Em uma sátira cheia de metáforas plausíveis, o
roteirista/diretor Adam McKay expõe as mazelas da nossa sociedade atual com a
ajuda de elenco de estrelas formado por Meryl Streep, Jennifer Lawrence,
Leonardo DiCaprio, Tyler Perry, Jonah Hill, Cate Blanchett, Timothée Chalamet e
Rob Morgan. Além das participações especiais da popstar Ariana Grande e do
rapper Kid Cudi.
Personagens
fictícios demonstram de diversas maneiras como estão fúteis e egoístas os
interesses da massa, mas principalmente, mostram como uma verdade pode ser
distorcida, quando os governantes colocam os seus interesses mesquinhos na
frente da segurança da população e, espalham mentiras.
O
filme aborda a guerra contra a ciência promovida por um grupo de empresários
que elegem políticos “marionetes” com interesses egoístas e gananciosos em
detrimento do bem-estar mundial.
O expectador pode identificar facilmente figuras reais representados pelos
personagens principais, ora é possível ver uma garota que não transparece
credibilidade por fugir dos padrões de beleza que a sociedade impõe, isso me
faz lembrar a menina Greta Thunberg, quando buscou desmascarar as falsas
“políticas” de proteção ambiental e o descaso mundial com o aquecimento global
e foi bombardeada com comentários preconceituosos e ignorântes vomitados por
representantes eleitos pelo voto do povo, que o seguiu cegamente.
Greta
foi ridicularizada de maneiras inescrupulosas quando corajosamente decidiu
desafiar “os coronéis da política” e abrir os olhos da população para a
degradação da natureza, uma das únicas certezas que temos que podem nos levar a
extinção. A personagem de Jennifer Lawrence quer mostrar como as afirmações
feitas por cientistas não são levadas a sério por governantes alienados.
A
cena de descontrole emocional diante da forma como a imprensa estava lidando
com um assunto sério, interpretada por Lawrence me remeteu a a microbiologista
Natalia Pasternak, que se tornou referência em comunicação relacionada à
ciência durante a pandemia de covid no Brasil e que protagonizou algo parecido,
quando se irritou ao vivo com a matéria veiculada na TV Cultura.
O filme também faz um paralelo com os “heróis” farsantes construídos por essas bases políticas, que servem de escudo para reeleição de muitos “políticos profissionais”. E mostra que por trás deles estão também algumas figuras “aparentemente” honestas que acabam se corrompendo diante do poder que depositam em suas mãos, como acontece com McKay personagem de Leonardo DiCaprio.
O ENREDO COMO UM TODO CAUSOU FERVOR NAS REDES SOCIAIS E HOJE, “NÃO OLHE PARA CIMA” JÁ É A PRODUÇÃO MAIS ASSISTIDA DA NETFLIX E, É BEM PROVÁVEL QUE MUITOS ESTEJAM ASSISTINDO APENAS PARA CONTINUAR NEGANDO A VERDADE E INSISTIR EM UM PONTO DE VISTA NEGACIONISTA.
O
fenômeno é tão intrigante que a esquerda está dizendo que o filme faz uma
crítica a direita e a direita está rebatendo que é o oposto. E não é que
justamente disso que o filme trata?
Sim.
O ponto principal do filme é mostrar a capacidade que alguns governantes tem em
distorcer a verdade para continuar manipulando as massas e enriquecer a si e
aos seus às custas da pobreza.
A
crítica especializada pode falar o que quiser, pode dizer que o filme é ruim,
que a sátira poderia ser melhor, que os atores não são engraçados, que as
metáforas não são inteligentes, mas o que importa mesmo é a verdade, só a
verdade, nada mais.
E
a verdade é que sim, o nosso governo nega a ciência quando diz que não é seguro
vacinar as crianças com a vacina da PFizer, por exemplo.
Sim, existem muitas pessoas que acreditam mais em suas crenças religiosas do
que em dados e fatos.
Sim,
existem interesses financeiros e pessoais sobrepondo os direitos dos cidadãos e
a própria segurança nacional.
Citei
a vagareza na aprovação da vacina aqui no Brasil não para dizer que esse tipo
de manipulação acontece apenas em terras tupiniquins, cito esse fato, por mais
que existam inúmeros outros, porque esse é o mais recente episódio de distorção
da verdade e alienação das massas em relação a ciência, visto que a vacina já
está sendo amplamente aplicada nos EUA há meses, como informou a CNN.
Não
estou aqui para criar discórdia, estou aqui para trazer verdades, para abrir os
olhos de quem ainda defende o indefensável.
Porém, sei que, como o filme também mostra, muitos vão me ridicularizar, muitos
vão zombar e distorcer minhas palavras para reafirmar as mentiras que contam
para si mesmos.
Mesmo
assim, seguirei tentando… Como disse a personagem de Jennifer Lawrence minutos
antes do fim, “Eu sou grata por ao menos ter tentado”. E Leonardo DiCaprio:
“Acredito que tentamos de tudo”. Com um semblante de … Será?
Só
espero que ninguém mais tenha que morrer enquanto “essas pessoas” continuam
negando a verdade.
Será
que, finalmente, vamos despertar para a manipulação da verdade que vem sendo
feita desde a corrida presidencial, com um modelo de desinformação, ilustradas
por fake news disparadas pelo whatsapp, disseminadas por assessores
governamentais, como o “gabinete do ódio”, no Brasil.
Muitos
também estão abordando o fato de que uma mulher dificilmente é ouvida, “nem
mesmo quando ela descobre um cometa”, geralmente, ela acata ordens de homens
mais poderosos, ou é representado por eles, como o exemplo da personagem que
faz representa a Nasa.
No
entanto quando uma mulher foge a regra, fala o que pensa e grita verdades, ela
é taxada de louca e “fora de si”. É marginalizada e excluída… Triste verdade!
Tudo
isso é possível ver em “Não olhe para cima”. Mas as pessoas vão falar sem
assistir e muitas vão criticar até mesmo depois de assistir.
Será
preciso um cometa colidir com a Terra para que elas despertem para o perigo que
todos nós corremos?
O cometa Covid já aplacou o planeta e os esforços para combater a pandemia foram
e ainda estão sendo minimizados.
Tudo
isso e muito mais pode ser concluído no filme, tanto mais que não caberia em um
texto só.
AVISO DE SPOILLER
O
filme possui duas cenas finais, uma durante os créditos e outra depois. “Jason
Orlean, o personagem de Jonah Hill, filho e Chefe de Gabinete da presidente
(nos lembra muito um dos filhos de alguém), aparentemente, foi deixado para
trás, foi esquecido nas ruínas da Terra.
Ele
então sai debaixo dos escombros após a colisão e fica subentendido que ele
sobreviveu.
Depois
de tentar ligar para a mãe, que simplesmente fugiu e o deixou para trás, a
primeira coisa que Jason faz é pegar seu celular e postar um vídeo nas redes
sociai, dizendo: “E aí galera! Sou o último homem na Terra! Não esqueçam de
curtir e se inscrever no canal”.
A
cena final arrepia a espinha de qualquer pessoa lúcida que vive nesse planeta.
Vale
a pena assistir e refletir.
Iara Fonseca.
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