A princípio o título parece meio controverso, pois
o assunto não tem a divulgação ampla como a saúde da mulher e é claro que ambos
devem ter a devida importância como poderemos ver a seguir.
Dados demonstram que os homens morrem, em média, de
5 a 7 anos antes que as mulheres, independentemente da cultura e sistemas de
saúde disponíveis. No Brasil, a causa mais comum de perda de vida do homem
adulto, jovem, de 15 a 44 anos, são as causas externas que ceifam milhares de
vidas por ano. Com o avançar da idade a causa de perda de vida precoce são as
doenças cardiovasculares, principalmente após os 45 anos de idade e, após os 50
anos o aumento das doenças neoplásicas.
Outros dois grandes vilões, entre os homens, são o
álcool, com estimativa de acometer em torno de 20% da população masculina
adulta e o tabagismo que contribui como fator de risco isolado, considerado
como doença e como fator decisivo para as doenças de cunho cardiovascular e
neoplásicas.
Como podemos perceber os principais vilões de
morbimortalidade entre a população adulta masculina são causas evitáveis e que
podem no mínimo serem retardadas no seu surgimento com algumas mudanças de
hábitos de vida, pois correspondem ao estereótipo da masculinidade.
Um dos problemas é a dificuldade de consultar ou
ser abordado pelos serviços de saúde, pois sentem-se vulneráveis, fragilizados
com essa atitude. A demonstração disso é difícil de ser trabalhada, pois sendo
ele, normalmente, considerado o principal pilar de sustentação da família faz
com que entre em jogo as particularidades desse grupo social: "Procurar
atendimento médico é uma demonstração de vulnerabilidade!" E, isso é
difícil de ser abordado e não se enganem, a intersecção direta vai levar,
geralmente ao rechaço: "Não tenho problemas de saúde, sou forte e não
preciso me cuidar!" Pensamentos que beiram à ideologia da magia.
Outra barreira enfrentada são os próprios horários
de atendimento das unidades que geralmente entram em conflito com o horário do
trabalho e sua falta, mesmo justificada, pode levar a danos na sua carreira.
Corriqueiramente o lugar de agrupamento das
mulheres é a Unidade de Saúde e do homem o bar.
A barreira dos determinantes que se erguem diante
das equipes assistenciais são múltiplas: socioculturais, biológicos e
comportamentais.
A abordagem, portanto, deve ser enfocada com o
olhar sob "lentes do gênero", para um atendimento humanizado e com
qualidade de forma integral. Para tanto, poderíamos nomear alguns dos fatores
que podem contribuir para essa melhora: acesso aos serviços de saúde,
articulação da rede, comunicação adequada e baseada no ciclo da vida em que está
inserido, capacitação das equipes que primeiro precisam "saber lidar"
com essas nuanças, disponibilidade do recurso, estabelecimento e monitoramento
das ações e elaboração de análise e indicadores dos processos instituídos para
poder mensurar de forma científica se as medidas tomadas estão surtindo os
resultados desejados.
Somente dessa maneira poderemos vencer os tabus,
garantir a integralidade do atendimento de forma factível e coerente em todas
as esferas da nossa sociedade minimizando os sofrimentos que são explícitos
todos os dias nos serviços de saúde de nosso país.
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