Deslocamentos no eixo do planeta causados pela movimentação de massa
podem interferir na duração dos dias
Uma das frases mais
pronunciadas e ouvidas nos últimos dias tem sido “como os dias estão passando
rápido”. A dúvida que fica é: será que o tempo realmente está indo mais rápido
que o normal ou nós é que estamos correndo mais? Conforme o diretor do
Planetário da Universidade Federal de Goiás e astrofísico, Juan Bernardino
Marques Barrio, o encurtamento do tempo pode ser reflexo dos pequenos
deslocamentos que o planeta sofre.
De acordo com Juan
Barrio, esse deslocamento no eixo da Terra é algo natural e não é uma situação
que precise de tanta preocupação. Conforme o profissional, os eventos que geram
uma movimentação das placas tectônicas são os principais causadores do
deslocamento do eixo do planeta, os exemplos mais comuns são os terremotos.
O astrofísico
afirma que este deslocamento altera a velocidade de rotação do planeta e isto
pode fazer com que o tempo encurte um pouco. Juan Barrio afirma que “os
deslocamentos do eixo de rotação da Terra podem mudar a posição relativa das
massas dela e produzir uma pequena aceleração”. Ele ainda completa afirmando
que “provavelmente haverá uma pequena variação na duração do dia, algo que
depois volta ao normal, quando a Terra se recuperar deste deslocamento”.
Deslocamentos
Para ilustrar
melhor este deslocamento imagine uma bolinha de plástico parada com um pouco de
areia dentro. Qualquer movimento leve capaz de fazer a areia se concentrar mais
em outro lugar vai fazer com que a pequena esfera mude sua posição. Desta forma
acontece com a Terra. A concentração de massa ocasionada pela movimentação das
placas tectônicas fará com que ela tenha um leve desvio da linha do equador.
Mesmo que nenhum
desastre natural aconteça, a Terra pode sofrer um pequeno desequilíbrio no
eixo, já que as placas estão sempre se movimentando. Porém, com o passar do
tempo o planeta vai se recuperando do desequilíbrio e voltando à posição
normal.
Juan Barrio afirma
que não existe um fenômeno natural que possa ser citado como o que mais
deslocou a Terra. Algumas pessoas falam muito sobre o deslocamento que
aconteceu em 2011 por conta de uma das maiores catástrofes naturais que
aconteceu no Japão. Entretanto, o astrofísico afirma que até hoje o que mais
pode ter deslocado o planeta foram os impactos de meteoros durantes o processo
de formação.
Ele ressalta também
que quando analisamos o comportamento dinâmico da Terra e os fenômenos como o
magmatismo e o vulcanismo, a sedimentação, o metamorfismo, os terremotos e a
formação de recursos naturais, nós percebemos que isto interfere na própria
distância entre os continentes. É claro que esta mudança só pode ser percebida
após dezenas de milhões de anos, mas ao interferirem na posição dentro do
planeta acaba interferindo no eixo por conta da concentração de massa.
Uma situação que
parece não interferir muito, mas que caso continuem acontecendo podem gerar
deslocamentos mais constantes são as secas, inundações e mudanças climáticas
inesperadas. Sobre esta questão o astrofísico afirma que nós “temos que mudar
nossas atitudes e não esperar que os outros o façam. O convite é individual e
intransferível, pode ter certeza”.
Tempo
Para exemplificar a
relação entre a posição do planeta e o tempo Juan Barrio usou os movimentos de
uma patinadora. Conforme ele, a velocidade de rotação da Terra é semelhante com
o momento em que a patinadora “recolhe os braços durante um giro, para virar
mais rápido no gelo. Quanto mais próximo da linha do equador está o
deslocamento de massa durante um tremor, mais ele irá acelerar a rotação da
Terra”.
Quando um terremoto
acontece a distribuição da massa no planeta é deslocada e isso faz com que a
velocidade de rotação aumente mais e com isso o dia de 24 horas perde alguns
microssegundos. Ele garante que o tempo é encurtado muito pouco o que é quase
imperceptível, mas que o acúmulo de pequenas alterações acontecendo
constantemente podem ganhar grandes proporções, bem acima das que são
observadas hoje.
Outra questão
interessante é com relação à quantidade de descarga elétrica que incide sobre a
Terra por conta de raios. Juan explica que essa intensa atividade altera a
ionosfera (a camada mais externa da atmosfera) e acaba “acelerando o tempo à
medida que aumenta o numero dos ciclos magnéticos, fazendo o dia parecer mais
curto”.
Como a Terra se
recupera do deslocamento depois de certo período, o tempo também volta a seguir
normalmente até que outro “desequilíbrio” aconteça. O astrofísico afirma que a
interferência é tão pequena que é difícil até para ser medida, mas que esta
alteração no tempo relativo do planeta “traz consequências a nossa percepção de
que realmente o tempo está passando mais rápido”.
Catástrofes e mudanças
Em dezembro de 2004
a costa oeste de Sumatra, na Indonésia, sofreu um terremoto de aproximadamente
9,1 de magnitude registrado pela escala Richter. O tremor que ficou conhecido
com Terremoto de Sumatra-Andaman gerou vários tsunamis e vitimou milhares de
pessoas em vários países.
O abalo foi um dos
mais violentos já registrados desde 1960 e foi responsável por um deslocamento
no eixo da Terra de 7 centímetros. O dia sofreu, depois desta catástrofe, um
encurtamento de 6,8 microssegundos. Os reflexos deste terremoto afetaram a Ilha
de Samatra na Indonésia, o Sri Lanka, Estados da Índia, estâncias turísticas da
Tailândia, Malásia, Ilhas Maldivas e Bangladesh.
No fim do mês de
fevereiro de 2010 o Chile sofreu com um terremoto que atingiu uma magnitude de
8,8 registrado na escala de magnitude do momento (MMS). Os tremores foram
sentidos em algumas cidades argentinas e 53 países receberam alertas de
possíveis tsunamis.
O terremoto, que
teve aproximadamente três minutos, deslocou o eixo da Terra em cerca de 8
centímetros. Esta alteração resultou em uma aceleração no tempo de rotação do
planeta que acabou reduzindo o tempo em cerca de 1,3 microssegundos. O tremor aconteceu
por conta do choque entre a Placa de Nazca e a Placa Sul-Americana.
No ano de 2011 o
Japão sofreu as consequências de um dos maiores terremotos que já atingiu a
região. O tremor acabou gerando um enorme tsunami que deixou algumas cidades
devastadas e resultou na morte de milhares de pessoas. Além de deslocar o eixo
da Terra, a catástrofe deslocou uma das principais ilhas do país em
aproximadamente 2,4 metros.
A catástrofe foi
uma das que mais deslocaram o eixo do planeta. O terremoto foi o responsável
pelo deslocamento de 17 centímetros e por conta disto o tempo sofreu uma
redução de 1,8 microssegundos.
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A percepção que temos do tempo passar mais rápido se dá, em minha opinião, devido a grande quantidade de compromissos e prazos que temos que cumprir em nosso dia-a-dia.
ResponderExcluirOs Benefícios da Previdência