É possível fazer
mais com menos? Esta é uma pergunta que nós sempre fazemos quando nossas
organizações enfrentam desafios ou quando percebemos incertezas no mercado.
Inclusive, cabe muito bem neste momento, quando paramos para pensar nos
desafios para o próximo ano.
No entanto, talvez essa seja a pergunta errada ou,
pelo menos, uma pergunta fácil de ser respondida, pois, basicamente, todos nós
sabemos que, na maioria dos casos, podemos fazer mais com menos.
A ciência nos
mostra que nem sempre precisamos de mais para obter mais. Como o ilustre Murray
Gell-Mann explica: “Este é o significado da emergência - a vida pode surgir da
Física e da Química e de muitos acidentes; a mente humana pode surgir da Neurobiologia
e de muitos acidentes”.
A regra geral nos
sistemas adaptáveis complexos é a ideia de que há mais saída do que entrada e,
na verdade, os padrões e os comportamentos complexos surgem de uma variedade de
interações fundamentais e relativamente simples.
O problema é que a
visão do mundo mecanicista linear amplamente aceita, que nos apresentou os
conceitos de especialização e escala, não está nos ajudando a pensar dessa
forma. A maioria de nós parece estar seguindo essa lógica menos efetiva - nós
achamos que, para fazer mais, precisamos de mais pessoas; para fazer melhor,
precisamos de mais tempo; e, para fazer mais rapidamente, precisamos de mais
estresse.
Infelizmente, essa lógica está fazendo com que trabalhemos cada vez
mais, mas com a sensação de que estamos fazendo cada vez menos.
Nossa percepção de
causalidade também é muito limitada. Geralmente, quando consideramos um
problema em nossa organização, a tendência é sermos extremamente reducionistas
em nossa percepção sobre as causas desse problema.
Por exemplo, a primeira
causa que geralmente vem a nossa mente é o processo; nós achamos que “alguém
não seguiu o processo”. No entanto, se nós realmente quisermos entender de modo
mais aprofundado, deveremos considerar todos os eventos vinculados ao problema,
tais como a motivação da equipe, o projeto do processo, o treinamento das
pessoas envolvidas, o ambiente, a tecnologia, as diferenças culturais entre
outros.
Por mais difícil
que pareça, uma Cultura de Inovação não é algo que possa ser totalmente prescrito,
planejado ou controlado. É algo que surge de interações complexas entre muitos
agentes dinâmicos, protocolos e ambientes. O grande desafio para os líderes dos
dias de hoje é entender e reconhecer a insegurança do momento atual para que
possam perceber a totalidade e o fluxo de suas organizações. Isso é algo que os
fazendeiros parecem saber muito mais do que os executivos.
Talvez a pergunta
real não seja se é possível fazer mais com menos, mas se estamos preparados
para mudar completamente nosso modo de pensar, abrir mão da ilusão de controle
e passar a nos concentrar nos fundamentos para assim ficarmos mais confortáveis
com as incertezas e o fluxo da vida. Você está pronto para fazer mais com
menos?
por Charles Bezerra.
What If Innovation Partners no Brasil.
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