Não estamos muito
distantes de mais um processo eleitoral majoritário, de suma importância para a
continuidade do governo do Partido dos Trabalhadores (PT) ou a ascensão ao
poder dos hoje autoproclamados partidos de oposição (são mesmo?).
De um lado, o
Partido Socialista Brasileiro (PSB), cujo candidato é o ex-governador de
Pernambuco Eduardo Campos, tendo como vice a ex-senadora Marina Silva. De outro
lado (será?), o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), cujo candidato
é o senador e ex-governador mineiro Aécio Neves (o vice será José Serra?!).
Seja como for, a
proximidade da eleição e o fato de estar em viagem pelo Velho Continente me
fizeram recordar uma crise real e um roteiro cinematográfico absolutamente
fictício, em que um vingador solitário e ardiloso busca eliminar o controle
central exercido pelo governo.
É marcante, no filme V de Vingança, a cena final
em que o Parlamento inglês vai para os ares, em uma sequência de explosões,
como expressão da liberdade de uma sociedade oprimida e controlada.
A crise que me veio
à mente foi a da União Europeia, desde 2008 às voltas com o declínio de suas
economias, com aumento expressivo nos índices de desemprego, baixo poder de
reação por conta da fragilidade das contas públicas, resultado, em boa parte,
de uma política de bem-estar social levada aos extremos.
Ou os governos
socialistas dos últimos 20 anos não criaram programas sociais que, sem o
respectivo incremento de arrecadação, comprometeram suas economias ao ponto de
não terem como reagir à crise mundial? Exceção à regra foi a Alemanha, sempre
mais responsável e com programas sociais muito mais modestos que os de seus
vizinhos franceses, espanhóis, italianos e portugueses, para não falarmos na Grécia,
que por pouco não entrou em colapso.
Não há almoço
grátis! Se queremos um Estado protetor, trabalhar 36 horas por semana, ter saúde de excelência e educação de qualidade,
bolsa família, vale-cultura, salário-desemprego, reforma agrária, enfim, uma
rede de proteção social de primeiríssimo mundo, de duas, uma: ou nos preparamos
para uma crise, que, diga-se de passagem, há muitos anos se avizinha, com
desequilíbrio nas contas públicas e inflação resiliente, ou nos preparamos para
permitir um aumento da já elevada carga tributária, que beira os 40% do PIB.
A resposta que
devemos dar nas urnas é que tipo de sociedade realmente queremos para o Brasil.
E não estou falando desse ou daquele partido, de um ou outro candidato. Falo de
ideologia, de definição clara do papel do Estado, eleito para cumprir o que
nós, sociedade democrática, determinamos.
Queremos um Estado
forte, que tudo pode e tudo dá, desde o respeito às leis e à Constituição até a
efetiva transferência de renda, passando pela manutenção de serviços básicos
(saúde, educação, segurança pública), pela interferência direta no processo
produtivo e empresarial, pelas definições das regras de convívio social,
incentivando ou reprimindo a imprensa – de acordo com sua aderência ou crítica
ao governo – e os movimentos sociais? Um Estado forte, que, no limite, pode
exercer um poder tão concentrado que nos torna meros espectadores e fiéis
seguidores de uma doutrina em que os governantes ditam todas as regras e normas
do convívio social?
Ou queremos um
Estado moderado, mero cumpridor e preservador de um estado democrático de
direito, de liberdades individuais e coletivas mais abrangentes, cujo papel
principal é organizar e regular os mercados, deixando as matrizes do
desenvolvimento para a iniciativa privada, que, embora com todos os seus
defeitos, é, sem dúvida, muito mais eficiente? Queremos um Estado com viés
político mais forte e centralizador, como Cuba e Rússia, ou um Estado mais
liberalizante, como os Estados Unidos e a Inglaterra?
Eu,
particularmente, me alinho mais com aqueles que preferem a segunda alternativa.
Não considero sadia uma sociedade que espera tudo do Estado, para a qual todas
as obrigações cabem ao Estado. Sou partidário da liberdade individual plena,
com as consequências dela advindas. Quero mais, esforço-me mais! Contento-me
com menos, trabalho o necessário! Sem o risco de termos um Estado paternalista
e protetor ao extremo, que ameace, inclusive, nossas liberdades individuais e
coletivas.
Deixemos os fatores
de produção por conta dos empresários, sem favorecimentos. Mais eficiente, a
iniciativa privada gera riquezas e empregos, capazes de sustentar um Estado cumpridor de seu papel de provedor das
necessidades básicas. Em vez de incentivar, pelo voto, a formação de um Estado
todo-poderoso, devemos exigir, com a nada desprezível carga tributária atual, o
cumprimento de suas funções básicas.
Afinal, o papel do
Estado está muito bem definido na Constituição. Basta cumprir o que está
escrito, sem mais nem menos.
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