segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Você sabe de onde vem a depressão?

Ela chega de mansinho e vai tomando conta da situação. É assim que, em muitos casos, se constata a depressão. A grande vilã do século pode aparecer aliando diversos fatores que vão desde o estresse até uma predisposição familiar.

Ela chega de mansinho e vai tomando conta da situação. É assim que, em muitos casos, se constata a depressão. A grande vilã do século pode aparecer aliando diversos fatores que vão desde o estresse até uma predisposição familiar. E a depressão tem se tornado tão comum, que aparece em qualquer faixa etária ou condição de vida.

Existe uma previsão para que no ano 2020, a depressão seja considerada a segunda causa específica de incapacitação nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil e a primeira, nos países desenvolvidos. Hoje, já está em quarto lugar. Essas estimativas reforçam a necessidade de se detectar, melhor tratar e impedir as consequências nocivas dos quadros depressivos e, sobretudo, melhorar a qualidade de vida das pessoas com depressão. Dentro desse contexto se destaca a importância do diagnóstico correto do tipo de depressão para que se possa indicar o melhor tratamento, afinal temos mais de um tipo, como exposto anteriormente e o tratamento muda conforme o tipo.

Para entender de onde vem a depressão, o Medicina & Saúde conversou com a psiquiatra Gabriela Valério.

Medicina & Saúde - Quais as causas da depressão?

Gabriela Valério - As causas da depressão são multifatoriais, ou seja, ela tem mais de uma causa. Dentre elas, se pode salientar o fator genético, o hormonal e o ambiental. O fator genético é definido como uma susceptibilidade que a pessoa traz, desde a concepção, ou seja, nasce com ela. Pode-se dizer que é um "tipo de facilidade familiar" desenvolver a doença, assim com, por exemplo, numa família se tem vários casos de câncer, de doença do coração, etc. O fator hormonal, mais marcante, nas mulheres que ao longo da vida estão mais expostas a flutuações hormonais, como no período de pós-parto, na menopausa, etc. E, o fator ambiental que se pode definir, como um estresse a que se submete, como o ambiente familiar, de trabalho, a morte de um ente querido, uma mudança de ambiente, uma separação, enfim, as dificuldades, em geral, a que uma pessoa está exposta durante a vida.

M&S - Existe mais de um tipo de depressão?

GV - Sim, existe mais de um tipo de depressão. Tem-se a distimia, chamada de depressão menor. Essa tem sintomas de menor intensidade com curso crônico. A depressão maior unipolar (leve, moderada e severa). Nessa, os sintomas tendem a ser mais intensos, com curso, predominantemente mais agudo. E, a depressão bipolar, onde os sintomas depressivos ciclam, alternam-se, com sintomas hipomaníacos ou maníacos. Essa, também tem, mais de uma categoria.

M&S - Quem é afetado pela depressão?

GV - A depressão afeta as pessoas que tem genética favorável (predisposição) para a doença e que, num determinado ponto da vida são expostas a algum tipo de estresse, seja financeiro, emocional, acompanhados ou não de alteração hormonal.

M&S - Quanto tempo pode durar até que apresente melhora?

GV - O tempo para a melhora da depressão é muito individual, ou seja, varia para cada pessoa. Isso ocorre em função da melhora envolver vários fatores, como o apoio familiar, a resposta à medicação, o nível de gravidade dos sintomas, entre outros. Atualmente, tem surgido medicações cada vez mais eficazes e com resposta cada vez mais rápida, mas isso está condicionado ao custo financeiro do tratamento.

M&S - Como a depressão afeta o comportamento e os relacionamentos?

GV - Quando se fala em depressão se está referindo a uma doença que envolve o ânimo, a energia, os pensamentos, os sentimentos da pessoa. Por consequência, afeta o comportamento e, logo, qualquer tipo de relação afetiva.

M&S - Qual a importância do relacionamento familiar na depressão?

GV - É de fundamental importância. Afinal, o suporte familiar é um dos pilares do tratamento. Desde a administração dos medicamentos, cuidado com horários e dosagem correta que são de importância básica até a continência dos sintomas que são de importância mais refinada.

M&S - Como se dá o tratamento das depressões?

GV - O primeiro passo para o tratamento da depressão é a realização de uma avaliação médica cuidadosa para investigar a presença de outras doenças ou substâncias que possam justificar o surgimento dos sintomas depressivos. Feita essa avaliação, o tratamento é realizado pelas abordagens biológicas que são: 1) o uso de medicações, as quais na depressão unipolar são representadas pelos antidepressivos; já na depressão bipolar são representadas pelos antidepressivos(uso cauteloso) associados à estabilizadores do humor; 2) temos a eletroconvulsoterapia ou terapia eletroconvulsiva; 3) a fototerapia para depressões sazonais e; 4) mais recentemente, a estimulação magnética transcraniana que se encontra em fase de pesquisa com a proposta de que seja útil nas depressões que não respondam aos esquemas tradicionais de tratamento. Para esses casos, chamados de "refratários" e nos casos de mulheres grávidas, a terapia eletrocunvulsiva é o tratamento de eleição.

M&S - As psicoterapias são eficazes?

GV - Além das abordagens biológicas, temos a outra linha de tratamento que se refere às psicoterapias que se dão através da linguagem ou da fala. Dentre as diversas modalidades, as terapias do tipo interpessoal e cognitivo-comportamental parecem ser as mais eficientes. Alguns estudos mostram que em depressões leves, a terapia cognitiva pode ser feita sem a necessidade do uso de medicamentos; já nos quadros moderados e graves, é indicado o uso da associação da psicoterapia aos medicamentos. Em geral, as psicoterapias têm a finalidade de ajudar as pessoas a lidarem melhor com seus problemas, suas questões pessoais e até conseguir evitá-las. As terapias biológicas e as psicoterapias podem ser utilizadas juntas ou separadamente, de acordo com as necessidades de cada paciente.


Achei muito importante reproduzir aqui para os interessados entenderem esse mal do século. Medicina e Saúde nos traz assuntos interessantes sobre nossa saúde física e mental, pois especialistas debatem o assunto que muitas vezes não dominamos por completo.

Mas comente, deixe sua opinião sobre o assunto.

5 comentários:

  1. Xô deprê, minha nossa.
    Abraços forte

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  2. Assunto importantíssimo.
    Sofro desse mal e faço tratamento desde 2006.Muita gente ainda acha que é frescura.
    Obrigada pela indicação.
    Beijos no coração!

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  3. Ótimo post amigo, esse mal existe e é realidade. Infelizmente muitas pessoas passam por isso, até mesmo pessoas próximas a nós. E são pessoas que nessecitam de ajuda, nosso apoio e atenção, e ajuda especializada.
    Parapéns pelo artigo.
    Bj

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  4. É realmente o mal do século...as pessoas se sentem tão "sozinhas em meio à multidão" que acaba acontecendo isso...a solidão, traumas e desequilíbrio emocional refletidos no corpo e na mente!!

    Já convivi com uma pessoa q tinha pânico e depressão ao mesmo tempo...só melhorou depois de regressão e tratamentos com drogas fortíssimas. hoje apenas faz manutenção com drogas mais fracas.

    Abçs e parabéns pelo sucesso de seu blog!!

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  5. William,
    Disso eu posso falar de cadeira. Estou em tratamento, graças a Deus já na fase de manutenção, ou seja, fora da crise. Tive além da depressão, síndrome do pânico e por consequência fiquei fibromialgica. Tratamento médico e psicológico são fundamentais pro paciente e mais ainda o apoio de familiares e amigos.
    Muito legal esse post pra orientar as pessoas. O que dificulta o tratamento é realmente a demora em detectar a doença.
    Tive vários fatores que me levaram a isso, minha casa pegou fogo e perdi tudo que tinha, estava desempregada e ainda estou, fora outras coisas que só consegui detectar em terapia, mas estou bem agora.
    Bjs,
    Luna

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