A elite da elite dos millennials se caracteriza pela hipocrisia e o individualismo
a rebelião das novas elites - os anarquistas do terceiro milênio
Os millennials são constituídos de 3 grandes tribos distintas:
1) Pela grande massa dos destituídos, com baixa educação e poucas
possibilidades de inserção na Economia 4.0;
2) Pela elite bem educada, que tem amplas possibilidades de plena
inserção nos grandes avanços que já se realizam pela inteligência artificial,
pela computação quântica, pelo 5G;
3) E pela elite da elite, "o crème de la crème" dos
millennials, que chamo dos anarquistas do século XXI.
A rebelião das novas elites ou dos anarquistas do século XXI se
constitui, também, numa tribo com características bem próprias que marca o
nosso tempo. Pensam à esquerda, mas vivem à direita.
Em geral são ricos, já que regiamente recompensados pelas inúmeras
organizações em que, transitoriamente, prestam serviços, sem quaisquer vínculos
mais profundos de compromisso e dedicação.
Vestem-se sem ostentação, ora casual ora formal, ajustando-se às
circunstâncias apropriadas, como se não tivessem tanto dinheiro ou se
apresentando nos "trinques", quando necessário.
Gostam de passar férias em lugares exóticos, principalmente em países
africanos e asiáticos, nas montanhas do Himalaia e da Nova Zelândia ou nos
desertos da Austrália.
O máximo permitido é Cuba, a Disneylândia da esquerda brasileira.
Mas não dispensam os voos de classe executiva e o dernier cri da
última trapizonga tecnológica.
Compadecem-se da miséria e da fome nos países subdesenvolvidos, mas não
abrem mão do vinho dernier cru e das delícias da nouvelle
cuisine.
As novas elites são, assim, um híbrido não muito bem definido entre
hippies e yuppies: vocalizam os valores de liberdade e de afirmação dos anos
1960, mas focam a ação profissional na busca da riqueza em moto-contínuo.
Moralizam a transgressão e produzem um discurso de rebeldia ao establishment,
mas, contraditoriamente, atuam na busca permanente por usufruir o máximo de
conforto, benefícios e privilégios que sejam capazes de apropriar e acumular,
típica dos millennials.
A rebelião das elites é a contracultura às organizações que se pretendem
autocultuar como se fossem verdadeiras seitas do trabalho. Constituem-se como
verdadeiro apartheid social no mundo empresarial globalizado.
São os anarquistas do terceiro milênio. Não aceitam limites ou laços
permanentes com lugares, pessoas ou organizações. Em verdade, nem com cidades,
regiões ou países. São os novos nômades dos tempos globalizados.
Não são anarquistas contrários à globalização, tão comuns nas
manifestações de rua nos últimos tempos em todo o mundo.
Ao contrário, centram a sua rebeldia em um anarquismo individualista, no
qual buscam tirar partido temporário das circunstâncias onde quer que estejam.
"O negócio é levar vantagem em tudo". Para esse grupo dos
millennials, a moral cedeu lugar ao moralismo da hipocrisia. E hipocrisia vira
o vício da moda; e o vício da moda vira virtude.
Vagam como predadores, de organização em organização em busca de sua
autorrealização, prestígio e reconhecimento, a despeito das consequências que
geram nos circunstantes por suas decisões sempre voltadas para os interesses
dos que detêm o poder no mundo dos negócios. São adeptos do maquiavelismo do
sucesso pessoal: "que se danem os escrúpulos", apesar do discurso
moralizante do politicamente correto. Praticam a escalada do "como se dar
bem". São as forças mercenárias das elites globalizadas, cada vez mais requisitadas
para o enfrentamento de crises específicas ou para o redirecionamento de metas,
de demissões, de missões e de visões mais utilitaristas, ou para realizar as
joint ventures soi disant de incorporações e fusões, compras
ou absorção cruéis de empresa por outra.
Não vestem a camisa de ninguém: países, organizações, equipes, pessoas,
parentes ou familiares diretos. São leais somente a si próprios e ao que
temporariamente realizam. São "os donos dos castelos dos homens sem
alma".
São como algumas estrelas do jet set internacional,
como o jogador Ronaldinho Gaúcho que, certa vez, declarou à imprensa: ganhar o
campeonato europeu com o Barcelona era muito mais importante do que participar
da Copa Mundial jogando pelo Brasil.
São rigorosamente contrários à atual ordem econômica mundial, mas nada
fazem para mudá-la, além de discursos ácidos, em geral, numa reunião social
festiva.
Ao contrário, tudo fazem para tirar do sistema que tanto criticam o que
melhor puderem obter para si.
Em suma, discutir o mercado de trabalho, novas tendências e tecnologias
no florescimento da Economia 4.0 sem considerar essas tipicidades da realidade
das gerações Y e Z, os millennials, que já ascendem e ascenderão às direções
das organizações e dos governos na sociedade globalizada, é "querer tapar
o sol com a peneira", é querer buscar refrigérios para as questões
candentes que, de fato, são as causas reais das circunstâncias em que já
vivemos e vamos viver no futuro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário