Com aproximadamente
9.200.000 km² de extensão, o Saara, considerado o maior deserto do planeta, se destaca por ser uma região
inóspita e árida, com precipitação anual entre 35 e 100 milímetros de chuva e
uma elevada amplitude térmica, variando entre 50 °C durante o dia e -10 °C
durante a noite. Mas nem sempre o local deteve essas propriedades, e novos
estudos estão reconstruindo o que o Saara era há milhares de anos.
Pesquisadores da
Universidade de Estocolmo, na Suécia, e das universidades de Columbia e do
Arizona, nos Estados Unidos, se aprofundaram nos estudos sobre a época do
“Saara verde”, datada de 10 mil anos atrás. Essas pesquisas tiveram como base a
análise de sedimentação marinha para a compreensão do padrão de chuvas, e indicaram que, anteriormente, a frequência de chuvas
era cerca de 20 vezes mais intensa que atualmente, registrando médias
superiores em quase 2 mil milímetros.
A divergência entre os padrões seria motivada pela existência de uma vegetação semelhante à do Senegal, país na costa oeste da África, mais especificamente no Sahel, faixa de 5,4 mil km de extensão e protegida por um cinturão verde de flora altamente diversificada. Dessa forma, as condições essenciais de vida permitiam que a região fosse habitada por gnus e gazelas, além de ter pastagens na porção norte da Mauritânia.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Além disso,
evidências fósseis deixadas por assentamentos humanos exibiam, em pinturas
rupestres, imagens de girafas e registros de grandes faunas, como savanas,
pradarias e bosques. Aparentemente, crocodilos, elefantes e hipopótamos viviam
na região, e também peixes de diversas espécies.
O que pode ter acontecido?
Há cerca de 9 mil anos,
quando o Sol do verão contribuiu com a desertificação do Saara, no fim do
período Glacial, o deserto viu o fortalecimento das chuvas de monções e o
aumento da precipitação, mas a um preço que logo intensificaria a aridez.
Muitos cientistas concordam que um fenômeno cíclico de maior ou menor insolação
tenha transformado a área verde em desértica subitamente, em um dramático
fenômeno de mudança climática.
Em contrapartida,
estudos mais recentes sugerem que a ação humana foi determinante para a
desertificação do Saara, em especial após o surgimento do primeiro pastoreio,
que resultou na retirada da camada de vegetação e no consequente efeito de
reflexo de luz (albedo), interferindo diretamente nas condições climáticas, há
6 mil anos.
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