se há de fazer? Um dia, mesmo que ninguém o diga, a verdade bate na sua cara e cabe à gente abaixar a cabeça. Só peça aos céus, e faça esforço para você não ser o tipo de pessoa inconveniente que traz aquelas verdades que, meu amigo, ninguém faz questão de conhecer, pois você vai sair do adjetivo de verdadeiro para o epíteto de “dono da verdade”, que ninguém quer ter.
No entanto, o que mais preocupa na relação que a mentira tem com a sociedade é o fato de que, na tentativa de entender a mentira como uma coisa negativa acabamos por não querer enxergá-la nem em nós e muito menos nos outros. Todos são capazes de mentir, menos nós e os nossos. Essa visão romanceada de nós mesmos ou de nossos parentes pode trazer certas frustrações, às vezes, com problemas sérios. O pai que se nega a perceber que o filho mente, como qualquer pessoa, pode estar perdendo a oportunidade de ensiná-lo algo valioso: a mentira não deve ser usada em qualquer circunstância.
É muito comum, e quem é professor sabe disso, que os pais hoje valorizem mais do que devem a palavra dos filhos. De forma alguma estou defendendo aqui uma família em que os pais não confiem em seus filhos. Mas ninguém pode dizer que o próprio filho não mente porque isso é humanamente impossível.
Se a mentira é, em algumas circunstâncias sociais, aceita e até recomendada para o bom convívio, ela deve ser observada na criança e no adolescente para que não se torne um comportamento vicioso e negativo que faça com que aquele indivíduo tente tirar proveito das mais variadas situações e principalmente dos outros.
É muito comum que pais chamados a qualquer escola digam que deve haver algum equívoco pois seus filhos não mentem, não falam palavrões, desconhecem termos vulgares que se relacionem ao ato sexual, jamais ofenderiam um colega, maltratariam um funcionário da escola ou agiriam com violência em relação à quem quer que seja. Nossos filhos, nossos anjos. E anjos não fumam no banheiro, não usam drogas, não faltam à escola para beber, não mentem sobre provas. As evidências são tantas que é comum que alguns pais perguntem: Você está mesmo falando do meu filho?
A questão aqui não é, repito, desconfiar dos filhos mas averiguar enquanto é tempo, pois a mentira é um caminho fácil. Parece um exagero, mas vocês se lembram quando o pai de um dos agressores da doméstica Sirley Dias disse em rede nacional que não queria que o filho fosse preso porque ele era uma criança? Entendem? Uma criança que é capaz de sair de um carro, roubar a bolsa de uma mulher e chutar várias vezes a cabeça dela, bem como outras partes de seu corpo. É evidente aqui que a visão que o pai tinha de seu filho e quem seu filho era de fato, são claramente diferentes.
Cabe a cada um, observar o filho, não com indiferença cruel, nem como romanceados floreios, mas apenas como ele deve ser olhado e será olhado pelo outros: um ser humano. E assim, como ser humano que é, sujeito a qualidades e virtudes, mas também defeitos e pecados.
Caetano Mondadori é professor de redação (caetanomondadori@gmail.com caetanomondadori.blogspot.com)
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Postado por
William Junior
às
18:06
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É um assunto bastante polêmico,mas que precisa ser descutido,até porque nós pais, temos que estar atentos ao comportamento de nossos filhos,caso contrário,problemas como estes acabam passando despercebidos.
ResponderExcluirMeu filho nunca mentiu,
ResponderExcluirnem em casa, nem na escola,
tão pouco nas casas dos colegas,
com os parentes, posso afirmar e por
minha vida em jogo que nem quando estão
viajando, sabe porque? Porque eu não tenho.
Rsrsrsrsrs...
Quando se pune a criança por dizer a verdade, ou fazer traquinices, esperamos que ela diga a verdade ?
ResponderExcluirOs pais querem a verdade dos filhos, mas apresentam comportamentos para com as crianças, que vão obter resultados opostos.
Assim, a mentira funciona como fator de libertação de uma possível punição.
E diz a doutrina, que só a verdade te salvará.
Quem vai dizer a verdade quando á partida sabe que vai ser condenado ?
A criança pode ser ignorante, mas aprende depressa.
Um abraço