No capítulo cinco
do Evangelho de Mateus, texto bíblico do Novo Testamento, aparece o início do
famoso Sermão da Montanha de Jesus de Nazaré. Ele proclama nove
bem-aventuranças, que acabam sendo a síntese de toda a sua mensagem da Boa Nova
do Reino de Deus.
Quem são mesmo os
bem-aventurados segundo Jesus?
Valoriza-se muito
hoje a força própria do ter, para assegurar o “reino da Terra”. Mas
bem-aventurados são os “pobres em espírito”, isto é, desprovidos da força
própria do ter, para em Deus ter a força do partilhar. Esses já são na prática
os possuidores do Reino dos Céus.
Valoriza-se muito
hoje a força própria do poder, para assegurar o “terreno ”
como propriedade egoísta. Mas bem-aventurados são os “mansos”, isto é,
desprovidos da força própria do poder, para em Deus ter a força do servir.
Esses serão herdeiros da Terra como dom de Deus colocado a serviço.
Valoriza-se muito
hoje a força própria do aproveitar-se para assegurar unicamente o bem-estar
egoísta. Mas bem-aventurados são os “aflitos”, isto é, desprovidos da força
própria do aproveitar-se, para em Deus ter a força própria do amar. Esses serão
verdadeiramente consolados.
Com essas três “valorizações”
acima, instaura-se um desejo insaciável de injustiça, para acumular sempre mais
força própria do ter, do poder e do aproveitar-se. Mas bem-aventurados são os
“que têm fome e sede de justiça”. Esses serão saciados! Só a justiça, que
provém do partilhar - servir - amar, sacia verdadeiramente.
Valoriza-se muito
hoje a força própria da competição para assegurar a segurança
pessoal - nada de “ser trouxa”. Mas bem-aventurados são os “misericordiosos”.
Esses alcançarão misericórdia.
Valoriza-se muito
hoje a força própria da falsidade, para assegurar a imagem pessoal - nada de
“ser ingênuo”. Mas bem-aventurados são os “puros de coração” - retos de
coração. Esses verão a Deus.
Valoriza-se muito
hoje a força própria da prepotência, para assegurar o direito
próprio - nada de “ser mole ”. Mas
bem-aventurados são os “que promovem a paz”. Esses serão chamados filhos de
Deus.
Novamente com essas
três “valorizações” acima, instaura-se um reino de injustiça que beneficia os
que conseguem mais, os que enganam mais e os que mandam mais. Mas
bem-aventurados são os “que são perseguidos por causa da justiça” lutando pelo
reino da misericórdia, da retidão e da paz. Deles é o Reino dos Céus.
Por isso, Jesus
conclui categoricamente: não somos bem-aventurados quando todos nos aprovam,
aplaudem e bajulam, mas quando nos injuriam, perseguem e falam mal contra nós
por “causa de Dele”. Isso nos faz “alegrar-nos e regozijar-nos, pois será
grande a recompensa nos céus”.
Os que Jesus de
Nazaré proclama bem-aventurados são os que vão na contramão da cultura de hoje.
Mas bem-aventurados são esses bem-aventurados.
Dom Jacinto Bergmann, arcebispo metropolitano da Igreja Católica de
Pelotas.
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