Embora
sejam mais complexos, por conta de suas características tecnológicas, os
veículos híbridos estão certamente em uma fase mais madura do que os puramente
elétricos, em razão da possibilidade de funcionamento parcial ou total com
energia proveniente de combustíveis. Pode parecer contrassenso, visto que o
objetivo é justamente a substituição dos combustíveis por fontes mais limpas e
renováveis, porém o desenvolvimento dos híbridos contribui para a maturidade
das baterias com relação ao tempo de recarga e da infraestrutura, para que o
recarregamento não seja considerado um impeditivo para a troca de um carro
convencional por um elétrico.
Os
veículos híbridos estão obtendo uma considerável penetração em mercados onde os
governos incentivam fortemente essas tecnologias por meio de reduções fiscais
entre outros mecanismos. Mesmo no mercado nacional, onde não existe estímulo, é
possível verificar acréscimo gradativo no número de modelos ofertados. Isso é
resultado da necessidade de aumentar os volumes de produção para amortizar
investimentos que, aliás, são altíssimos.
Já os carros puramente elétricos
ainda dependem da superação de desafios relacionados à tecnologia e à
infraestrutura.
Postos
de abastecimento distribuídos pelos grandes centros urbanos são fundamentais,
assim como soluções para abastecimento em residências, condomínios, shoppings e
empresas. Algumas tecnologias já existem, porém o investimento versus retorno
ainda deve ser equacionado, para garantir o necessário retorno financeiro com
pontos de abastecimento, considerando a atual baixa quantidade de veículos
elétricos nas ruas e os cenários de curto, médio e longo prazos.
Outra questão
ainda a ser equacionada diz respeito às legislações de distribuição e venda de
energia.
A falta
de incentivos governamentais para compra, desenvolvimento e produção, a meu
ver, é o principal obstáculo para a expansão dos veículos elétricos e híbridos
no Brasil. Mas acredito também que a ausência de empresas automobilísticas
puramente nacionais e a apresentação do álcool ou dos motores a álcool como a
tecnologia ainda preferida pelo governo como solução para a diminuição da
dependência do petróleo são fatores que dificultam bastante essa expansão.
Como já exposto, tratam-se de novas tecnologias que requerem e já consumiram grandes investimentos iniciais que devem ser amortizados. No geral, os veículos elétricos e híbridos possuem preços mais altos do que os convencionais. São necessários incentivos para a compra como bônus diretos ou reduções significativas nos impostos que incidem nesses produtos. Seriam importantes também incentivos similares para a instalação de pontos de abastecimento.
Ambas
as tecnologias estão em processo de consolidação, no qual as empresas ainda
buscam o melhor balanço entre custo e benefício de cada componente-chave, como
baterias, sistemas de controle e recarregamento e tipos de hibridização para
cada nível de veículo e usuário, a fim de convencer o cliente a trocar de
tecnologia na próxima compra. A evolução para uma popularização mais abrangente
é notória. Considerando a grande mudança tecnológica e de mentalidade do
consumidor comum, o avanço observado até o momento é rápido e consistente.
Esses e
outros assuntos foram discutidos no 11º Simpósio SAE Brasil de Veículos
Elétricos e Híbridos, dia 11 deste, em São Paulo. Profissionais renomados da
indústria, academia e governo levaram novos conteúdos ao encontro que não só
contribui para o desenvolvimento da engenharia automotiva local como alavanca
assuntos e discussões-chave que nos ajudarão a vencer os desafios da
implementação dos veículos elétricos e híbridos no mercado brasileiro e
mundial.
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