A mídia alardeia diariamente: a educação transforma a vida das pessoas. Em sua capacidade de sintetizar ela mostra imagens sobrepostas de jovens em estado de delinqüência e inseridos no mercado de trabalho. São os mesmos jovens em momentos diferentes mediados pelo milagre da educação. Esta foi transformada numa espécie da panacéia para a cura de todos os males sociais. Os governantes fazem projetos, campanhas publicitárias etc. A TV faz a sua parte.
O discurso pela educação aparenta unanimidade. Paradoxalmente, a mesma sociedade que vê na educação algo essencial para que os indivíduos disputem no mercado, aceita passivamente a mercantilização da educação. Mesmo nas universidades públicas, os critérios produtivistas, próprios da lógica do mercado, são aceitos com naturalidade.
Eis o estado de guerra hobbesiano onde “o homem é lobo do homem”. O darwinismo social, a competição, resume a ideologia predominante. Os cínicos justificam a crescente mercantilização da educação como algo que estaria contribuindo para a cidadania. Estes, mesmo admitindo que os futuros diplomados terão pela frente um mercado de trabalho saturado e altamente competitivo, isto é, com poucas chances de exercerem a profissão, consideram que o desenvolvimento da sociedade é proporcional à quantidade de diplomas.
A lógica rasteira que transforma a educação numa mercadoria como outra qualquer, onde se vendem diplomas e ilusões, encobre os interesses particularistas em nome dos interesses da sociedade. Se os empregos são escassos, que farão os futuros formados com os seus diplomas? A resposta cínica: terão que enfrentar o verdadeiro vestibular do mercado de trabalho e a sociedade ganhará com isto porque vencerão os melhores.
Eis porque propostas como a adoção de cotas para negros produz tanta polêmica.* A educação é restrita a poucos, e o mercado de trabalho também. Quanto maior o número de diplomados, maior a disputa. As cotas reduzem o quantum de diplomas entre os que têm as melhores condições de disputar as vagas nas universidades públicas, isto é, entre os que possuem capital cultura e social acumulado. São indivíduos que, desde a infância, são preparados para assumirem o seu lugar na universidade.
Se a educação é mesmo importante, é preciso não apenas investimentos governamentais, mas também uma profunda democratização da mesma.
Prof. Antônio Ozaí.
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Olá,
ResponderExcluirParticipei por muito tempo de movimentos sociais, partidos políticos, movimentos estudantis contra a mercantilização da educação, mas parece que esta está se tornando uma tendência e as lutas contra não estão sutindo o efeito que gostariamos.
Abraços!
Lauro Daniel
http://www.cadeirasparaescritorio.tol3.net/
Se saúde é mercadoria, imaginem a educação ...
ResponderExcluirCaro amigo William o Brasil ainda se encontra idealizado pela idéia aristocrática monopolizada pela burguesia, triste mais verdadeiro ...tudo ainda depende de concessões.. e padrinhagem...
ResponderExcluirSABE DE UMA COISA NÃO BASTA APENAS TER BOA
ResponderExcluirVONTADE TEM QUE SABER COMO INVESTIR
APADRINHAMENTO E CONCESSÕES AINDA SÃO UMA TRISTE
REALIDADE.A EDUCAÇÃO MAS É UM COMÉRCIO ONDE
O APADRINHAMENTO E CONCESSÕES AINDA SÃO UMA REALIDADE.
Trabalho com educação e a todo momento nos sentimos na quase obrigação de estimular os jovens a continuar seus estudos, mas por outro lado, sempre nos lembramos que nem todos ou nenhum deles colherá os frutos que plantarem. Muito triste!!!
ResponderExcluirInté...
como o Lauro, eu também fui activista muito tempo, mas não somos capazes de lutar contra a maré do aproveitamento mercantil.
ResponderExcluirsomos poucos na luta e o poder é grande...
abçs