O assunto será tema de uma conferência global que o Brasil sediará em
outubro deste ano.
A experiência brasileira na implementação de
políticas de promoção do trabalho decente pode ajudar outros países em
desenvolvimento a alavancar o combate ao trabalho infantil. A avaliação é da
coordenadora do Programa de Cooperação Sul-Sul da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), Fernanda Barreto. Ela acredita que o compartilhamento de
práticas entre países que vivem realidades semelhantes garante uma “resposta
mais efetiva”.
A coordenadora da OIT lembrou que a erradicação da
exploração da mão de obra de crianças e adolescentes é uma preocupação mundial,
principalmente porque o ritmo de queda vem diminuindo em diversos países. O
assunto será tema de uma conferência global que o Brasil sediará em outubro
deste ano. A organização pretende lançar, durante o evento, a sistematização
das boas práticas brasileiras nessa área.
“Quando um país como o Brasil apresenta a nações
com características parecidas uma iniciativa que ele implementou, e tem dado
resultados, a aceitação é muito positiva, porque não é uma troca de cima para
baixo. Não é uma instituição dizendo que aquilo dá certo, mas um
compartilhamento de igual para igual”, disse.
Fernanda Barreto ressaltou o protagonismo
brasileiro na promoção do trabalho decente e enfatizou que as políticas de
transferência de renda condicionadas à frequência escolar são exemplos de
medidas que despertam o interesse de muitos países.
“A erradicação da pobreza contribui em grande
medida para a redução da exploração da mão de obra infantil. Além disso, o
Brasil adota um modelo de inspeção do trabalho infantil e do trabalho forçado
que tem dado resultados excepcionais e contribuído para combater esses tipos de
atividade”, disse.
Ela ressaltou que a OIT promoveu quatro visitas de
intercâmbio por meio do Programa de Cooperação Sul-Sul, desde 2010.
Representantes do Equador, da Bolívia e do Paraguai estiveram no Brasil para
conhecer iniciativas como o Bolsa Família, os programas de capacitação de
adolescentes com idades entre 14 e 16 anos, além da atividade dos auditores e
auditoras fiscais do trabalho, que inspecionam irregularidades em empresas,
inclusive as relacionadas à segurança e à saúde no trabalho.
Também foram apresentadas aos representantes desses
países estratégias no campo da saúde, como a notificação compulsória por
profissionais da área quando veririfam indícios de trabalho infantil durante
atendimento.
Fernanda Barreto ressaltou que a parceria entre o
Brasil e a OIT no âmbito Sul-Sul foi consolidada em 2009, com a assinatura de
um acordo para o desenvolvimento de projetos de cooperação técnica com países da
América Latina e da África.
Além dos programas para eliminação do trabalho
infantil, implementados em países como Equador, Bolívia, Paraguai, Timor Leste,
Angola, Moçambique e Haiti, há ações nas áreas de promoção da proteção social,
erradicação do trabalho forçado, promoção dos empregos verdes e fortalecimento
de organizações sindicais em países africanos de língua portuguesa.
De acordo com a OIT, trabalho infantil é toda forma
de trabalho exercida por crianças e adolescentes abaixo da idade mínima legal
permitida, conforme a legislação de cada país. A Constituição Brasileira
estabelece que, até 16 anos incompletos, meninos e meninas estão proibidos de
trabalhar. A única exceção à proibição é o trabalho na condição de aprendiz,
permitido a partir dos 14 anos, para tipos de atividades que apresentem os
requisitos legais para a aprendizagem profissional.
A OIT estima que 215 milhões de crianças em todo o
mundo são vítimas desse tipo de exploração. Entre 2000 e 2004 houve uma
diminuição de 10% no número de crianças e adolescentes envolvidas no trabalho
infantil. Entre 2004 e 2008, o percentual caiu para 3%, mesmo índice
apresentado pelo Brasil no período. A organização também estima que 1,4 milhão
de crianças e adolescentes com idades entre 5 e 14 anos trabalham no país.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu
como meta a eliminação das piores formas de trabalho infantil até 2016 e de
todas as formas até 2020.
Agência Brasil.
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O grande problema é que o Brasil esta trabalhando muito na parte assistencialista (bolsa família)" da o peixe e não ensina a pescar" e falta fiscalização .
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