sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

A rebelião das novas elites - Os anarquistas do terceiro milênio

 A elite da elite dos millennials se caracteriza pela hipocrisia e o individualismo

a rebelião das novas elites - os anarquistas do terceiro milênio

Os millennials são constituídos de 3 grandes tribos distintas:

1) Pela grande massa dos destituídos, com baixa educação e poucas possibilidades de inserção na Economia 4.0;

2) Pela elite bem educada, que tem amplas possibilidades de plena inserção nos grandes avanços que já se realizam pela inteligência artificial, pela computação quântica, pelo 5G;

3) E pela elite da elite, "o crème de la crème" dos millennials, que chamo dos anarquistas do século XXI.

A rebelião das novas elites ou dos anarquistas do século XXI se constitui, também, numa tribo com características bem próprias que marca o nosso tempo. Pensam à esquerda, mas vivem à direita.

Em geral são ricos, já que regiamente recompensados pelas inúmeras organizações em que, transitoriamente, prestam serviços, sem quaisquer vínculos mais profundos de compromisso e dedicação.

Vestem-se sem ostentação, ora casual ora formal, ajustando-se às circunstâncias apropriadas, como se não tivessem tanto dinheiro ou se apresentando nos "trinques", quando necessário.

Gostam de passar férias em lugares exóticos, principalmente em países africanos e asiáticos, nas montanhas do Himalaia e da Nova Zelândia ou nos desertos da Austrália.

O máximo permitido é Cuba, a Disneylândia da esquerda brasileira.

Mas não dispensam os voos de classe executiva e o dernier cri da última trapizonga tecnológica.

Compadecem-se da miséria e da fome nos países subdesenvolvidos, mas não abrem mão do vinho dernier cru e das delícias da nouvelle cuisine.

As novas elites são, assim, um híbrido não muito bem definido entre hippies e yuppies: vocalizam os valores de liberdade e de afirmação dos anos 1960, mas focam a ação profissional na busca da riqueza em moto-contínuo.

Moralizam a transgressão e produzem um discurso de rebeldia ao establishment, mas, contraditoriamente, atuam na busca permanente por usufruir o máximo de conforto, benefícios e privilégios que sejam capazes de apropriar e acumular, típica dos millennials.

A rebelião das elites é a contracultura às organizações que se pretendem autocultuar como se fossem verdadeiras seitas do trabalho. Constituem-se como verdadeiro apartheid social no mundo empresarial globalizado.



São os anarquistas do terceiro milênio. Não aceitam limites ou laços permanentes com lugares, pessoas ou organizações. Em verdade, nem com cidades, regiões ou países. São os novos nômades dos tempos globalizados.

Não são anarquistas contrários à globalização, tão comuns nas manifestações de rua nos últimos tempos em todo o mundo.

Ao contrário, centram a sua rebeldia em um anarquismo individualista, no qual buscam tirar partido temporário das circunstâncias onde quer que estejam. "O negócio é levar vantagem em tudo". Para esse grupo dos millennials, a moral cedeu lugar ao moralismo da hipocrisia. E hipocrisia vira o vício da moda; e o vício da moda vira virtude.

Vagam como predadores, de organização em organização em busca de sua autorrealização, prestígio e reconhecimento, a despeito das consequências que geram nos circunstantes por suas decisões sempre voltadas para os interesses dos que detêm o poder no mundo dos negócios. São adeptos do maquiavelismo do sucesso pessoal: "que se danem os escrúpulos", apesar do discurso moralizante do politicamente correto. Praticam a escalada do "como se dar bem". São as forças mercenárias das elites globalizadas, cada vez mais requisitadas para o enfrentamento de crises específicas ou para o redirecionamento de metas, de demissões, de missões e de visões mais utilitaristas, ou para realizar as joint ventures soi disant de incorporações e fusões, compras ou absorção cruéis de empresa por outra.

Não vestem a camisa de ninguém: países, organizações, equipes, pessoas, parentes ou familiares diretos. São leais somente a si próprios e ao que temporariamente realizam. São "os donos dos castelos dos homens sem alma".

São como algumas estrelas do jet set internacional, como o jogador Ronaldinho Gaúcho que, certa vez, declarou à imprensa: ganhar o campeonato europeu com o Barcelona era muito mais importante do que participar da Copa Mundial jogando pelo Brasil.

São rigorosamente contrários à atual ordem econômica mundial, mas nada fazem para mudá-la, além de discursos ácidos, em geral, numa reunião social festiva.

Ao contrário, tudo fazem para tirar do sistema que tanto criticam o que melhor puderem obter para si.

Em suma, discutir o mercado de trabalho, novas tendências e tecnologias no florescimento da Economia 4.0 sem considerar essas tipicidades da realidade das gerações Y e Z, os millennials, que já ascendem e ascenderão às direções das organizações e dos governos na sociedade globalizada, é "querer tapar o sol com a peneira", é querer buscar refrigérios para as questões candentes que, de fato, são as causas reais das circunstâncias em que já vivemos e vamos viver no futuro.

Wagner Siqueira

Nenhum comentário:

Postar um comentário