sábado, 9 de janeiro de 2010
Deus não é um delírio
Assunto delicado esse. Quem se aventurar a abordá-lo, que o faça cheio de dedos, pisando em ovos, para não viajar na maionese. Qualquer escorregão dá azo a deturpações. Tema dicotômico, do tipo é ou não é, de ser ou não ser, de crer ou não crer. Refiro-me à oposição evolucionismo x criacionismo. Por trás dos argumentos de ambos os lados, subsiste a medular indagação sobre a existência ou não de Deus.
Não sou teólogo nem filósofo. Pretendo-me cristão. Portanto, recuso-me a aceitar a idéia de que Deus é um delírio, como quer o biólogo norte-americano Richard Dawkins. A começar pela constatação do universo ser o que é – fantasticamente descomunal e organizado em tantos aspectos. O universo é original e sofisticado. Assim como o original não se desoriginaliza, os detalhes do universo expõem a manifestação de um Ser muito superior.
Shakeaspere punha na boca de seus personagens intrigantes dilemas existenciais: “Ser ou não ser, eis a questão.” “Há muito mais coisa entre o céu e a terra do que imagina nossa vã filosofia.” Esta última frase cai bem ao contexto, pois há aqueles que não só não crêem como também desconstituem a crença alheia. Incapacidade de intuição combinada com presunção. Minhoca se jactando de desenhar o mapa mundi.
A Bíblia não tem a obrigação de ser um compêndio de história natural. Não é cartesiana – é Divina. É antes um livro sobrenatural, que, embora escrito, sobretudo no velho testamento, em linguagem digamos arcaica, se revela no arremate do Novo Testamento, insuperável código de ética.
A lógica é réptil. A fé é alada. A primeira é aplicável às coisas do mundo; esta, a fé, vale para nossa aproximação com o Criador. A lógica é poderosa ferramenta a serviço do palpável, do verificável, do dedutível. Para nos levar a Deus, é muito pouco. É como alguém chegar diante de uma tela de Kandinski e perguntar: “o que significa isso?”
Parece simplista, mas não acredito que o homem descenda de um macaco, senão esse primata já teria deixado de existir, por ter evoluído. Homem é homem, macaco é macaco. São espécies distintas. Respeitemos Darwin com sua teoria, válida na maioria dos aspectos, importantes para a ciência – mas o evolucionismo não se presta para as considerações das coisas divinas. Cada macaco no seu galho.
Axiomas como “dois e dois são quadro”, “toda causa produz um efeito” podem, contudo ser generalizados para “todo efeito inteligente provém de uma causa inteligente”. Assim como na Biologia constatou-se que não há geração espontânea, poderíamos dizer, usando de nossa modesta lógica, que o caos não se “descaotiza”, não se organiza sozinho. Seria como imaginar alguém sentado no chão pretender levantar-se puxando, ele próprio, seus fios de cabelo.
Esse mundo “humano, demasiadamente humano”, anda cada dia mais perverso. Não faltam diagnósticos de especialistas para tantos infortúnios, todos extraídos de nossas variáveis terrenas e de nosso errático saber acumulado. Vivemos um materialismo patológico, a meu ver, matriz da desmedida ambição, do desrespeito ao próximo. Falta mais espiritualidade às pessoas, mas os entendidos pregam uma educação pasteurizada sob esse aspecto; somos levados a nos comportar de modo politicamente correto. Algo como “nem contra nem a favor, muito pelo contrário”. Tudo pelo caráter laico da apropriação do saber. Contudo, penso que, se cada aluno saísse do ensino fundamental tendo lido e refletido sobre a mensagem de Jesus nos quatro Evangelhos, comporíamos um mundo menos autofágico.
As pessoas anseiam por um código de ética, mas algo que seja a essência da Justiça. A mensagem de Cristo, baseada no princípio da não-violência, no mínimo, não faz mal nenhum. “Tudo o que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também a eles” (Mateus 7:12). “Quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que a sua mão direita faz” (Mateus 6:3). “Não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons” (Lucas 6:43). “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra” (João 8:7). E a parábola do filho pródigo? E o sermão da montanha?
A lições e o exemplo de Jesus são incontestáveis. Nosso cinismo reduz esse fantástico Ser a uma figura, nesta época natalina, menos lembrada do que o fictício Noel. Pena não dispormos de humildade para disseminar os ensinamentos de Cristo, consistentes e transformadores em todas as instâncias, do púlpito à cátedra, da igreja à família, passando pela escola.
por: Idelmar de Paiva.
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Postado por
William Junior
às
20:37
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Willian
ResponderExcluirEstou pasmo, com tantas definições para o assunto.
Resumindo ha aqueles que acreditem ser apenas uma história ou lenda contada por tantos a existências de Deus, os que pensam desta forma não sofreram ou não conhecem a realidade da fé, jamais poderiamos definir Deus como um delírio, isto não tem sentido.
Em diversas crenças e de formas e maneiras diferentes ele é adorado seguindo-se seus principais ensinamentos.
Todos o definem como um ser superior e único cultuado de formas diferentes.
Respeitando-se todas as crenças deveriamos unir nossas mãos e agradecer por nossa existência, e aqueles que entenderem que Ele é um delírio que seja feliz a sua maneira e sofrimento.
Parabens pelo post.
Adorei suas palavras.
Um abraço
Mad
Ser ou não ser, já comentava um certo escritor Inglês. Mas com certeza o tempo é melhor resposta, em qualquer idade de nossa vida, se comentar será proselitismo, poderia até falar em apologéticas, em com direcionar certos assuntos com respostas sabidamente conduzida para aquela mais próxima possível sem ferir posições, filosóficas ou não, ou até em contradizer os místicos talvez, pois o espaço aqui é o livre e o liberal, pode-se ter os pensamentos diversificados dos demais e quais as conclusões que se teria em diversos contra pontos possíveis, mas mesmo assim a quem poderia interessar tal debate no campo das idéias ou da filosofia ou ainda das ciências o que realmente importaria, pois independentemente de se acreditar ou não pouco importa para os demais, ou par outros se Negarem a existência de DEUS, apenas como poderiam se posicionarem com ateus ou não, digo também que em outras culturas como em certas tribos que não conhecem a Apresentação que prega o Cristianismo, como poderão ser definidos, pois para valer uma regra há necessidade de uma exceção, digo mais como crerão se não houver que lhe pregue(falarem) ou dizer, pois é sabido que assim caminha a humanidade, mas quem viver ainda verá em tempo todas as suas dúvidas respondidas, mesmo que continuem a não quererem enxergar, pois não é por força e nem por violência, ou seja tem que ser de dentro para fora e não o contrário...
ResponderExcluirWilliam,
ResponderExcluirAcredito que o que falta nas escolas é educação cívica, não aulas de religião. Essas devem ser dadas por escolha dos genitores enquanto crianças, depois devem seguir seus caminhos. Entretanto concordo com o texto. Vou além, não precisamos sequer da leitura da Biblia, basta observar a harmoniosa natureza que não tenha sido tocada pelo homem. O Criador nos deu generosamente tudo o que precisamos, inclusive a máquina mais perfeita do mundo: o nosso corpo.
Respeito quem não acredita em Deus, mas fico pensando: como podem considerar a nossa descendencia (evolução) do macaco?
Beijocas
Willian,
ResponderExcluirAmaioria das pessoas que negam a criação e a existência de um criador, o fazem por tabela. Explico: Se eu acredito em um criador, o mais próximo de uma descrição sua só encontro na Bíblia; Se eu acredito na Bíblia, e confesso que ela tem razão, devo então levar em conta os demais escritos contidos nela; Se o faço, descubro que é necessária uma atitude de arrependimento e humilhação diante do Todo-Poderoso Deus, Juiz dos vivos e dos mortos; e se chego a esta conclusão, acabo precisando mudar muita coisa em mim.
Quantos estão dispostos?
Um abraço.