A crise está instalada. Os pontos de catástrofes são anunciados
por indícios naturais, mas não reconhecidos pelos que pautam seus projetos pela
ganância e, arrogantes, não concordam com as projeções dos especialistas em
meio ambiente, que conseguem prever os desequilíbrios ambientais causados por
impactos de difícil mitigação.
Os sistemas ambientais têm suas leis e regras que determinam um
equilíbrio dinâmico que, caso seja alterado pela atividade humana, entrará em
processo de reorganização (seris é o termo técnico), que não será
obrigatoriamente o mesmo equilíbrio original, nem será o que mais atenderá as
conveniências humanas.
As intervenções, contestadas pelos que, entendendo das questões
científicas, alertam sobre os malefícios destas medidas que promovem alterações
profundas na estrutura física do meio ambiente, são imediatamente desaprovadas
como se estivessem contra o progresso.
Na construção de estradas, por exemplo, os cuidados com meio têm
que ser redobrados para que o fluxo da água, tanto de superfície como
subterrânea, não seja alterado de modo a impedir alternativas melhores do que
as de procurar retorno aos caminhos originais, irresponsavelmente
interrompidos, vencendo todas as resistências.
Por acaso, ou não, as crises ambientais coincidem com as crises
sociais, políticas e econômicas, se a lama toma conta do ambiente, também toma
conta da política e dos políticos. Uma das hipóteses é de que há uma conexão
entre todas as ações humanas, entre as variações ambientais e entre ambas
(humanas e ambientais).
Se comprovada esta hipótese, teremos que trabalhar estas
questões de forma integrada e harmônica, por exemplo, o desmatamento do Centro
Oeste e do Norte interfere no ciclo de chuvas, nos mananciais das bacias
hidrográficas do Sudeste e Sul, daí alterações na oferta de energia das
hidrelétricas, aumento do custo da mesma por aumento da oferta do produto das
termoelétricas e aí por diante...
Quando se diz que há desrespeito aos princípios da
"complexidade", (complexus = tecer junto) que exige respeito às
partes, mas sempre com o olhar voltado para o todo, crescem as reações de
mesquinhos interesses pessoais ou de pequenos grupos (mas muito fortes
economicamente) que tentam desqualificar estas ideias. Não entendem, em razão
da própria mesquinhez, que recuperar o ambiente, reequilibrando-o, sairá muito
mais caro, se isto ainda for possível!
É importante reforçar que não estamos falando em "política
da crise", como alguns tentam transformar a "crise na política",
que tem outras causas, inclusive a de querer esconder a crise
ambiental/social/econômica/política através de argumentos discutíveis.
Esconder uma crise é o mesmo que aprofundá-la. Um governante tem
obrigação de dar ciência da existência dos problemas e enfrentá-los em conjunto
com a população produzindo políticas públicas de estado e, principalmente,
conectar estas políticas públicas umas com as outras para que se construa uma
rede sólida, permanente e sustentável, que possa enfrentar as crises futuras em
condições de solucioná-las...sem a valorização equivocada da "política da
crise"...
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