quarta-feira, 18 de maio de 2011
Ensinar a ler é ótimo; a interpretar é fundamental para vida toda
Ninguém sabe ler de antemão, e isto não se refere apenas à decifração de códigos, letras e frases, mas, sim, ao desenvolvimento de capacidades leitoras diversas, como, por exemplo, a de inferir sentidos. Frequentemente, a relevância da leitura para a vida em sociedade é debatida.
São várias as preocupações de pais e educadores no que se refere às exigências sociais associadas a ela, seja em função de atividades profissionais que exigem comunicação verbal eficiente e boa redação, seja em função de necessidades mais gerais, relativas à inserção social, o que demanda saber ler diferentes tipos de texto ou mesmo saber utilizar o nível de linguagem adequado a diferentes situações. Ainda que existam, hoje, muitas mídias que viabilizam o acesso rápido e irrestrito a informações úteis para a vida cotidiana, o texto escrito é ainda o meio fundamental de obtenção do conhecimento.
Isto porque ele oferece ao leitor possibilidades de interpretação e, portanto, maior autonomia.
Quando lemos, também construímos os sentidos, pensamos autonomamente, elaboramos nossas indagações. O leitor é aquele que reescreve o significado do texto a partir de sua interação com as intenções de quem escreveu. Se a importância da leitura é consensual, a constatação de que nossos filhos leem mal desperta grande inquietação, além do desejo de ajudá-los no processo de aquisição da capacidade de ler com eficiência e inteligência.
O primeiro passo para ensinar a ler textos de maior complexidade é justamente o de compreender o quão complexo pode ser para as crianças e os jovens um texto que, para nós, adultos, é relativamente fácil ou óbvio. Nesse processo, não existem obviedades. O que é claro e evidente para mim nem sempre o é para uma criança. Ela detém um repertório mais restrito, tanto de palavras, quanto de experiências. O que nos induz ao próximo passo: ensinar a ler exige a intervenção ou a mediação ativa de quem propõe a leitura, sejam pais ou professores. E tomando o cuidado de não ler para a criança, substituindo sua experiência de leitura. Assim, estaremos ensinando que ler é mais do que decifrar letras: ler é pensar sobre o que se lê. E isso fará toda a diferença no futuro. Outro elemento importante para permitir o aprendizado dessa atividade é possibilitar o acesso da criança à maior variedade possível de textos, em diversas situações sociais de leitura.
Ler é algo que se desenvolve por meio da imersão em sua prática, não atividade exercida de modo descontextualizado da vida em sociedade. De acordo com essa visão, o adulto precisa mostrar para a criança como os textos que circulam na sociedade podem ser usados a fim de que ela compreenda os seus sentidos. Charges ou tirinhas de jornal, por exemplo, muitas vezes, não são compreendidas pelos mais novos. “O que tem de engraçado aqui?”, perguntam-se.
Isto ocorre quando o efeito de humor passa por um dado cultural desconhecido pelo jovem leitor. Esse dado pode ser apenas uma palavra de duplo sentido ou até mesmo um pressuposto que exige o reconhecimento de fatos políticos ou históricos.
Propagandas estabelecem relações de sentido que podem ser inferidas de acordo com a intenção daqueles que as produziram e com o público a que se destinam os produtos. Uma notícia pode ser escrita com diferentes intencionalidades, visando a finalidades que não são apenas as de informar.
Da mesma maneira, um artigo de opinião pode refletir tendências ideológicas de quem o publica. Compreender essas relações não é fácil, nem pode ser dado como pré-requisito. Como já se afirmou aqui, ninguém sabe tudo de antemão; ou seja, a criança precisa ser ensinada a ler com profundidade.
A atitude do adulto diante da leitura deve ser positiva, se ele quiser influenciar o jovem a ler mais e melhor. Essa postura inclui necessariamente um envolvimento afetivo com o que lê. O adulto é quem oferece um modelo de leitura para o aluno-leitor, servindo-lhe de exemplo e espelho. Caso a criança não reconheça a importância da leitura nas atitudes do adulto, seu modelo, qualquer estratégia será em vão. Continuamos ensinando melhor por nossas obras do que por nossos discursos.
Por José Ruy Lozano.
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Postado por
William Junior
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11:13
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seu blog continua fazendo muito sucesso meu amigo e claro to aqui sempre contribuindo com eu site deixando meus comentarios ate mais
ResponderExcluirjunior