terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Depoimento: Nem tudo é como sonhamos...


Sei o duro que é viver com tais conflitos, uns contornáveis, outros quase sem solução. Nos últimos dias senti muito forte que em algum momento receberia sugestões para escrever sobre as famílias que vivem situações mais difíceis com doenças dos filhos, comportamentos inadequados pelo uso de drogas e consequente abandono do percurso natural do estudo.

Pensei sobre isso porque, realmente, costumo escrever muito sobre famílias com problemas mais contornáveis e onde mesmo com percalços os planos andam. Para algumas pessoas parece que não estou percebendo as dificuldades de outros e os conflitos intensos que vivem.

Pois bem, o e-mail chegou e impulsionou esta escrita... Há 33 anos trabalho como psicóloga clínica e diariamente me defronto com o drama real das pessoas com suas dores, perdas, desentendimentos, casamentos inadequados, brigas, filhos com desajustes e doenças mentais e físicas. Sei o duro que é viver com tais conflitos, uns contornáveis, outros quase sem solução.

 Pais à procura de um diagnóstico para seus filhos, que demora a chegar, medicações, internações e toda uma preocupação com o futuro e dependência dessas crias que continuarão presas aos pais, pela incapacidade de viverem com autonomia.

Doenças psíquicas como bipolaridade, esquizofrenia, depressão, transtornos de personalidade, psicopatia e outros tantos quadros sérios e com prognóstico preocupante, sem perspectiva. Nestas famílias os planos caem, despencam e o convívio intenso, as angústias, as dificuldades de adaptação nos ambientes sociais como escola começam a não ocorrer de maneira adequada trazendo reclamações, provocando outros problemas e envolvendo todos os membros de uma família.

 Todos passam a adoecer! Todos se enredam com os mesmos sintomas! Mas, nem todos filhos voam, ficam ao pé das mães e dos pais, apresentam problemas comportamentais, podem desenvolver doenças muito sérias e dependência continua.

Os ninhos não ficam vazios, como seria o mais adequado, e pior, quando saem os pais ficam cheios de angústia e preocupação, como é o caso dos filhos usuários de drogas.

O sofrimento dessas famílias é grande, as mudanças possíveis nem sempre são duradouras e o avanço sempre está atrelado aos retornos e a estaca zero. Não é fácil! Os casais, muitas vezes, se separam e as mulheres ficam sozinhas com seus filhos.

A assistência com saúde é uma caminhada longa, cansativa e a esperança se perde. Cada um tem uma história com personagens diferentes e com surpresas boas e desagradáveis... Saibam que eu compreendo, me envolvo com essas dores, mas também uso meus mecanismos para me manter mais saudável e um deles é minha escrita e minha maneira de ver a vida com um olhar de esperança. Não é fácil ser pais! Não é fácil constatar que nem tudo é como sonhamos...

Por: Marlise Flório Real.

Situação complicada. Comente sobre o assunto...

Um comentário:

  1. Infelizmente é assim. ás vezes que me dera que tudo fosse como sonhásse-mos. Ficaríamos mais felizes.

    ResponderExcluir