Transmitido
por um mosquito já bem conhecido dos brasileiros, o Aedes aegypti, o vírus Zika
começou a circular no Brasil, em 2014, mas só teve os primeiros registros
feitos pelo Ministério da Saúde em maio de 2015.
O que se sabia sobre a doença,
até o segundo semestre deste ano, era que sua evolução é benigna e que os
sintomas são mais leves do que os da dengue e da febre chikungunya, também,
transmitidas pelo mesmo mosquito.
Porém, no
dia 28 de novembro, o Ministério da Saúde confirmou que quando gestantes são
infectadas por este vírus podem gerar crianças com microcefalia, uma
malformação irreversível do cérebro, que pode vir associada a danos mentais,
visuais e auditivos.
A chegada
do vírus ao Brasil elevou o número de nascimentos de crianças com microcefalia
de 147, no ano passado, para mais de duas mil crianças este ano. Por enquanto,
na maioria destes casos, a relação com o Zika ainda está sendo investigada.

Vírus Zika
Foi
identificado, pela primeira vez, na África, na década de 1940 e, desde então,
ficou restrito a pequenas aldeias. Chegou a circular fora do continente
africano, porém, nunca de forma intensa. A partir do ano passado, depois da Copa
do Mundo, começaram a surgir relatos de que o vírus teria chegado ao Brasil. Em
maio de 2015, o Ministério da Saúde registrou os primeiros casos, porém, como a
doença não tem notificação obrigatória e os laboratórios não têm estrutura para
fazer testes em todos, os registros são menores do que o número real de
infectados.
Prevenção
Não
existe vacina contra o Zika, e o desenvolvimento deste produto pode levar mais
de dez anos. Até lá, a única forma de prevenir é evitando o mosquito,
destruindo os criadouros, as larvas e usando repelentes.
A Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) esclareceu, no começo do mês, que não
há impedimento para que grávidas usem repelentes, desde que estejam registrados
na própria agência reguladora e que sejam seguidas as instruções do rótulo.
Estudos
indicam que o uso tópico desse produto, ou seja, direto na pele, à base de DEET
(o n,n-Dietil-meta-toluamida) por gestantes é seguro. A Anvisa alerta, no
entanto, que tais produtos não devem ser usados em crianças menores de 2 anos.
Em crianças entre 2 e 12 anos, a concentração dever ser, no máximo, 10%, e a
aplicação deve se restringir a três vezes por dia. Concentrações superiores a
10% são permitidas para maiores de 12 anos.
Transmissão
Assim com
o vírus chikungunya e o da dengue, o Zika é transmitido pelo mosquito Aedes
aegypti. Cientistas já relataram um caso de transmissão da doença pelo sêmen e,
também, registraram a presença do vírus no leite materno, porém, no momento, o
Ministério da Saúde só reconhece a transmissão via mosquito. Esta semana, o
secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Alberto Beltrame, disse
que as mães que tiveram Zika podem amamentar seus filhos normalmente.
Foi
registrada ainda uma transmissão do vírus por transfusão de sangue, de doador
para receptor. O Ministério da Saúde diz que todas as formas de transmissão são
alvo de pesquisa e que tudo ainda é muito recente e inédito, o que demanda
estudos amplos.
Diagnóstico
O vírus
pode ser detectado pelo exame PCR que deve ser feito entre o quarto e o sétimo
dia, depois do início dos sintomas, sendo, entretanto, ideal que o material
seja examinado até o quarto dia.
Atualmente,
estão capacitados para realizar os exames os Laboratórios Centrais dos
seguintes estados: Bahia, Amazonas, Alagoas, Goiás, Pará, Paraná, Pernambuco,
Rio de Janeiro, Sergipe, Rio Grande do Norte e Distrito Federal.
As
gestantes e recém-nascidos com suspeita da doença são prioridades na testagem.
O Mistério da Saúde esclarece que, ainda, não há condições de fazer a testagem
universal para o vírus Zika. Essa limitação não é apenas brasileira, mas de
todos os países, já que não existe um teste em larga escala para a doença.
Não
existe, ainda, teste de sorologia para o Zika, que é o exame que permite saber
se a pessoa já esteve infectada pelo vírus. Os laboratórios, no entanto, dizem
que o exame já está sendo desenvolvido. A sorologia é uma ferramenta importante
para detectar, se as mães de crianças com microcefalia já tiveram a doença.
Sintomas
Segundo o
Ministério da Saúde, 80% dos infectados pelo Zika não apresentam sinais da
doença. Enquanto isso, os outros 20% podem ter febre baixa, dores leves nas
articulações, coceira no corpo, olhos vermelhos e quase sempre têm manchas
vermelhas na pele. Os sintomas costumam durar de três a sete dias.
Segundo o
Instituto Oswaldo Cruz, a infecção pelo Zika pode ocasionar, ainda,
complicações neurológicas que debilitam músculos, porém, são raros os casos.
Surgiram boatos nas redes sociais de que crianças com menos de sete anos teriam
mais chances de desenvolver estas complicações, porém, o Ministério da Saúde
não diferencia as possibilidades por faixa etária, ou seja, pessoas de todas as
idades têm as mesmas chances de apresentar sintomas mais graves, porém, são
casos raros.
Tratamento
Não
existe tratamento específico para a infecção por Zika, assim como para dengue e
chikungunya, segundo o Ministério da Saúde. O tratamento recomendado para os
casos sintomáticos de Zika é baseado no uso de acetaminofeno (paracetamol) ou
dipirona, para o controle da febre e manejo da dor. No caso de manchas
vermelhas com coceira, os anti-histamínicos podem ser indicados. No entanto, é
desaconselhável o uso de ácido acetilsalicílico e outras drogas
anti-inflamatórias, devido ao risco aumentado de complicações hemorrágicas
descritas em infecções semelhantes.
Microcefalia
A
microcefalia é uma malformação do cérebro que pode ter diversas origens, como
infecção por toxoplasmose, pelo citomegalovírus e, mais recentemente, como foi
confirmado, também pelo vírus Zika. O uso de álcool e drogas durante a gravidez
também pode causar a malformação.
Há também
casos em que há predisposição genética para a microcefalia, durante a formação
da criança no ventre da mãe. Estas são as que têm menos comprometimentos associados
à malformação.
A
característica central da microcefalia, como o próprio nome sugere, é a cabeça
pequena, ou seja, o bebê nasce com o perímetro cefálico menor do que o da
maioria. O diagnóstico inicial é feito com uma trena, com a qual se faz a medida
do contorno da região logo acima dos olhos.
O novo
protocolo do Ministério da Saúde, lançado esta semana, preconiza que se o
perímetro for igual a 33 centímetros ou menor, é recomendado fazer uma
Ultrassonografia Transfontanela e, se este exame der indícios de que o crânio
está selado, a criança passará por uma tomografia.
O novo
protocolo também preconiza exames que detectem comprometimento auditivo e
visual, que também podem estar associados à microcefalia. O documento determina
ainda o acompanhamento de crianças com a malformação do nascimento até os três
anos. Quanto mais cedo as crianças começarem o tratamento, melhor o
desenvolvimento.
Outros
boatos em redes sociais e em aplicativos de mensagens diziam que o aumento de
casos de microcefalia no Nordeste foi causado pelo uso de um lote de vacinas
contra rubéola que estava vencido. Esta semana, no entanto, o ministro da
Saúde, Marcelo Castro, desmentiu a afirmação.
Síndrome de Guillain-Barré
O vírus
Zika, assim como outros agentes infecciosos, pode desencadear a Síndrome de
Guillain-Barré. Trata-se de uma reação muito rara a agentes infecciosos, como
vírus e bactérias, e tem como sintomas a fraqueza muscular e a paralisia dos
músculos.
Assim
como todas as possíveis consequências do Zika, a ocorrência da Guillain-Barré
relacionada ao vírus continua sendo investigada.
Os
sintomas começam pelas pernas, podendo, em seguida, irradiar para o tronco,
braços e face. A síndrome pode apresentar diferentes graus de agressividade,
provocando leve fraqueza muscular em alguns pacientes ou casos de paralisia dos
membros.
O
principal risco provocado por esta síndrome é quando afeta músculos
respiratórios. Nesse caso, a síndrome pode levar à morte, se não forem adotadas
medidas de suporte respiratório.
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