Pesquisadores
de Los Angeles, nos Estados Unidos, concluíram que os latinos são mais
propensos a desenvolver diabetes do tipo 2 quando comparados aos brancos e aos
grupos étnicos africanos. A conclusão se baseia no fato de os latino-americanos
armazenarem mais gordura no pâncreas e, portanto, produzirem menos insulina.
Segundo pesquisas recentes, o diabetes tipo 2 corresponde a cerca de 90% dos
casos da doença. No Brasil, de acordo com o Censo 2010 do IBGE existem 10
milhões de pessoas que possuem esse tipo diabetes. No Estado de Goiás, a
Sociedade Goiana de Endocrinologia estima que 475 mil habitantes possuem o
diabetes tipo 2.
Esse tipo
da doença é um distúrbio metabólico caracterizado pelo elevado nível de glicose
(açúcar) no sangue e de resistência à insulina e insuficiência relativa de
insulina. O tratamento inicial inclui exercícios físicos e alterações na dieta
alimentar. Se as medidas não reduzirem o nível de glicose no sangue, pode ser
necessário recorrer à administração de medicamentos.
“Sabemos há
algum tempo que alguns grupos étnicos, incluindo os latinos, são mais
vulneráveis a desenvolver diabetes tipo 2, mas esse estudo explora as razões
que levam a isso”, disse a diretora do laboratório do Instituto de Ressonância
Magnética Cedars-Sinai Heart, em Los Angeles, Lidia Szczepaniak
A pesquisa
foi publicada na revista Diabetes Care e mostra o estudo feito com 100
indivíduos: brancos, negros e latinos de ambos os sexos. Foram escolhidas
pessoas de compleição semelhante – peso e altura – na faixa dos 38 a 40 anos e
com sintomas de pré-diabetes.
Os
pesquisadores descobriram que os latinos armazenam mais gordura no pâncreas,
que por sua vez se torna menos capaz de produzir insulina suficiente,
aumentando os riscos de desenvolver diabetes tipo 2, de acordo com o estudo do
Instituto Cedars-Sinai Heart em Los Angeles e do Instituto para Pesquisa do
Diabetes e Obesidade.
“Sabendo
que os latinos são mais propensos a acumular gordura no pâncreas, podemos
identificar algumas estratégias para prevenir secreção anormal de insulina”,
disse a especialista. Em comunicado, o responsável pela pesquisa, Richard
Bergman, informou que “a prevenção do diabetes é a meta” do estudo.
“Nem todos
que estão com sobrepeso ou obesos desenvolvem diabetes. Se pudermos determinar
quem é mais propenso a desenvolver diabetes poderemos avançar na prevenção”,
diz o texto de Bergman.
Na
pesquisa, os adultos latinos, brancos e negros fizeram três testes: um de
tolerância oral à glicose, um exame de sangue para avaliar a resistência à
insulina e uma ressonância magnética para avaliar os níveis de gordura no
pâncreas e fígado. Os resultados mostraram que os latinos e os brancos
apresentam uma taxa três vezes maior de gordura no pâncreas em comparação aos
negros.
O
endocrinologista e presidente da Sociedade Goiana de Endocrinologia e
Metabologia (SBEM Goiás), Sérgio Alberto Cunha Vêncio, explica que o acúmulo de
gordura no pâncreas de latinos se dá por questões étnicas. “Foram anos e anos
ingerindo comidas mais gordurosas, mais carne, por isso a propensão a esse tipo
de diabetes. Se comparamos nosso povo com os asiáticos, perceberemos que eles
possuem uma massa corpórea bem menor. Isso acontece porque os japoneses, por
exemplo, são acostumados a ingerir comidas mais leves”, afirma.
O
endocrinologista alerta que os latinos devem ficar mais atentos para evitar a
doença, que na maioria dos casos surge depois dos 30 anos. “Aqueles que possuem
familiares com diabetes tipo 2 devem fazer exames periodicamente. Quanto mais
cedo a doença for descoberta, melhor. Na maioria das vezes, os pacientes só
descobrem que estão com a enfermidade quando a glicemia já está muito alta”,
explica Sérgio.
O
ginecologista Carlos Carneiro, 59, descobriu que tinha diabetes tipo 2 há 15
anos. O médico percebeu que algo estava errado quando perdeu muito peso em um
curto período de tempo. Depois de realizar um exame de glicemia, descobriu que
possuía a doença. Atualmente, Carlos precisa tomar insulina duas vezes ao dia
para controlar a taxa glicêmica. O médico ressalta que manter uma dieta
balanceada acaba se tornando difícil por causa de sua profissão. “Faço muitos
plantões e na maioria das vezes tenho que comer no hospital, isso atrapalha na
dieta”, comenta. (Colaborou Cecília Preda)
Fonte: Agência
Brasil.
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