Com a promessa do anonimato, usuários cedem ao apelo
do aplicativo para celulares Secret e revelam seus segredos. Ele permite fazer
confidências sobre si mesmo ou outras pessoas por meio de posts com textos ou
fotos - ou também compartilhar amenidades e brincadeiras -, sem que o autor
tenha sua identidade declarada, e se conectar tanto com conhecidos como com
desconhecidos, que interagem por meio de comentários e curtidas.
A ideia de seus criadores nos Estados Unidos até
pode ter sido boa, já que o programa incentiva o compartilhamento de
pensamentos e sentimentos que às vezes são difíceis de serem revelados em
outras situações. Porém, a condição de anonimato acabou criando um espaço
aparentemente sem lei, em que se pode falar de tudo, inclusive propagar
calúnias, difamações e imagens constrangedoras sem a devida autorização.
O Secret é mais uma ferramenta de relacionamento com
infinitas possibilidades, que podem ser usadas para o bem e para o mal. O
problema é quando ele é mal utilizado. O que era para ser um diário aberto
virtual bacana em alguns casos tornou-se uma grande rede de intrigas e fofocas.
Ou, pior, um espaço utilizado por alguns para promover o cyberbullying -
agressão, intimidação ou humilhação de terceiros na esfera virtual -, a
intolerância, o preconceito e até mesmo a pedofilia.
Mesmo quando essa violência é provocada sem intenção
de machucar, geralmente por pessoas que não pensam nas consequências de seus
atos, ela resulta na vitimização especialmente da criança ou do jovem,
causando-lhe sofrimento, perturbação e diversos danos. Como em tudo na vida, é
preciso pensar bem antes de agir, e não o contrário.
O aplicativo está disponível para download no Brasil
há poucos meses e tem provocado muitas reclamações. Quem se sentir ofendido com
um conteúdo que julgar inadequado pode denunciar o post ou até bloquear o autor
da postagem no aplicativo. Em casos mais sérios, é possível também prestar
queixa na delegacia. Já há, inclusive, pedidos de vítimas de postagens maldosas
na Justiça para que o Secret não possa mais ser usado por aqui.
A internet é livre, mas não pode esconder ações
erradas pelo anonimato. Não é tão fácil encontrar o autor de uma ofensa
virtual, mas também não é impossível. De acordo com especialistas em crimes
cibernéticos, tudo o que é feito na internet deixa rastros. Quer postar um
segredo seu ou contar algo sobre outra pessoa nas redes? Então se prepare para
correr o risco de ter que assumir as consequências e eventualmente enfrentar
até mesmo um processo por ter ofendido alguém.
As redes sociais trazem enormes benefícios,
especialmente quando estreitam os laços entre famílias, amigos e escola. Mas a
migração dos contatos reais para o espaço virtual também carrega consigo os
vários conflitos da sociedade. E a violência utilizada no mundo virtual apenas
reflete aspectos das práticas desse fenômeno no mundo real: sofrimento e
humilhação da vítima e incapacidade de se defender das agressões. O combate a
esses acontecimentos será tão mais exitoso quanto maior for a interferência dos
variados protagonistas do espaço social: família, professores, amigos e
comunidade em geral.
É preciso estar atento ao que se expõe e compartilha
on-line, porque cada informação divulgada pode ser interpretada de inúmeras
maneiras e trazer problemas. E nos casos dos menores de idade que estão na
rede, é preciso atenção redobrada dos pais e da escola para ajudá-los na tarefa
de identificar os limites entre o que precisa permanecer privado e o que pode
tornar-se público. Mesmo que o autor não se identifique, as postagens no mundo
virtual podem trazer implicações morais, éticas e legais. Na internet, assim
como na vida, quanto mais conscientes, autocríticos e racionais com as nossas
atitudes nós formos, melhor será nossa convivência com o próximo.
Quando o ataque acontece no mundo real, como na
escola, por exemplo, e é denunciado, os agressores são identificados e
confrontados pela autoridade escolar. Já nos casos de "perturbação
on-line", isso é mais difícil de ser combatido, especialmente quando o
autor cria um perfil falso ou uma página anônima. Apesar disso, as vítimas não
devem se calar por vergonha ou medo de represália, e sim denunciar o que
encontrarem de errado e até mesmo exigir que as medidas legais cabíveis sejam
tomadas.
Utilizando a velha máxima do “não faça com os outros
o que você não gostaria que fizessem com você”, podemos estimular o convívio
com o diferente, sabendo olhar para o outro com respeito.
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Bullying na net é mais comum quanto parece, inclusive é perigoso, muitas pessoas postam coisas sem mesmo saber se é verdade, gerando muita dor de cabeça aos envolvidos que em muitas situações não tem nada a ver com o acontecido!
ResponderExcluirPassa lá no Turbonauta divulgar essa postagem , será super bem vindo!
Até mais
Concordo contigo meu amigo, a net está bagunçada mesmo. Precisamos melhorar muito nesse sentido.abs
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