“Confie no seu taco. Repita suas qualidades para si
mesmo, conscientize-se de suas competências”. Quantas vezes você já ouviu esse
tipo de orientação em programas de desenvolvimento de lideranças, treinamentos
de RH ou sessões de coaching? A importância do pensamento positivo sobre si
mesmo – na linha do “eu sou capaz”, “vou conseguir”, “estou preparado” – virou
técnica para melhorar o desempenho profissional desde que foi divulgada a
primeira grande pesquisa acadêmica sobre o tema, em 1988. O estudo, conduzido
pelo psicólogo Claude Steele, da Universiade de Stanford, mostrava que reforçar
as próprias qualidades impactava positivamente na autoestima, na produtividade
e na cooperação entre as pessoas.
Só que agora, depois de 20 anos de reinado, a ideia
está sendo questionada. Uma pesquisa publicada no Journal of Personality and
Social Psychology, em janeiro deste ano (coordenada por Niro Sivanathan, Daniel
C. Molden, Adam D. Galinsky e Gillian Ku), mostra que, além de não melhorar o
desempenho dos participantes, o hábito de autoafirmar seus aspectos positivos
pode criar problemas na hora que algo dá errado e você tem que lidar com a
frustração.
O estudo contou com cobaias que tinham a missão de
separar, um por um, os grãos de arroz. Antes de começarem a tarefa, metade do
grupo foi indicada a fazer uma lista de valores e a responder um questionário
de motivação pessoal. Ao final, o resultado foi o mesmo nas duas turmas:
ninguém conseguiu terminar a atividade no tempo estipulado. Porém, o pessoal
"não-motivado" ficou 11% menos propenso a desistir de repetir a
operação.
A nova conclusão leva a um questionamento: em que
circunstâncias o hábito de reforçar seus pontos positivos vira um autoboicote,
uma maneira de criar uma expectativa excessivamente alta, com grande potencial
de terminar em frustração?
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