Uma das solução para
obesidade
A obesidade é uma doença que atinge
milhões de pessoas no Brasil e no mundo. A primeira opção para se livrar do
excesso de peso é o chamado tratamento clínico, que inclui dieta, exercícios e
acompanhamento com nutricionista. O trabalho em conjunto com fisioterapeuta e
psicólogo melhoram ainda mais os resultados. Entretanto, nem sempre tratamento
clínico é eficaz. Nestes casos, o tratamento cirúrgico deve ser considerado.
O que é
cirurgia bariátrica?
A cirurgia bariátrica, também
conhecida como cirurgia da obesidade, ou, popularmente, redução de estômago,
reúne técnicas destinadas ao tratamento da obesidade e das doenças associadas
ao excesso de gordura corporal ou agravadas por ele.
Quem pode fazer
a cirurgia?
A indicação cirúrgica deve ser
decidida sob a análise de três critérios: IMC (Índice de Massa Corpórea), idade
e tempo da doença.
Quanto ao IMC:
- IMC acima de 40 kg/m², independentemente
da presença de comorbidades.
- IMC entre 35 e 40 kg/m² na presença de
comorbidades.
- IMC entre 30 e 35 kg/m² na presença de
comorbidades que tenham obrigatoriamente a classificação “grave” por um
médico especialista na respectiva área da doença. É também obrigatória a
constatação de “intratabilidade clínica da obesidade” por um endocrinologista.
Uma dúvida geral…
Um assunto é polêmico e envolve
pacientes, associações e toda a literatura médica. A cirurgia pode sim
ocasionar a resolução do diabete, não a cura. Aproximadamente 30% dos obesos
operados têm diabetes tipo 2. A resolução completa acontece em 70 a 80% dos casos,
ou seja, o paciente passa a dispensar qualquer tipo de medicação. A resolução
parcial é registrada em aproximadamente 20% dos casos, quando se deixa de tomar
boa parte dos remédios. Em 10% dos casos, não ocorre a resolução parcial.
Nos diabéticos tipo 2, a insulina
está reduzida no organismo e o íleo produz pouco GLP1 porque a maior parte do
alimento já foi absorvida. Com o reposicionamento de parte do intestino, o
alimento entra em contato mais rápido com o íleo, o que pode aumentar a
produção do GLP1.
As evidências ainda são
insuficientes para concluir sobre o uso da cirurgia até que mais dados sobre os
resultados em longo prazo e suas complicações estejam disponíveis. Desta forma,
o Conselho Federal de Medicina (CFM) não reconhece este procedimento.
Vale ressaltar que de uma forma
geral, algumas deficiências de vitamina e minerais que podem ser citadas são:
ferro, cálcio e vitamina D, vitamina B12, ácido fólico e zinco.
A deficiência de ferro é relatada em
mais de um terço dos pacientes que fizeram este tipo de cirurgia. Nestes casos,
a absorção do ferro é comprometida por conta da diminuição da ingestão de
alimentos fonte (carnes, por exemplo), diminuição da quantidade de ácido
gástrico (o que dificulta a digestão) e pela modificação no duodeno (parte do
intestino onde a maior parte do ferro é absorvida). Esta deficiência pode se
manifestar tanto logo após a cirurgia quanto 7 anos após o procedimento. Por
isso, é importante que os níveis de ferro sejam monitorados regularmente nestes
pacientes. Alguns estudos sugerem que a suplementação de vitamina C pode ajudar
na deficiência de ferro por ajudar no processo de absorção do mesmo.
Tipos de cirurgia
- Técnicas restritivas: técnicas que
limitam o volume de alimento sólido que o paciente ingere nas refeições.
De uma forma geral, com estas técnicas o paciente come menos sólidos e
pastosos e acaba emagrecendo. Entretanto, o resultado depende da
colaboração do paciente.
- Técnicas disabsortivas: técnicas que
reduzem a capacidade de absorção do intestino, levando ao emagrecimento. Geralmente,
são muito bem-sucedidas quanto ao emagrecimento, que pode chegar a 40% do
peso original, embora haja necessidade de controle mais rígido quanto a
distúrbios nutricionais.
- Técnicas Mistas: técnicas com pequeno
grau de restrição e desvio curto do intestino com discreta má absorção de
alimentos.
Síndrome de
Dumping
Conhecida como esvaziamento gástrico
rápido, trata-se de uma complicação bariátrica, na qual o alimento ingerido
passa rapidamente pelo estômago, caindo no intestino delgado com grande parte
dele ainda não digerido.
Após cirurgias bariátricas, os
movimentos peristálticos podem ficar desregulados, despejando o conteúdo
gástrico muito rapidamente no intestino delgado. Ingerir certos alimentos como
açúcares refinados, derivados do leite e gorduras facilita o surgimento das
crises. O Dumping acontece quando, depois de beber ou comer, o paciente
apresenta taquicardia, sudorese, tontura, queda da pressão arterial e diarreia.
Qualquer combinação destes sintomas pode ocorrer em intensidades variadas,
dependendo do que a pessoa comeu.
Acompanhamento psicológico deve ser
preventivo e educativo. É preciso considerar o aparecimento de fatores de
estresse – como ansiedade, ciúmes do parceiro, desejo de liberdade etc., após a
cirurgia. Além disso, o paciente pode criar expectativas que não serão
atingidas com a perda de peso, simplesmente porque dizem respeito a certas
frustrações ou imaturidade diante da vida.
Acompanhamento nutricional é
fundamental no acompanhamento do paciente rumo à cura da obesidade. Este
profissional deve prestar toda a orientação necessária para a dieta líquida
pós-operatória, sua evolução para a pastosa e, finalmente, sua transição
definitiva para a alimentação normal.
O objetivo do acompanhamento
nutricional é buscar o bem-estar físico e emocional através da seleção dos
alimentos que contenham os nutrientes adequados e que atendam às necessidades
de cada paciente para que a rápida perda de peso não leve à desnutrição.
De forma geral, a principal mudança
na alimentação após a cirurgia é uma redução importante na quantidade de
alimentos consumidos diariamente devido à redução do estômago. Porém, outros
cuidados com a alimentação são fundamentais. A nutricionista deve ir alterando
a sua alimentação conforme a progressão da cirurgia e o estado nutricional de
seus pacientes.
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