domingo, 4 de novembro de 2012

O mundo em debate

Abala-se o mito de uma economia mundial que se tornaria cada vez mais livre porque os investidores disporiam de liberdade para decidir com base em informações cada vez mais completas


A imagem da globalização como um sistema em que a liberdade de movimento dos capitais produziu uma onda de desenvolvimento internacional foi se desfazendo diante da realidade radicalmente política das decisões dos investidores. Abala-se o mito de uma economia mundial que se tornaria cada vez mais livre porque os investidores disporiam de liberdade para decidir com base em informações cada vez mais completas.

Na hipótese otimista e ultraliberal, depois de mais de um século de desenvolvimento, os mercados de capitais finalmente encontraram sua vocação a partir da década de 1980. A hipótese mais razoável, no entanto, é a de que houve uma elevação abrupta e insustentável da mobilidade internacional de capitais. As sucessivas crises são, portanto, consequência de erros de política econômica e do descontrole que resultou da desregulamentação. Diante disso, uma nova realidade se impõe. Na prática, cada investidor e cada instituição financeira dependem cada vez mais de uma orientação política sobre onde e como é seguro investir.

Nesse contexto, as lideranças dos países mais desenvolvidos e as principais instituições financeiras internacionais precisam reagir às fontes da inquietação atual. Devem reconhecer, por exemplo, que alguns mecanismos do processo econômico mundial funcionam mal, principalmente no que se refere aos mercados financeiros. É indispensável alguma forma de regulamentar as transações, pois sua total liberalização acaba afetando profundamente as economias nacionais de muitos países. Além disso, é necessário um novo procedimento para tratar as situações das nações altamente endividadas, com incentivos e não punições.

Os países avançados deveriam agir de acordo com os princípios que defendem. A liberalização das importações de produtos têxteis e o comércio de produtos agrícolas, por exemplo, continuam sofrendo de imensas distorções geradas por barreiras protecionistas. A legitimidade de decisões impostas por países de alta renda é evidentemente questionável. Na realidade, os que defendem enfaticamente a democracia, no âmbito nacional, interno e externo, não são nada democráticos. Quando se trata de decidir sobre as grandes questões internacionais, como mercado financeiro, atuação das multinacionais e casos de guerra, é o grupo dos mais ricos que decide, e não a Organização das Nações Unidas, infelizmente.

Fonte: DPP.

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