Brasileiros e chineses colocam em órbita
na segunda-feira (9) o quarto satélite de sensoriamento remoto produzido pelos dois
países. À 1h26, horário de Brasília, será lançado o satélite que vai mapear e
registrar os territórios e atividades agrícolas, desmatamento, mudanças na
vegetação e expansão urbana.
O projeto faz parte do Programa
Sino-Brasileiro de Satélites de Recursos Terrestres (Cbers, na sigla em inglês)
e será lançado após três anos de ausência nesse nível de monitoramento, devido
à desativação do anterior e a atrasos na nova operação.
Integrado ao foguete Longa Marcha 4B, o
Cbers-3 vai viajar durante apenas 12 minutos e atingir 780 quilômetros de
altitude, quando iniciará a etapa de estabilização e de entrada em órbita. Após
ser posicionado e ter seus equipamentos acionados, o satélite passará por uma
fase de checagem dos equipamentos e da qualidade das imagens, para, três meses
depois, serem disponibilizadas ao público.
O Cbers-3, construído pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Academia Chinesa de Tecnologia
Espacial, retoma a transmissão de imagens enviadas anteriormente pelo Cbers-2B,
que deixou de funcionar em 2010. Antes, o Cbers-1 e o Cbers-2 tinham sido
enviados por Brasil e China em 1999 e 2003, respectivamente.
Para o Coordenador do Segmento de
Aplicações do Programa Cbers, José Carlos Neves Epiphânio, mesmo com a
interrupção do monitoramento feito pelos satélites Cbers, o Inpe manteve
acordos com outros países para que os dados sobre o Brasil continuassem sendo
usados. O órgão mantém um catálogo de imagens feitas por diversos satélites e
disponíveis gratuitamente na internet, no endereço
http://www.dgi.inpe.br/CDSR/.
O investimento brasileiro na construção
do Cbers 3 chegou a R$ 300 milhões, entre as despesas do instituto, da
contratação de empresas especializadas e da compra de equipamentos. De acordo
com o coordenador, os efeitos da disponibilização das imagens a pesquisadores,
instituições de ensino e cidadãos comuns conseguem superar o valor gasto. “Se
há um programa caro neste país que se pagou é o CBERS, porque o benefício
social é uma coisa espantosa.”
Segundo Epiphânio, que é pós-doutor em
sensoriamento remoto, a construção do Cbers-3 foi dividida igualmente entre os
dois países. Nos modelos anteriores, a China era responsável pela produção de
70% do satélite. Uma vez assinado o acordo, é definido o país que vai fabricar
cada componente, como painel solar, controle térmico, sistema de gravação, além
das câmeras que, acopladas ao satélite, produzem as imagens usadas em estudos
ecológicos, industriais, geológicos e agrícolas.
“O legal do CBERS-3 é que ele vai ter um
kit de câmeras bastante versátil. As câmeras foram totalmente remodeladas e,
com isso, as fotos serão mais detalhadas. Será possível notar, por exemplo, a
composição colorida dos objetos”, explica. Segundo Epiphânio, duas das quatro
câmeras do satélite foram produzidas no Brasil.
Ele explica que o projeto para o Cbers-3
foi feito de acordo com o Cbers-4, que deve ser lançado daqui a dois anos. Como
a responsabilidade é compartilhada, caberá aos brasileiros a organização do
lançamento, sendo ou não no território brasileiro. A expectativa, segundo ele,
é grande. Os engenheiros brasileiros estão confiantes porque foram feitos todos
os testes, e o histórico do lançador de foguetes é satisfatório.
Os ministros da Ciência, Tecnologia e
Inovação, Antonio Raupp, e das Comunicações, Paulo Bernardo, acompanharão o
lançamento em Taiyuan, província chinesa de Shanxi. No mês passado, o assunto
foi discutido pelo vice-presidente, Michel Temer, quando chefiou a delegação
brasileira na reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação
e Cooperação (Cosban).
Agência Brasil.
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Como encarar a realidade: o satélite se perdeu porque o motor NÃO funcionou. Fica a pergunta: faltou humildade aos "engenheiros" brasileiros?
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