Especialistas em religião acreditam que Santa Sé
pode alterar regras e permitir matrimônio de padres.
O celibato dos padres pode entrar
em discussão no Vaticano. Segundo o arcebispo italiano Pietro Parolin, que está
prestes a assumir o cargo de novo secretário de Estado da Santa Sé, é sim
possível modificar a regra que impede padres de se casarem.
As informações são da última
publicação da revista IstoÉ. Embora o celibato, desde sua instituição no primeiro
século, seja regra e não dogma, portanto passível de questionamentos, é incomum
ver religiosos em altos cargos da hierarquia católica tratando o assunto
abertamente, o que sede espaço para maiores discussões.
De acordo com uma entrevista do
arcebispo ao jornal venezuelano El Universal, tratou sobre o celibato: “Não é
um dogma da Igreja e pode ser discutido, porque é uma tradição eclesiástica”.
Sobre a regra que proíbe padres de se casarem. “É possível falar, refletir e
aprofundar esses temas que não são de fé definida e pensar em algumas
modificações”, explica.
Segundo dados da Igreja, hoje, no
Brasil existem aproximadamente 22 mil padres para 48 mil centros de atendimento
religioso, ou seja, um déficit de cerca de 20 mil sacerdotes. Um candidato ao sacerdócio
precisa estudar, em média, oito anos, sendo quatro de filosofia e outros quatro
de teologia, além disso, precisa abrir mão de um projeto de vida conjugal.
Opiniões
Para apóstolo César
Augusto, a base de tudo que se refere à igreja precisa estar primordialmente de
acordo com a bíblia. A posição religiosa, segundo ele, não fala sobre celibato,
mas sim que o homem ou a mulher tem liberdade de escolha, e isso não define se
vai continuar ou não em determina posição da igreja.
“O celibato é uma decisão pessoal, melhor que
os padres possam se casar e com isso evitar terem uma vida pecaminosa. O papa
está certo se decaidir discutir a respeito”, diz.
Para o presidente da
Federação Espírita de Goiás Weimar Muniz de Oliveira, seria positivo a
permissão para que os padres se casem. Ele explica que Chico Xavier trata
sobre a família organizada: “Você acha que o mundo conseguiria se sustentar sem
ela? Para que haja união dos gametas para que fertilize o óvulo deve existir a
união entre o homem e a mulher, do contrário não teríamos, hoje, mais de sete
bilhões de pessoas no mundo, seria um caos”.
Weimar acrescenta que o celibato
foi criado pela Igreja, Jesus vivia entre as famílias, e em momento algum ele
ou Moisés pregaram isso. É algo criado pelo sacerdócio organizado. A família
organizada tem por trás o casamento para que exista o consorcio, a comunhão de
homem e mulher, o que fará com que tenham filhos uma sociedade e existam as
nações. “Caso contrário seria somente desordem”, diz.
Ele ainda cita uma passagem
bíblica: “Então o levou fora, e disse: Olha agora para os céus, e conta às
estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua descendência.
Gênesis 15:5”.
Padre Rafael Javier Magul
esclarece que a vida celibatária ou pelo matrimônio é uma vocação, significa
que a pessoa responde a um dom, a uma missão, a um ministério. “O sacerdócio é
uma missão e um ministério e, como disse São Paulo, cada um tem seu dom, o mais
importante é que sejamos autênticos.
Em sua primeira carta aos
Coríntios, precisamente no capítulo sete, quando se fala acerca do matrimônio,
é dito que “é melhor para eles que permaneçam como eu, mas se não podem guardar
a continência, casem-se, pois é melhor casar do que abraçar-se”, diz.
Ele ainda ressalta que há quase
dois mil anos na igreja, a vida celibatária já era opcional. “Aí tínhamos
padres casados, bem como padres celibatários. Santos como São João Crisóstomo,
São Basílio, São Ambrósio, Santo Agostinho, escolheram a vida celibatária.
Temos outros, como São Gregório e São Espiridão, que escolheram servir ao
Senhor em família”, explica.
Ter sacerdotes celibatários e
casados é parte da igreja. Por isso mesmo na Igreja Católica Apostólica
Ortodoxa, as pessoas casadas podem chegar ao sacerdócio, mas não ao episcopado,
mas isso não é por uma razão teológica, e sim por uma razão pastoral e prática.
A tal ponto que até na Igreja
Católica Romana o celibato não é um dogma de fé, de disciplina. Segundo o padre
que é um sacerdote casado e têm dois filhos, tal opção não o impediu de exercer
seu papel perante a igreja.
“Meus filhos são universitários,
minha esposa dirige o coral da igreja e nada impede que eu desenvolva meu
trabalho pastoral com sucesso. Pelo contrário, são instrumentos de
evangelização em família”, ressalta.
O padre ainda cita que
biblicamente falando, na primeira epístola a Timóteo, no capítulo três, quando
se fala a respeito das qualidades que devem ter os epíscopos, são destacadas a
bondade, a paciência, o desprendimento e, expressamente, estes devem ser
casados uma só vez. Esclarece-se: “Quem não pode governar sua própria casa,
como poderá governar a casa de Deus?”.
O mesmo se aplica aos diáconos.
“Em nossa irmã Igreja Católica Romana, no último ano, dom Washington, arcebispo
metropolitano, ordenou quase trinta diáconos permanentes, casados, por quem
rezamos por seus sucessos pastorais, haja vista que essas ordenações, com
certeza vão ajudar positivamente ao que o papa Francisco está pedindo, que é
justamente sair às ruas, envolver-se com os problemas e as necessidades dos demais
e estar mais perto do povo”, conclui padre Rafael.
comente este artigo.
Não concordo que seja conveniente o casamento para padres, por uma razão pura e simples. Atrelado ao direito de casar-se viriam todos os demais "direitos" que as pessoas casadas acham que têm. Que fique bem claro eu disse "pessoas" e "acham."
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